Rejeição de pedido de suspensão da execução desencadeia apelos por justiça e clemência
Recentemente, um juiz do Texas negou um pedido de suspensão da execução programada de Robert Roberson, um homem condenado à morte por matar sua filha de 2 anos, Nikki Curtis, em 2002. A decisão ocorreu em 15 de outubro e gerou um clamor por justiça e reconsideração sobre as circunstâncias que cercam o caso de Roberson, que alega ser inocente e possuir uma condição de deficiência. Seus advogados afirmam que a morte de Nikki foi consequência de uma doença crônica e não de abuso, como argumenta a acusação. Roberson, que tem 57 anos, está agendado para receber uma injeção letal em 17 de outubro, o que gerou forte repercussão nas redes sociais e em diversas entidades sociais.
Os advogados de Roberson, ao anunciarem a negativa da defesa, expressaram sua indignação e preocupação com a possibilidade de um erro judicial irreparável. A defensora pública de Roberson, Gretchen Sween, descreveu a situação como “aterrorizante”, destacando a vulnerabilidade do réu pela sua deficiência e a alegação de que a ordem de execução foi emitida por um juiz possivelmente tendencioso. Sween apelou ao governador do Texas, Greg Abbott, para que reconsiderasse a sentença de morte de Roberson ou, pelo menos, lhe concedesse uma pausa, de modo a permitir que as novas evidências que a defesa argumenta existirem fossem devidamente consideradas.
Contexto histórico e científico por trás do caso de Roberson
Os promotores argumentam que a morte de Nikki foi causada por “síndrome do bebê sacudido”, uma condição que supostamente resulta de lesões cerebrais graves devido à movimentação brusca. Entretanto, esse diagnóstico tem sido alvo de críticas, pois especialistas alertam que a falta de consideração de outros fatores, como quedas e doenças naturalmente ocorrentes, pode levar a erros de avaliação. A defesa argumenta que a causa da morte foi pneumonia viral aguda e que o tratamento inadequado por parte dos médicos também contribuiu para a tragédia. A condição de saúde de Nikki era crítica desde seu nascimento, conforme destacado por Jason Flom, cofundador do Innocence Project, ressaltando que ela teve 47 visitas ao hospital nos dois anos de vida.
Na última semana, um ato de solidariedade foi realizado por cerca de 86 legisladores bipartidários, que se reuniram em Huntsville, Texas, para levantar a voz em defesa de Roberson, expressando sua preocupação com a execução de um homem que, segundo eles, pode ser inocente. Essa mobilização legislativa reacendeu debates sobre os limites da ciência forense e sua aplicação em casos de vida ou morte, especialmente em um estado que possui um dos mais altos índices de execução nos Estados Unidos. Os parlamentares também chamaram atenção para novas evidências científicas que questionam a natureza da acusação contra Roberson.
Improbabilidades e mudanças no entendimento do caso à luz de novas informações
Em uma recente objeção ao pedido de suspensão da execução, os promotores reiteraram que há evidências que comprovam que Nikki foi agredida e que Roberson foi responsável pelo abuso. Contudo, Brian Wharton, que foi o detetive líder no caso, apresentou uma declaração afirmando sua convicção na inocência de Roberson, especialmente após a descoberta de que ele foi diagnosticado com autismo em 2018. A defesa argumenta que o que foi interpretado como uma “atitude apática” por parte de Roberson, considerada um sinal de culpa pelos promotores, pode ser resultado da sua condição. Em uma carta de apoio à clemência, Wharton admitiu que se sente atormentado por sua participação na prisão e condenação de Roberson.
A pressão para revisar o caso de Roberson se intensifica à medida que a data da execução se aproxima. Flom, em seu papel de defensor da inocência, expressa sua determinação de envolver figuras influentes para impedir que uma execução ocorra sem uma avaliação justa das novas evidências. Sua missão míope e a urgência moral em torno do caso ilustram não apenas o imperativo de justiça para Roberson, mas também a necessidade de resguardar o sistema legal contra possíveis erros futuros. Esta situação levanta questões profundas sobre a aplicação da pena de morte e o compromisso do sistema de justiça com a verdade e a equidade, dando eco ao clamor por uma revisão crítica da evidência disponível.