Pablo Larraín Revela os Desafios Enfrentados por Angelina Jolie na Preparação para Viver Maria Callas no Filme ‘Maria’

O aclamado diretor chileno Pablo Larraín, conhecido por sua abordagem íntima e sensível a figuras femininas icônicas, conclui sua trilogia com o filme ‘Maria’, que narra a vida da lendária cantora de ópera Maria Callas, interpretada por Angelina Jolie. A realização deste projeto representa um enorme desafio não apenas para Larraín, mas especialmente para Jolie, que se lançou nas profundezas do mundo da ópera para dar vida a essa figura histórica, cuja influência na música é indiscutível.

Larraín, que já havia explorado personagens femininas icônicas em seus filmes anteriores, como ‘Jackie’, que conta a história de Jacqueline Kennedy, e ‘Spencer’, sobre a Princesa Diana, revela que a ideia de criar uma trilogia emerge naturalmente de seu interesse em narrativas que destacam a força e a vulnerabilidade das mulheres em momentos cruciais da história. “Nunca pensei que faria três filmes dessa forma”, diz Larraín. “Não havia um plano mestre, mas ao trabalhar com essas histórias, percebi que todas compartilham uma busca pela identidade e pela voz própria em um mundo dominado por figuras masculinas.

O respeito de Larraín por suas personagens é evidente em sua abordagem cuidadosa, que inclui um profundo mergulho na pesquisa histórica. Ele revela que, para o filme ‘Maria’, ele fez uma extensa pesquisa lendo em torno de dez biografias sobre Callas e criando uma linha do tempo de eventos significativos de sua vida. Isso não só ajudou a cimentar a narrativa do filme, mas também permitiu a Larraín explorar a linha tênue entre a realidade e a ficção, porque, segundo ele, muitas informações sobre Callas são contraditórias nas diferentes biografias.

Angelina Jolie, por outro lado, revelou que sua preparação para o papel foi uma jornada desafiadora. Ela menciona que, apesar de ter discutido outros projetos com Larraín anteriormente, não tinha plena consciência da intensidade e complexidade que interpretar Callas exigiria. “Pablo foi muito claro que, se eu fizesse o meu melhor, ele me apoiaria no processo”, compartilha Jolie. A atriz se entregou a longas horas de ensaio, trabalhando com um técnico de canto e praticando até tarde da noite após as filmagens.

Um aspecto inovador do filme é que Jolie não apenas interpreta Callas, mas também canta as árias da famosa cantora, um desafio significativo, dado o rigor técnico da ópera. Larraín estabeleceu que seria imperativo que a atriz soubesse cantar, já que não seria possível simplesmente reproduzir as gravações de Callas. “Você não pode trapacear. A ópera exige precisão, e não haveria como seguir outro caminho”, ressalta Larraín. Jolie canta um total de seis peças ao longo do filme, tornando essa experiência ainda mais admirável.

Os filmes de Larraín, incluindo ‘Maria’, são reconhecidos não apenas pela sua construção narrativa, mas também por sua estética visual cativante. O diretor utilizou uma filmagem em 16 mm combinada com 35 mm para criar um tom que transporta o espectador diretamente para a década de 1970, época em que Callas se destacou. “A proximidade da câmera é muito relevante”, explica Larraín. Ele enfatiza a intenção de criar uma conexão íntima entre os personagens e o público, permitindo que a audiência sinta a sua luta e resiliência.

Em suma, a obra de Larraín e a performance de Jolie em ‘Maria’ não apenas celebram a vida de uma das mais influentes cantoras da história da ópera, mas também capturam a essência do que significa ser uma mulher em busca de identidade em um mundo empedernido, revelando a luta intrínseca e a beleza das histórias que permanecem pertinentes através das gerações. Os esforços e a paixão investidos nesta produção garantem que a narrativa de Maria Callas ressoe com novas e velhas audiências.