Em um desdobramento significativo de um caso já complexo, dois trabalhadores eleitorais da Geórgia, Ruby Freeman e Shaye Moss, avançam com a solicitação para que um juiz federal considere Rudy Giuliani em desacato judicial. Essa ação ocorre após a dupla ter vencido um processo massivo contra o ex-advogado de Donald Trump, considerando que ele os difamou com alegações infundadas sobre fraudes eleitorais após as eleições de 2020.
A nova interação no tribunal foi formalizada na manhã de quarta-feira e representa um novo desafio legal para Giuliani, que tem enfrentado repercussões contínuas por suas tentativas de propagar teorias conspiratórias relacionadas a fraudes de votos. Os registros mostram que, apesar de um julgamento anterior que resultou em uma indenização substancial de 150 milhões de dólares a favor de Freeman e Moss, Giuliani tem persistido em suas declarações caluniosas.
Freeman e Moss alegam que Donald Trump ainda continua a reafirmar informações prejudiciais sobre elas em suas transmissões noturnas, desafiando diretamente as ordens judiciais que proíbem esse tipo de comportamento. Esta situação eleva questionamentos sobre a responsabilidade e a ética na comunicação pública, especialmente em um contexto tão sensível quanto o eleitoral.
A alegação de desacato e os desdobramentos legais
No pedido formal ao juiz Beryl Howell no tribunal do Distrito de Columbia, os advogados de Freeman e Moss afirmaram: “Emitir ordens de desacato é essencial para garantir que atos de desobediência à justiça não sejam tolerados”. Eles argumentam que Giuliani violou um injunção permanente à qual ele consentiu menos de um ano atrás, a qual o proíbe de repetir suas declarações caluniosas sobre as duas mulheres. Essa injunção foi um aspecto crucial do acordo a que Giuliani se comprometeu após a condenação por difamação.
Os advogados ressaltaram suas preocupações com as afirmações feitas por Giuliani durante os programas noturnos, onde ele alegou que ocorreram fraudes de contagem de votos, incluindo a contagem de cédulas múltiplas e supostas manobras para alterar os resultados das eleições. Entretanto, os apelos à justiça foram firmes ao apontarem para a realidade de que não houve conspiração em Georgia para mudar os votos contra Trump em 2020, um estado no qual ele perdeu de forma apertada.
O impacto das alegações de Giuliani se estendem além das ciências jurídicas e alcançam o tecido social, uma vez que podem influenciar a percepção pública e a confiança nas instituições democráticas. As alegações de fraude que foram desmanteladas não apenas afetam diretamente Freeman e Moss, mas também instigam uma onda de desconfiança nas eleições e nos processos eleitorais em geral.
A resposta de Giuliani e as possíveis consequências
Giuliani, em sua edição de 12 de novembro, reconheceu que poderia enfrentar mais consequências legais e comentou sobre a situação: “Sinto muito que eles vá me processar novamente por eu estar dizendo a verdade”. O advogado de Giuliani, Joseph R. Cammarata, defendeu seu cliente, alegando que as tentativas de Freeman e Moss têm como objetivo silenciar Giuliani e impedir que ele tenha uma defesa robusta. Cammarata declarou: “Não vamos permitir que isso aconteça nos Estados Unidos. Não é quem somos”.
O juiz Howell, responsável por esta recente solicitação, estabeleceu que Giuliani tem até 2 de dezembro para responder e descrever quais sanções apropriadas ele recomendaria para garantir a conformidade com o acordo que ele aceitou há seis meses. Ela convocou uma audiência para 12 de dezembro, na qual Giuliani deve comparecer pessoalmente em seu tribunal, em Washington, D.C.
Com uma trajetória legal tumultuada, Giuliani poderá enfrentar sanções ainda mais severas caso o tribunal decida a favor de Freeman e Moss novamente. Lembrando que Howell já havia presidido o julgamento em que um júri constatou que Giuliani deveria indenizá-las por difamação. Esse julgamento é emblemático não apenas para as partes envolvidas, mas para um potencial reexame das repercussões das falas de figuras públicas em questões eleitorais sensíveis.
A saga de Giuliani, marcada pela perda de seu apartamento em Nova York, avaliado em 6 milhões de dólares, e de outros bens valiosos como anéis do campeonato da World Series, coloca em evidência as ramificações legais e as consequências sociais que podem surgir a partir de alegações não fundamentadas no âmbito da política. As tentativas das trabalhadoras eleitorais de contornar a negação constante da verdade e buscar justiça devem servir como um exemplo para a responsabilidade na comunicação pública e o respeito às instituições democráticas.
Enquanto a audiência de dezembro se aproxima, o desfecho deste caso pitoresco prometerá revelar não apenas a tenacidade de Freeman e Moss, mas também a determinação de Giuliani em navegar pelo labirinto jurídico que ele próprio ajudou a criar. Será que Giuliani aprenderá sua lição, ou continuará a desafiar a justiça? Apenas o tempo dirá. O importante é lembrar que cada voz na democracia deve ser respeitada e uma verdade não dita pode causar danos irreparáveis.