A recente indiciamento de Gautam Adani, um dos bilionários mais influentes do mundo e presidente do Adani Group, traz à tona questões sérias sobre corrupção e fraudes no setor energético indiano. Adani, que já figurou entre as pessoas mais ricas do planeta, agora enfrenta acusações que podem manchar sua reputação e impactar a confiança dos investidores em seu conglomerado. As autoridades dos Estados Unidos revelaram um esquema de suborno que, segundo os promotores, envolveu a tentativa de enganar investidores enquanto se trabalhava para garantir contratos bilionários com o governo indiano.
Com 62 anos, Gautam Adani foi formalmente indiciado na quarta-feira, recebendo acusações de fraude de valores mobiliários e conspiração para cometer fraudes tanto de valores mobiliários quanto de comunicações eletrônicas. O emblemático projeto de energia solar da Adani Green Energy Ltd. é o núcleo do caso, que envolve a venda de 12 gigawatts de energia solar ao governo indiano. Essa quantidade é suficiente para fornecer eletricidade a milhões de residências e estabelecimentos comerciais em toda a Índia, o que só incrementa a gravidade das alegações.
A **declaração de acusação** apresenta uma narrativa complexa, onde Adani e seus co-réus são acusados de jogar com as duas pontas do negócio: ao mesmo tempo em que apresentavam o projeto como uma operação transparente e promissora para investidores de Wall Street, estavam no fundo comprometendo cerca de **US$ 265 milhões** em subornos pagos a funcionários públicos indianos. Este atrativo quadro enganosamente otimista contrastava com a realidade de corrupção que, se comprovada, poderia resultar em severas consequências legais e financeiras.
De acordo com a **Deputada Assistente do Procurador Geral** Lisa Miller, o objetivo do esquema era “obter e financiar enormes contratos de fornecimento de energia do estado através de corrupção e fraude, em detrimento dos investidores americanos”. O Departamento de Justiça dos EUA colocou em marcha um conjunto de ações civis e penais contra Adani e seus co-réus, incluindo sua sobrinha, Sagar Adani, que é o diretor executivo do conselho da Adani Green Energy, e Vneet Jaain, que ocupou o cargo de CEO da empresa de 2020 a 2023.
Além da ação penal, a **Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos EUA** (SEC) também processou os Adani e seus co-réus, alegando violação das disposições antifraude das leis de valores mobiliários dos Estados Unidos. A SEC busca imposição de multas e outras sanções apropriadas, um passo que pode pressionar ainda mais a já considerada frágil reputação do grupo.
Os processos foram protocolados no tribunal federal do Brooklyn. Surpreendentemente, os registros de tribunal online não listaram um advogado que pudesse falar em nome de Adani. Um pedido de comentário feito a um dos órgãos de seu conglomerado, o Adani Group, não recebeu resposta imediata, assim como aqueles feitos aos advogados dos co-réus. O advogado de Sagar Adani, Sean Hecker, optou por não comentar, deixando em aberto questões sobre a defesa que será apresentada em relação a essas alegações sérias.
Em meio a essas alegações, Sanjay Wadhwa, diretor em exercício da Divisão de Execução da SEC, observou que os Adani estavam envolvidos em práticas enganosas para convencer investidores de que a Adani Green tinha um programa robusto de compliance contra suborno, quando, na verdade, gerenciava e realizava pagamentos ilícitos. Um cenário que se torna cada vez mais complicado quando se considera que Gautam Adani, segundo o Bloomberg Billionaires Index, ocupa atualmente a 19ª posição na lista das pessoas mais ricas do mundo, com um patrimônio líquido estimado em impressionantes **US$ 85,5 bilhões**. Vale a pena notar, no entanto, que sua fortuna já foi significativamente maior: em 2022, chegou a ultrapassar **US$ 146 bilhões**, quando ele se tornou brevemente a segunda pessoa mais rica do mundo, superando até mesmo Jeff Bezos.
Historicamente, Adani construiu sua fortuna primordialmente no setor de carvão na década de 1990. Com o tempo, o Adani Group se expandiu para tocar diversas esferas da vida indiana, que vão desde a fabricação de equipamentos de defesa até a construção de estradas e a venda de óleo de cozinha. Contudo, nos últimos anos, a estratégia do empresário tem se voltado para o investimento em energias renováveis, alinhando-se a uma filosofia de crescimento sustentável que é claramente refletida em seu slogan: “Crescimento com Bondade”.
Entretanto, o cerne das operações do Adani Group foi severamente abalado no último ano quando uma empresa financeira baseada nos EUA acusou o grupo de “manipulação descarada de ações” e “fraude contábil” em um relatório amplamente divulgado. O Adani Group imediatamente rejeitou essas alegações, descrevendo-as como uma combinação maliciosa de desinformação seletiva e reivindicações desatualizadas, infundadas e desacreditadas. Esse incidente vem se somar a um crescente ceticismo por parte dos investidores acerca das práticas da empresa.
A situação de Gautam Adani transcende uma simples batalha legal; ela simboliza a luta contra a corrupção em um dos países mais populosos do mundo e destaca a necessidade de transparência nos negócios. Com as investigações em andamento, a confiança do público e a integridade do mercado estarão sob um foco intenso, levantando questões sobre como as grandes fortunas são conseguidas e mantidas. Fique atento, pois mais desenvolvimentos são esperados nesse caso que promete lançar luz sobre os meandros obscuros do mundo empresarial.