A administração Biden está enfrentando um desafio colossal ao tentar unir sete estados do Oeste dos Estados Unidos para chegarem a um acordo sobre a distribuição das águas do rio Colorado, que é a fonte de água doce mais significativa da região. As decisões adotadas nas próximas semanas são cruciais para a saúde da bacia hídrica e sua capacidade de fornecer água potável para milhões de pessoas, irrigar plantações e abastecer indústrias. De acordo com fontes próximas às negociações, o governo de Joe Biden está correndo contra o relógio, pois é necessário alcançar um consenso antes de Donald Trump assumir a presidência em 20 de janeiro.
Essa maratona de negociações reflete um esforço intenso e desafiador da administração Biden para garantir um uso sustentável do rio Colorado. Os planos visam garantir que a água continue a fluir em quantidade suficiente para atender às necessidades de uma população em rápida expansão e que demanda cada vez mais recursos. Trata-se de um verdadeiro “Hail Mary”, uma jogada de última hora que pode determinar o futuro da bacia do rio e das comunidades que dela dependem.
Entretanto, a tarefa não é simples. Fazer com que todos os estados e partes envolvidas concordem em um plano de água em tão pouco tempo é considerado por muitos como um objetivo irrealista. Diversos representantes das partes interessadas expressaram suas dúvidas sobre a viabilidade de um acordo que deve ser estabelecido em um espaço de apenas dois meses. O cenário se complica pela crescente aridez que a região enfrenta, além do aumento constante da população e do uso intensivo dos recursos hídricos.
Nos últimos anos, condições climáticas adversas têm exacerbado a situação. Desde 2000, mais de 10 trilhões de galões de água desapareceram do sistema do rio, conforme indicado por pesquisas da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Apesar da recente recuperação das condições climáticas, com invernos que trouxeram chuvas e nevadas benéficas, as perspectivas de recuperação a longo prazo ainda são sombrias. O estado da bacia hídrica é alarmante, e os especialistas alertam que a saúde do rio continuará a se deteriorar se os estados não chegarem a um acordo sustentável.
Ademais, as divisões entre os estados que compõem a bacia do rio são notórias. Com uma clara divisão entre os estados da bacia superior – Colorado, Novo México, Utah e Wyoming – e os estados da bacia inferior – Arizona, Califórnia e Nevada, as rivalidades e interesses distintos dificultam enormemente as negociações. Os representantes do Arizona chegaram a afirmar que a situação atual é insustentável, com uma falta de entendimento e aumento das tensões entre os grupos
Um acordo que seja aceito por todos é crucial para evitar conflitos jurídicos potencialmente devastadores, como uma batalha na Suprema Corte, que alguns stakeholders já estão considerando como uma possibilidade real. A administração Biden, portanto, encontra-se em uma corrida acirrada não apenas para estabelecer um plano de gestão da água que possa ser implementado antes do fim de sua incumbência, mas também para garantir a longevity do que será decidido. Isso porque um novo plano operacional para o rio deve ser adotado até agosto de 2026, antes que o acordo vigente expire.
Recentemente, a administração Biden apresentou cinco alternativas para o uso do rio pós-2026, com o objetivo não apenas de proteger os níveis de água, mas também garantir a produção de energia hidroelétrica nos lagos Mead e Powell, essenciais para a geração de energia em renome como as represas de Glen Canyon e Hoover. Estes planos estão sendo revisados pelas autoridades federais enquanto as negociações estaduais continuam. Em um momento em que as escolhas a serem feitas exigem uma visão clara e acordada entre os diversos estados e suas necessidades, a pressão sobre os governantes e os representantes dos interesses locais aumenta.
Além da complexidade das negociações em curso, a transição para uma nova administração sob liderança de Trump levanta incertezas adicionais. Recentemente, Trump anunciou o governador de Dakota do Norte, Doug Burgum, como seu escolhido para o cargo de secretário do Interior, mas ainda não indicou quem ocupará a posição de Comissário do Bureau de Reclamation, uma função igualmente crítica que supervisiona o futuro do rio Colorado. Os stakeholders se questionam até que ponto a nova administração estará disposta a levar adiante discussões sobre a água e se continuarão os esforços anteriores para encontrar um acordo sustentável.
O que fica claro é que os desafios são históricos, não apenas para a administração Biden, mas também para todos os estados envolvidos. Cada uma dessas partes tem muito a perder, não só em termos de recursos hídricos, mas também em termos de estabilidade social e econômica. Com isso, as decisões que serão tomadas nas próximas semanas podem determinar o destino do rio Colorado e das comunidades que dele dependem. É um momento crítico que exigirá diálogo, comprometimento e, acima de tudo, uma vontade de trabalhar em conjunto em busca de soluções que atendam a todos os interesses, para que este importante recurso natural não se esgote de uma vez por todas.