Trabalho com Talentos Britânicos e o Sucesso de ‘The Substance’

O co-presidente da Working Title Films, Eric Fellner, expressou sua surpresa com a intensidade do horror corporal apresentado no filme ‘The Substance’. Durante um painel no BFI London Film Festival, realizado na terça-feira, Fellner e seu colega Tim Bevan discutiram as realizações e os desafios enfrentados ao longo de suas carreiras cinematográficas. Em meio a uma série de produções aclamadas, que incluem clássicos como ‘Bridget Jones’, ‘Notting Hill’, ‘Love Actually’ e ‘Darkest Hour’, a Working Title Films tem se destacado pela capacidade de capturar a essência da ‘cultura britânica’ enquanto explora novos territórios no cinema contemporâneo. O filme mais recente da produtora, ‘The Substance’, que conta com as atuações de Demi Moore e Margaret Qualley, conseguiu arrecadar mais de 24 milhões de dólares em bilheteiras ao redor do mundo, o que evidencia seu forte desempenho comercial.

Desenvolvimento de Projetos e Parcerias Criativas

Fellner comentou sobre o processo criativo por trás do filme, destacando a qualidade do roteiro escrito por Coralie Fargeat, que foi profundamente impressivo desde seu reconhecimento com o filme ‘Revenge’ em 2017. Ele admitiu que, ao ver o trabalho de Fargeat, tornou-se avidamente interessado em colaborar com ela, o que o levou a viajar para Paris em várias ocasiões para persuadi-la a trabalhar com a Working Title. Ele observa que, ao invés de fazer concessões criativas, a produtora buscou se alinhar com uma visionária, algo que considera fundamental para o sucesso do projeto. À medida que o filme se aproxima de um público mais amplo, Fellner ressaltou a importância da proposta arrojada de ‘The Substance’, mencionando que sua ousadia pode ter contribuído para atrair espectadores inesperados para as salas de cinema.

“Eu pessoalmente não compreendi totalmente o quão intenso seria”, disse Fellner. Essa revelação não implica falha, mas uma abordagem enriquecedora que parece ter capturado a atenção do público. Nesse sentido, o co-presidente acredita que a convivência entre cinemas e plataformas de streaming é não apenas possível, mas vital para o ecossistema cinematográfico moderno. Ele também elogiou o papel da Mubi em democratizar o acesso ao cinema de qualidade, o que, segundo ele, reafirma que ambas as experiências — a de ver filmes no cinema e a de assisti-los em casa — são complementares e igualmente valiosas.

A Magia do Cinema Britânico e Aprendizados para o Futuro

A conversa entre Fellner e Bevan também abordou como a ‘cultural Britishness’ é uma característica que permeia muitos de seus trabalhos e como tiveram sorte em colaborar com talentos locais que preferiram permanecer no Reino Unido, ao invés de migrar para Hollywood. Bevan contou que a aproximação com personagens como Richard Curtis e Rowan Atkinson foi um fator decisivo para o sucesso da produtora. Ele explicou que a ambição dos criadores de ficção e sua disposição de continuar investindo em histórias britânicas foram fundamentais para a definição do que a Working Title representa hoje. Além disso, a experiência adquirida através do desenvolvimento de ‘The Substance’ ensinou aos dois que, se uma ideia é realmente inovadora e ousada, o público ficará engajado, e isso pode abrir novos caminhos para produções de menor orçamento.

Fellner e Bevan concordam que a indústria cinematográfica deve considerar a produção de mais filmes com orçamentos que não ultrapassem os 15 milhões de dólares, permitindo que histórias mais audaciosas sejam contadas sem os fardos financeiros desnecessários que podem muitas vezes sufocar a criatividade. Esse enfoque em orçamentos mais modestos pode desencadear um aumento na diversidade de narrativas, atraindo assim diferentes tipos de públicos para as salas de cinema. O BFI London Film Festival, que ocorre entre 9 e 20 de outubro, mais uma vez celebra a riqueza da sétima arte e contribui para discussões importantes sobre o futuro do cinema, tanto no Reino Unido quanto globalmente.

Com ‘The Substance’, a Working Title Films reafirma seu compromisso com a inovação, desafiando as convenções da indústria e permitindo que o terror corporal obtenha um lugar digno nas conversas sobre o que pode ser considerado qualidade cinematográfica. À medida que o filme continua a ressoar com o público, fica claro que os desafios não são obstáculos, mas oportunidades para redefinir o que o cinema britânico pode alcançar no cenário internacional.

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