Recentemente, a renomada autora Rebecca Yarros chamou a atenção do público com suas declarações firmes contra a censura literária, particularmente em um momento em que a discussão sobre a proibição de livros ganha força nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Yarros, que se destacou com sua obra Fourth Wing, um romance de fantasia com elementos de dragões que se tornou um fenômeno de vendas, está ciente das tensões geradas por debates sobre o que e como as crianças devem ler. Como mãe de seis filhos, entre eles duas garotas e quatro meninos, que vão de 11 a 27 anos, ela tem uma perspectiva única sobre as influências da literatura e da mídia na vida dos jovens.
A autora, que já escreveu 25 livros e vendeu mais de 2 milhões de cópias, percebeu uma escalada nos debates sobre o conteúdo das obras, especialmente após o sucesso explosivo de Fourth Wing, que não apenas alcançou a primeira posição na lista de best-sellers do New York Times, mas também gerou imensas interações nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde as hashtags relacionadas à obra acumulam mais de um bilhão de visualizações. No entanto, essa visibilidade trouxe desafios; Yarros e sua família enfrentaram ameaças de morte e tiveram que se mudar como resultado dessas controvérsias. Essa experiência, embora extremamente difícil, reforçou sua convicção de que os livros podem gerar discussões significativas e que a censura não é a solução.
A interseção entre liberdade de expressão e responsabilidade parental
Em suas declarações, Yarros destacou a complexidade da dinâmica familiar em relação ao consumo de mídia. Ela compartilhou uma observação que ressoa com muitos pais: “Quem acha que sabe exatamente o que seu adolescente está fazendo está mentindo ou em negação.” Essa frase leve, mas verdadeira, sublinha a difícil e, muitas vezes, angustiante tarefa dos pais em monitorar e orientar as leituras e interações de seus filhos com o mundo. No entanto, ela acredita que é fundamental também permitir que os filhos desenvolvam suas próprias opiniões e tomem decisões sobre o que desejam ler, enfatizando: “Alcançamos um ponto em que, como pais, você também tem que dizer: ‘Criamos este ser humano, e eles têm o direito de consumir certa quantidade de conteúdo’.”
Os diálogos familiares na casa de Yarros não se limitam a discussões sobre o que está sendo lido, mas se estendem ao impacto das redes sociais e os tipos de mensagens que os jovens absorvem dessa interação. Ela respeita a autonomia de seus filhos, permitindo que eles explorem diferentes perspectivas, incluindo temas que podem ser considerados controversos. Consequentemente, isso promove um ambiente onde a censura é discutida abertamente, e a ideia de proibir livros é vista com desdém. “Falamos muito sobre censura em nossa casa, especialmente porque somos contra a proibição de livros,” compartilha.
O papel dos especialistas e a defesa do acesso à informação
Yarros vai além ao criticar a prática da proibição de livros, argumentando que a decisão sobre o que deve ser lido não deve caber apenas a um grupo limitado de pessoas ou autoridades. “Acho que onde você tropeça nas proibições de livros é que ninguém mais deveria decidir sobre a leitura de outra criança,” afirmou. Para ela, o **acesso livre à informação** é um princípio inalienável que deve ser defendido. Com isso, ela deixa claro que as decisões sobre o que é adequado devem se basear em experiências e conhecimentos fundamentados, algo que, segundo ela, os especialistas em ciências da literatura e biblioteconomia estão em uma posição privilegiada para fazer. “Não sou bibliotecária,” ela diz, apontando que sua preocupação reside em garantir que os jovens tenham acesso a uma variedade de materiais literários sem a interferência de opiniões externas.
Com a chegada de seu novo livro, Variation, disponível para pré-venda, Yarros se propõe a continuar sua missão de inspirar a liberdade de expressão literária. Ela acredita que um diálogo aberto e a promoção da literatura em todas as suas formas são essenciais para criar um ambiente onde os jovens possam crescer como pensadores críticos, respeitando a diversidade de opiniões e experiências. Ao final, a luta contra a censura se transforma em uma defesa da liberdade de leitura, promovendo um futuro onde cada pessoa tenha a oportunidade de escolher suas próprias histórias.