Ator destaca hipocrisia do ex-presidente e relaciona censura a sua nova produção
No mais recente desfile de estrelas do Festival de Cinema de Londres, o ator Sebastian Stan, famoso por seu papel como Bucky Barnes no universo cinematográfico da Marvel, manifestou sua indignação em relação ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no lançamento do filme ‘The Apprentice’. Esta produção, dirigida por Ali Abbasi, narra a ascensão de Trump ao poder durante as décadas de 1970 e 1980 em Nova York, com Stan interpretando o papel do magnata imobiliário que posteriormente se tornaria um político republicano. Durante a sessão de estreia do filme, que ocorreu no BFI London Film Festival, Stan não se conteve ao acusar Trump de hipocrisia, ao mesmo tempo em que alegou que o ex-presidente tenta censurar a produção.
Na cerimônia realizada no Royal Festival Hall, em Londres, o elenco e a equipe de produção, incluindo Jeremy Strong no papel de Roy Cohn, mentor de Trump, e o roteirista Gabriel Sherman, brilharam no tapete vermelho. Ao ser questionado sobre a possibilidade de que a estreia do filme, próxima às eleições presidenciais nos Estados Unidos, pudesse influenciar os eleitores, Stan expressou sua esperança de que as pessoas busquem um entendimento mais profundo sobre a figura de Trump. Ele enfatizou que vivemos em um mundo onde as opiniões são amplamente disseminadas nas redes sociais, fazendo com que muitos aceitem visões de mundo sem questionar a veracidade das informações. Stan pediu que o público reflita de maneira crítica e se pergunte se verdadeiramente conhece e confia na liderança de Trump.
O ator não hesitou em exprimir seu descontentamento com relação à tentativa de censura do filme por parte de Trump. Ele destacou que, enquanto o ex-presidente se proclama defensor da liberdade de expressão, suas ações demonstram um comportamento contraditório. Para Stan, isso ilustra a hipocrisia que permeia a personalidade pública de Trump, enfatizando que as questões políticas devem ser postas de lado na análise do filme conduzirá os espectadores a questionarem: “Você confia realmente neste homem?”. A abordagem direta e provocativa do ator reflete não apenas sua preocupação com os impactos sociais da arte, mas também uma crítica à forma como o ex-presidente interage com a mídia e o entretenimento.
‘The Apprentice’ estreou em aproximadamente 1.700 cinemas nos Estados Unidos no último fim de semana, após sua pré-estreia no Festival de Cannes, onde recebeu uma ovação de oito minutos. No entanto, sua recepção inicial nas bilheteiras foi decepcionante, arrecadando apenas 1,6 milhão de dólares, o que provocou uma resposta agressiva de Trump nas redes sociais. Ele chamou o filme de “falso e sem classe”, condenando a produção como uma tentativa de atacar o que ele considera o “maior movimento político da história do nosso país”. Mesmo sem ter visto o filme, a reação explosiva de Trump demonstra sua preocupação com a narrativa que o filme pode criar em torno de sua figura pública e sua trajetória política.
Reações e expectativas em torno da produção cinematográfica
Gabriel Sherman, roteirista do filme, comentou sobre a reação de Trump, afirmando que não é surpreendente, dado o histórico de ataques do ex-presidente a críticas e dissidências. Ele fez uma analogia com uma das primeiras lições de estratégia política que Trump recebeu de Roy Cohn: “ataque, ataque, ataque”. De acordo com Sherman, muitos que trabalharam na campanha de Trump em 2016 afirmaram que o ex-presidente seguia as lições de Cohn, que sempre priorizava uma posição agressiva frente ao adversário. Para os realizadores do filme, a meta é revelar como Trump perpetua o legado de Cohn em sua abordagem política e midiática.
Com o pano de fundo das eleições de 2024 se aproximando, ‘The Apprentice’ busca colocar em evidência não apenas a figura de Trump, mas também as complexidades que a cercam. A obra desafia os espectadores a refletirem sobre suas próprias crenças e garantias democráticas, com a expectativa de gerar uma conversa mais ampla sobre a política contemporânea. Em um momento onde a divisão política é mais acentuada do que nunca, produções cinematográficas como ‘The Apprentice’ possuem o potencial de abrir espaço para um diálogo crítico e introspectivo entre os espectadores. Ao final, a pergunta central permanece: é possível confiar em figuras que tentam censurar a verdade ao invés de confrontá-la? A obra de Abbasi se apresenta como um convite à reflexão e ao questionamento.