Juiz Bloqueia Implementação de Normas Controversas a Apenas Dias das Votações Antecipadas

Na última terça-feira, enquanto os eleitores da Geórgia iniciavam o seu primeiro dia de votação antecipada, uma significativa decisão judicial foi proferida. O juiz Robert McBurney determinou a suspensão de uma nova regra que exigia a contagem manual dos votos quando as urnas se fechassem no próximo dia 5 de novembro. McBurney explicou que a implementação tardia dessa norma poderia prejudicar a confiança pública nos resultados eleitorais. O juiz considerou que essa mudança de última hora exporia milhares de trabalhadores de votação a um processo desconhecido e não testado, uma vez que faltaria tempo suficiente para um treinamento uniforme e eficaz para a execução dessa nova tarefa.

“Esta temporada eleitoral está repleta de tensões; as memórias do dia 6 de janeiro permanecem vívidas, independentemente da perspectiva que se tenha sobre a notoriedade desse evento”, afirmou McBurney. Ele advertiu que qualquer elemento que acrescente incerteza e desordem ao processo eleitoral serve apenas para desprover a coletividade da confiança em um sistema que deve ser claro e transparente. O juiz enfatizou que havia uma “ameaça substancial de dano irreparável” se a regra de contagem manual fosse aplicada no pleito iminente.

A norma de contagem manual, bem como outras disposições novas, foi aprovada em setembro por uma votação de 3 a 2 pelo Conselho Eleitoral Estadual, dominado por apoiadores do ex-presidente Donald Trump. Esta regra incumbia os gerentes dos locais de votação e os oficiais de votação de deslacrar as urnas e contar os votos manualmente, a fim de confirmar que os totais corresponderiam aos resultados obtidos pelas máquinas de contagem. Essa situação gerou uma série de ações judiciais por parte de oficiais locais e nacionais, bem como críticas vindas de membros de ambos os partidos, inclusive do procurador-geral e do secretário de Estado republicanos da Geórgia.

O Conselho Eleitoral de Cobb County solicitou que um juiz derrubasse essas novas normas, que também prevêem outros requisitos inovadores para o processo de contagem de votos. Em sua argumentação, McBurney indicou que, com o dia da eleição se aproximando, “não existem diretrizes ou ferramentas de treinamento para a implementação” da nova regra. O conselho argumentou ainda que as alterações propostas poderiam “alterar substancialmente os procedimentos eleitorais da Geórgia” no instante pré-eleitoral.

Durante a audiência realizada na terça-feira, um advogado representando o conselho solicitou uma ordem de restrição temporária, alegando ser tardio implementar adequações em relação ao treinamento e à equipe. Essa mudança de normas, segundo os advogados, normalmente ocorre em anos em que não há eleições de grande porte, para garantir o devido preparo dos envolvidos. O advogado do conselho também se apoiou em um memorando datado de 19 de setembro, onde o procurador-geral da Geórgia ressaltou que alterações assim próximas das eleições poderiam resultar em confusão entre os eleitores e, portanto, desestimulá-los a comparecer às urnas.

Por outro lado, a defesa do conselho eleitoral estatal rebateu tais preocupações, caracterizando-as como “hipotéticas, além de suposições e especulações”. O representante do conselho alegou que não seria difícil fornecer o treinamento necessário para a nova configuração de regras antes da eleição. A resposta do juiz à situação da Geórgia foi rápida e contundente, refletindo a relevância da segurança e integridade do processo eleitoral.

A decisão do juiz McBurney foi recebida com entusiasmo pelos democratas. Eles afirmaram que desde o início essa regra visava atrasar os resultados eleitorais a fim de semear dúvidas sobre o desfecho das eleições. Em uma declaração conjunta, líderes democratas, inclusive a vice-presidente Kamala Harris, expressaram que essa decisão solidifica a democracia na Geórgia ao barrar tentativas de desvio no processo eleitoral. “Continuaremos lutando para garantir que os eleitores possam exercer seu direito ao voto com a certeza de que suas cédulas serão contabilizadas”, afirmaram.

O juiz McBurney se encontra em meio a uma semana movimentada de casos relacionados às eleições, tendo, na segunda-feira, decidido que os oficiais eleitorais são obrigados por lei a certificar os resultados, mesmo se houverem preocupações associadas a fraudes. Ele enfatizou que, caso surgirem tais dificuldades, a responsabilidade dos oficiais é encaminhar os casos para as autoridades competentes.

Vale lembrar que McBurney presidiu o júri de inquérito da Geórgia, que em 2023 sugeriu processos contra Trump pelo esforço de reverter os resultados das eleições de 2020. Ele também está encarregado de um caso similar movido pelos partidos democratas, onde as novas regras estão sendo contestadas judicialmente. Uma nova audiência referente a esse caso está agendada para a tarde desta quarta-feira. Esse panorama ressalta a importância dos procedimentos eleitorais na Geórgia e o papel das decisões judiciais na manutenção da confiança pública no sistema democrático.

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