A cidade de Brevard, na Carolina do Norte, ainda se recupera dos impactos devastadores do Furacão Helene, que atingiu a região em 27 de setembro e deixou um rastro de destruição, perdas humanas e uma grave calamidade econômica. A prefeita Maureen Copelof, com emoção, expressou a angústia dos comerciantes locais que lutam para se reerguer após a catástrofe. Em um final de semana, a loja de presentes feitos à mão, chamada “Local Color”, que normalmente fatura milhares de dólares, vendeu apenas um pedaço de sabonete, um retrato dramático da realidade enfrentada pelos empresários locais.
A crise gerada pela passagem do furacão se agravou em outubro e novembro, resultando em uma espera angustiante por ajuda federal, que permanece paralisada devido a um impasse no Congresso. Copelof afirmou que “os negócios e os proprietários de casas estão desesperados e eu estou preocupada”, enfatizando que outubro é o mês mais significativo para o turismo na região, com vendas caindo entre 50% e 75%. A incerteza e a dor estão presentes na vida de muitos, enquanto esperam pelo auxílio que se mostra cada vez mais distante.
O Furacão Helene causou danos incalculáveis, deixando ao menos 151.000 residências e 500.000 pequenas empresas severamente afetadas em toda a Carolina do Norte, conforme relatórios do senador Thom Tillis. O vento e as chuvas torrenciais transformaram lojas e restaurantes em ruínas, levando a um fechamento temporário de muitos estabelecimentos comerciais que, agora, se veem obrigados a buscar alternativas para manter suas portas abertas. Um exemplo é o restaurante Pisgah Fish Camp, pertencente a Mike Hawkins, que teve que encerrar suas atividades até pelo menos janeiro ou fevereiro, tendo sofrido danos de aproximadamente 300.000 dólares nos seus equipamentos, incluindo unidades de refrigeração e fritadeiras, fundamentais para seu funcionamento. “As pequenas empresas têm margens de erro tão pequenas”, lamentou Hawkins, destacando a fragilidade econômica do setor.
Entretanto, a situação se complica ainda mais, pois uma paralisia legislativa em Washington não permitiu a reposição do fundo de empréstimos da Administração de Pequenas Empresas dos Estados Unidos (SBA), que oferece crédito emergencial para ajudar lares e estabelecimentos a se recuperarem. Os empréstimos são essenciais não apenas para a reconstrução, mas também para modernizar as propriedades e mitigar os danos futuros que desastres meteorológicos podem causar. Apesar dos alertas do governo Biden sobre a necessidade urgente de reabastecer o fundo, o Congresso se afastou antes do Dia da Eleição sem tomar medidas. Isto levou a uma situação de grande incerteza onde, até o momento, não foi proposta nenhuma nova legislação desde a volta dos congressistas.
O senador Ted Budd, da Carolina do Norte, expressou preocupação sobre a lentidão do processo legislativo, apontando que “sempre há uma preocupação sobre o movimento lento do Congresso” e prometendo que está conversando com seus colegas para garantir e priorizar esse financiamento emergencial. “Era necessário ontem”, enfatizou Budd, referindo-se à urgência da situação que afeta diretamente a vida de tantas pessoas na região devastada.
Recentemente, uma análise mostrou que cerca de 12.000 empréstimos de desastre estão prontos para aprovação, totalizando quase 1 bilhão de dólares para assistência. Adicionalmente, a SBA está processando cerca de 60.000 aplicações em todo o país, sendo que aproximadamente 40% dos pleitos pendentes vêm da Carolina do Norte. Esses pedidos foram feitos por vítimas de desastres incluindo furacões, tornados, incêndios florestais e outras emergências, mas a devastação histórica provocada pelo Furacão Helene exacerbou drasticamente a demanda por apoio financeiro.
A senadora Patty Murray, do estado de Washington, durante uma audiência sobre a crise, expressou indignação ao afirmar que “este é um dos períodos mais longos que já presenciei sem que o Congresso fornecesse financiamento para desastres. Isso é inaceitável. É mais do que hora de oferecer auxílio para as muitas pessoas necessitadas, após as diversas calamidades que enfrentamos nos últimos dois anos.” A administradora da SBA, Isabel Guzman, reiterou a importância do auxílio: “fornecemos suporte para aqueles que não têm seguro ou estão subsegurados”. Os atrasos, frisou ela, agravam ainda mais a situação desses indivíduos já vulneráveis.
Com a inação em Washington, algumas comunidades afetadas pela tempestade começaram a realizar arrecadações locais para oferecer apoio temporário aos negócios impactados. Em Brevard, a famosa banda local Steep Canyon Rangers organizou um concerto beneficente que atraiu uma multidão em uma noite de outubro, onde o ingresso era gratuito, mas os presentes eram incentivados a dar contribuições para uma caridade que visa ajudar os membros da comunidade atingidos pela tempestade. As contribuições arrecadadas até agora pelo evento e outras iniciativas similares chegaram a impressionantes 200.000 dólares, como um alívio temporário para muitos empresários que enfrentam o risco de fechamento definitivo de suas empresas.
“Precisávamos fazer algo para que esses negócios não fechem suas portas de vez”, afirmou Copelof, destacando a importância da solidariedade comunitária em tempos de crise. A luta pela sobrevivência dos pequenos negócios evidencia a força e a determinação da comunidade em se reerguer, mesmo diante de obstáculos tão profundos e um futuro incerto. Para os residentes da Carolina do Norte, cada dia que passa é um lembrete de que, apesar do sofrimento, a esperança e a resiliência ainda são fundamentais na reconstrução de suas vidas e negócios após a devastação do Furacão Helene.