[Esta matéria contém alguns spoilers dos dois primeiros episódios de Duna: Profecia.
Após uma trajetória sinuosa, a série Duna: Profecia finalmente encontrou seu lugar na telinha, sob os cuidados da showrunner Alison Schapker, que se mostrou mais que pronta para assumir as rédeas dessa nova empreitada da famosa franquia da Warner Bros. Tendo como base o universo expandido criado por Frank Herbert, a série navega por temas profundos e apresenta um rico cenário de personagens complexos, prometendo engajar tanto os fãs veteranos da saga quanto novos espectadores.
A série, que conta com seis episódios, foca na origem da enigmática Bene Gesserit e passou por várias mudanças de liderança criativa antes de Schapker e Diane Ademu-John assumirem como co-criadoras e co-showrunners. Quando a produção teve início no final de 2022, Schapker se tornou a única showrunner, trazendo uma vasta experiência em produções de ficção científica, incluindo sua participação em Westworld e Altered Carbon. Com um histórico sólido e uma visão clara, ela tinha como missão não apenas honrar o material de origem, mas também estabelecer uma conexão com os filmes de Denis Villeneuve.
“Estou muito feliz por não ter lidado com Duna antes. É um material extremamente ambicioso e é tão querido por muitas pessoas. Foi maravilhoso retornar a ele em um momento mais maduro da minha carreira”, disse Schapker, ressaltando a pressão e a honra que vem ao trabalhar com uma obra tão amada. Assim, a série se inspira nas produções de Villeneuve e segue um caminho visual e auditivo que parece ser uma extensão digna do universo cinematográfico, um aspecto notável tendo em vista os desafios orçamentários e de tempo da televisão.
Embora Villeneuve tenha se envolvido brevemente no início do projeto, ele logo voltou sua atenção para os filmes subsequentes da série, Duna: Parte Dois e Duna: Messias. No entanto, ele deixou um legado que Schapker respeitou, garantindo que alguns elementos icônicos, como o design dos sandworms, fossem mantidos no universo da série. A decisão de não ambientar ilegalmente a maior parte da ação em Arrakis, o planeta central da narrativa, permite a exploração de novos mundos, como Wallach IX, onde as origens da Bene Gesserit foram lançadas.
A iniciativa de Schapker, portanto, visa apresentar a Bene Gesserit como uma instituição em formação, que ora flerta com a ideia de “superpoderes” através de habilidades de autocontrole, enquanto lida com o legado da guerra que quase conduziu a humanidade à extinção. Com personagens como Valya e Tula Harkonnen, a série explora a ancestralidade e os traumas que contribuem para o complicado futuro da família Harkonnen e sua relação com a Casa Atreides, estabelecendo um enredo que mescla ação e drama psicológico em um cenário épico.
Enquanto a série se desenvolve, é evidente que o projeto não apenas busca entreter, mas também provocar uma reflexão sobre a moralidade e a ética dentro das relações intergalácticas divididas por ciclos de violência. Schapker afirma que a série representa um momento de grande reconstrução e imaginação, marcado por um subtexto histórico complexo que dá luz à maneira como as histórias são moldadas pela verdade — e pelas mentiras.
Essencialmente, Duna: Profecia se destaca não apenas pela riqueza de seu material fonte, mas também pela forma habilidosa com que toca em temas universais e atemporais que ressoam com os desafios contemporâneos, fazendo-os mais do que apenas entretenimento, mas sim um espelho social.
Se a série corresponde às expectativas formidáveis dos fãs da franquia é uma questão que, com certeza, será avaliada conforme novos episódios forem lançados. O público acompanhará ansiosamente como esta narrativa se desenrolará, deixando a pergunta no ar: até onde a história da Bene Gesserit pode nos levar? Com lançamentos novos todos os domingos às 21h no HBO/Max, essa jornada será emocionante e provocativa, contribuindo para o legado de uma das mais intrigantes sagas da ficção científica.