A Netflix, líder global no mercado de streaming, está pronta para divulgar seus resultados financeiros do terceiro trimestre de 2024 na próxima quinta-feira, 17 de outubro. Com a expectativa em alta entre os investidores, a pergunta que permeia o ambiente financeiro é: a gigante do entretenimento irá atender às expectativas de crescimento ou a discussão sobre seu desempenho acionário se tornará acirrada? Sob a liderança dos co-CEOs Ted Sarandos e Greg Peters, além do presidente executivo Reed Hastings, a empresa vem apostando em uma diversificada gama de conteúdos originais, que vão desde romances a dramas emocionantes. Entre os destaques desse período estão as novas temporadas de sucessos como “Emily em Paris”, “The Umbrella Academy”, e os lançamentos de “Beverly Hills Cop: Axel F” e “A Good Girl’s Guide to Murder”.
Com 277,65 milhões de assinantes globais ao final de junho, a Netflix adicionou 9,33 milhões de novos usuários no primeiro trimestre e 8,05 milhões no segundo. Contudo, as previsões da administração indicam que os acréscimos líquidos de assinantes no terceiro trimestre não chegarão aos números do ano anterior, quando a empresa registrou um crescimento de 8,76 milhões. Os analistas de Wall Street permanecem, em sua maioria, otimistas em relação à plataforma, com muitos elevando suas metas de preço para as ações da companhia. Entretanto, há algumas vozes que expressam preocupação sobre se o valor das ações não ficou excessivamente elevado em virtude dos ganhos acumulados até este momento no ano. De acordo com análises, as ações da Netflix subiram 12% desde a divulgação dos resultados do segundo trimestre, e 48% no acumulado do ano, em contrapartida ao crescimento de 21% do índice S&P 500, sugestão de que a plataforma continua sólida no mercado.
O analista Doug Anmuth, do JPMorgan, expressou uma visão positiva em relação ao potencial de crescimento das ações da Netflix, mesmo reconhecendo as expectativas elevadas. Ele manteve a classificação de “overweight” e estabeleceu um preço-alvo de $750 para as ações. Anmuth projeta que a Netflix pode continuar a aumentar sua receita em taxas de crescimento de dois dígitos nos próximos anos, contribuindo para uma expansão das margens de lucro e um crescimento sustentável do fluxo de caixa livre. Por outro lado, o analista John Blackledge, da TD Cowen, também reafirmou a recomendação de compra e elevou sua meta de preço para $820, prevendo acréscimos líquidos de assinantes superior aos 3,9 milhões esperados pelo consenso de Wall Street, devido a fatores como o impacto positivo da cobrança por compartilhamento de senhas e uma maneira de monetização do serviço de publicidade. Blackledge enfatizou que a Netflix ainda mantém a liderança como a plataforma de streaming escolhida pelos consumidores.
Entretanto, a avaliação da Barclays sobre a situação da empresa não foi tão favorável; o analista Kannan Venkateshwar rebaixou a recomendação das ações de “equivalente ao peso” para “baixo peso”, mantendo sua meta de preço em $550. As preocupações apontadas referem-se à viabilidade do crescimento financeiro da empresa em comparação ao valor de mercado. Em seu relatório, Venkateshwar argumentou que a avaliação premium das ações da Netflix depende de um crescimento contínuo da receita, que poderia se tornar mais desafiador no futuro. Ele alerta que as recentes iniciativas como a repressão ao compartilhamento de senhas podem estar criando expectativas irreais entre os investidores e que, para compensar uma possível desaceleração nos preços e crescimento de assinantes nas maiores regiões contribuintes da Netflix, a empresa precisa acelerar rapidamente o crescimento de sua receita publicitária.
No mesmo cenário, o analista Matt Farrell, da Piper Sandler, decidiu atualizar sua recomendação para “overweight”, aumentando sua meta de preço para $800. Ele considera que a posição de liderança da Netflix no setor de streaming justifica a alta de preços, e sugere que as metas de margem da empresa para 2025 e 2026 podem ser consideradas conservadoras. O analista Michael Morris, da Guggenheim, também manteve uma perspectiva otimista, aumentando seu alvo de preço de $735 para $810, com base no potencial de crescimento futuro dos assinantes e na expansão das receitas publicitárias.
Por fim, o analista Jeff Wlodarczak, conhecido como o maior otimista da Netflix entre os analistas, subiu sua previsão de preço para $900 e reiterou sua recomendação de compra, apontando para uma capacidade crescente de gerar crescimento sólido de assinantes e expansão de margem. Um dos aspectos destacados por Wlodarczak refere-se à sólida performance da Netflix em face de um ambiente competitivamente desafiador, reforçando sua posição como líder global em streaming pago. A expectativa de que o número total de assinantes possa chegar a 384 milhões até 2030 é um indicativo do potencial que o mercado ainda reserva para a empresa.
Em síntese, o próximo relatório de resultados financeiros da Netflix poderá não apenas fornecer uma visão crucial sobre o futuro da empresa, mas também destacar o ambiente turbulento e, por vezes, otimista que a rodeia. As análises contrastantes entre os especialistas revelam a complexidade das expectativas em relação ao desempenho financeiro da plataforma. Enquanto alguns apostam em um crescimento robusto, outros levantam questões sobre as premissas que sustentam essas expectativas, o que pode resultar em um ambiente de investimentos volátil nas próximas semanas. Assim, todos os olhares estarão voltados para a divulgação do relatório no dia 17 de outubro e para o que a direção da empresa tem a comunicar sobre o andamento de suas operações e planos futuros.