Se você já teve a chance de assistir ao clássico filme “O Mágico de Oz”, ou mesmo que ainda não tenha visto, quase certamente está familiarizado com os icônicos sapatos de rubi usados por Dorothy, interpretada por Judy Garland. Esses sapatos reluzentes e cheios de brilho são um símbolo duradouro da cultura pop; eles são as mesmas peças que a protagonista recebe da Bruxa Malvada do Leste após a queda de sua casa em Oz. Memorável, não é mesmo? É através do poder desses sapatos que Dorothy consegue retornar à sua casa, ao clicar os calcanhares três vezes. Contudo, com a nova adaptação cinematográfica de “Wicked”, surgem muitas perguntas sobre a escolha dos trajes, incluindo uma em particular: por que os sapatos não são vermelhos?
Para entender essa questão, precisamos voltar um pouco no tempo até o romance original, “O Mágico de Oz”, escrito por L. Frank Baum. Paul Tazewell, o designer de figurino de “Wicked”, explicou que, em sua adaptação, buscou inspiração diretamente na obra de Baum, onde, surpreendentemente, os sapatos de Dorothy não eram vermelhos – eles eram, na verdade, botas prateadas. Tazewell comentou que essa decisão de cor foi mudada durante a produção de 1939, quando o filme original foi realizado em technicolor. O estúdio da MGM, ao ver a oportunidade de explorar a rica paleta de cores que a nova tecnologia oferecia, optou por um design mais chamativo que se tornaria emblemático.
O designer de figurino fez uma referência à conexão mágica dos sapatos nos contos de fadas, mencionando a famosa história da Cinderella e seu sapatinho de cristal. É impressionante como a narrativa dos sapatos evolui através das interpretações; a visão de Tazewell para os novos sapatos prateados em “Wicked” trouxe elementos como espirais e joias, resultando em algo totalmente novo e único para o filme, enquanto ainda homenageia as raízes do material original. Esta abordagem inovadora está em perfeita sintonia com a adaptação mais recente a partir da obra de Gregory Maguire, “Wicked: A vida e os tempos da Bruxa do Oeste”, que é a base para o musical da Broadway e para o filme.
De acordo com o autor Maquire, os sapatos em sua narrativa são feitos de contas iridescentes, e no enredo, eles são encantados por Glinda para ajudar Nessarose, a irmã de Elphaba, a andar. Essa transformação mágica é o ponto de virada onde os sapatos adquirem a cor vermelha; uma mudança interessante que destaca a relação entre os personagens. No espetáculo da Broadway, é Elphaba, a própria Bruxa do Oeste, quem lança o feitiço. Assim, a história é enriquecida por elementos de amizade, sacrifício e poder, refletindo o tema central de “Wicked”.
A confusão quanto à cor dos sapatos é compreensível, especialmente considerando as múltiplas versões do mundo mágico de Oz que se entrelaçam. A adaptação de “Wicked”, ao trazer novos visuais e uma narrativa revisitada, ao mesmo tempo em que mantém um pé na obra original de Baum, demonstra como a continuidade narrativa pode ser interpretada de diversas formas. Assim, os sapatos prateados não só prestam homenagem ao livro, mas também servem como um símbolo novo e moderno que se alinha com a visão inovadora de Tazewell.
Portanto, a resposta sobre o porquê dos sapatos não serem vermelhos no filme de “Wicked” pode ser um convite à reflexão sobre como as inovações podem dar nova vida a histórias clássicas. Mais do que sapatos prateados, eles representam a essência de explorar como narrativas e personagens podem ser reinventados, desafiando a percepção convencional e estabelecendo novas atmosferas dentro de um mundo que já conhecemos bem. Assim, ao assistir a “Wicked”, você pode sentir não apenas nostalgia, mas também a emoção de um novo começo, onde as botas prateadas se tornam a nova chave da fantasia para guiar Dorothy em sua jornada mágica de volta à casa.