(AP) – A comunidade política dos Estados Unidos recebeu, neste sábado, a triste notícia do falecimento de Fred Harris, ex-senador do estado de Oklahoma e um renomado candidato à presidência que fez história como defensor das reformas do Partido Democrata durante a época turbulenta dos anos 1960. Com a idade de 94 anos, sua morte foi confirmada pela esposa, Margaret Elliston, que, em uma mensagem à Associated Press, expressou que ele partiu pacificamente por causas naturais. A localidade de sua morte não foi divulgada, mas acredita-se que ele tenha vivido em Corrales, Novo México, desde 1976.

A figura de Fred Harris não pode ser reduzida apenas a sua profissão de político. Nascido em 13 de novembro de 1930 em uma pequena casa de fazenda no sul de Oklahoma, Harris dedicou sua vida a defender valores progressistas e solidificar uma base de direitos civis e programas de combate à pobreza. Desde cedo, seu histórico humilde moldou sua perspetiva política. A seu ver, a política deveria ser um instrumento de mudança para os marginalizados e esquecidos pela sociedade. Quando olhamos para o seu legado, é impossível não lembrar das palavras suas próprias, em que se auto-definia como um “populista” ou “progressista” que luta contra o poder concentrado.

Durante seus oito anos no Senado, que começaram em 1964, quando ele venceu uma eleição para preencher uma vaga, Harris se destacou em um período em que o Partido Democrata estava enfrentando suas próprias divisões internas. Em 1969, ele foi nomeado presidente do Comitê Nacional Democrata, assumindo um papel fundamental na tentativa de curar as feridas que surgiram a partir da tumultuada convenção nacional de 1968, onde confrontos violentos entre manifestantes e a polícia marcaram a história.

Harris liderou mudanças significativas nas regras do partido, promovendo a participação de mulheres e minorias como delegados e em posições de liderança. Ele acreditava firmemente que a introdução de uma maior diversidade nas decisões políticas tornaria o partido mais legítimo e democrático. Em uma reflexão de 2004, quando participou da Convenção Nacional Democrata em Boston, Harris declarou que essas mudanças “funcionaram maravilhosamente.”

Em 1976, Harris foi um dos concorrentes à nominação presidencial do partido. Embora sua campanha não tenha rendido os frutos esperados, com um desempenho abaixo do esperado nas primárias, ele continuou a servir como uma referência de voz liberal em questões sociais até mudar-se para Novo México, onde se tornou professor de ciência política na Universidade do Novo México. Além de sua carreira acadêmica, ele também foi autor de mais de uma dúzia de livros, abordando temas tão diversos quanto política e ficção, incluindo um mistério ambientado na era da Grande Depressão.

Harris foi um defensor apaixonado dos direitos civis e dos direitos dos nativos americanos. A aposentadoria não limitou sua influência; ao contrário, ele se manteve ativo na luta por justiça social e contra a desigualdade. Juntamente com sua primeira esposa, LaDonna, ele se envolveu em questões que afetavam as comunidades indígenas americanas. O Partido Democrata do Novo México reconheceu seu impacto, recordando Harris como um homem de “integridade incomparável” que representava os valores progressistas fundamentais do partido.

Nesta era contemporânea, em que as disparidades sociais ainda persistem, seu legado ressoa com força. O governador do Novo México, Michelle Lujan Grisham, elogiou Harris como um homem de “honra e respeito,” cujas qualidades de liderança são um exemplo a ser seguido. O impacto de Harris não se limitou apenas a Oklahoma, mas também abrangeu a nação conforme ele se destacou em vários grupos e conselhos, como a Comissão Nacional Consultiva sobre Distúrbios Civis, que investigou as revoltas urbanas dos anos 60 e produziu um relatório alarmante que denunciava as segregações persistentes na sociedade.

Apesar de altos e baixos ao longo de sua carreira, a capacidade de Harris de conciliar a política com os anseios do povo o destacou como uma presença essencial no cenário político dos Estados Unidos. Sua vida foi um testemunho da importância e do poder que um político pode ter visando o bem-estar social e a justiça. A marca que ele deixou nas lutas pelos direitos civis e pela representação equitativa é um chamado à ação para as futuras gerações.

Fred Harris será sempre lembrado não apenas como um político, mas como um verdadeiro defensor dos direitos humanos, cujos esforços incansáveis por uma sociedade mais justa permanecem relevantes a cada nova luta por igualdade. Mesmo após seu falecimento, as lições e os desafios que ele propôs à sociedade moderna são um legado duradouro que continuará a guiar as próximas gerações.

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