A renomada varejista Macy’s anunciou em uma declaração na última segunda-feira que um único funcionário foi responsável por uma série de irregularidades contábeis, levando a empresa a adiar a divulgação de seu relatório de lucros trimestrais, que estava previsto para ser liberado na terça-feira. Tal episódio lançou uma sombra sobre a credibilidade da empresa, especialmente em um período em que o varejo se ajusta às novas dinâmicas de mercado e aos hábitos de consumo pós-pandemia.
De acordo com as investigações recentes, a companhia descobriu que o funcionário, cujo nome não foi divulgado, ocultou intencionalmente até 154 milhões de dólares em despesas ao longo de quase três anos. Essa situação alarmante levou a Macy’s a iniciar uma investigação contábil forense independente, na qual foi constatado que o ex-colaborador “fez entradas contábeis errôneas” com o intuito de esconder despesas relacionadas ao envio de pacotes pequenos. A notícia causou um impacto imediato no mercado e gerou questionamentos sobre o controle interno da empresa.
Embora os gastos questionáveis representassem uma fração pequena dos 4,36 bilhões de dólares em despesas de entrega reconhecidas pela Macy’s entre o quarto trimestre de 2021 e o período mais recente, o erro foi considerado significativo o suficiente para atrasar a divulgação das informações financeiras. A empresa anunciou que agora pretende liberar seu relatório completo de lucros trimestrais no dia 11 de dezembro. Entretanto, a Macy’s garantiu que “não há indícios de que as entradas contábeis errôneas tenham impactado as atividades de gestão de caixa ou os pagamentos a fornecedores.”
Atualmente, a investigação da Macy’s aponta apenas para este ex-funcionário como responsável pelas irregularidades. Até o momento, não foram encontrados outros colaboradores que tenham participado da criação das entradas contábeis fraudulentas. Este fato deixou os investidores em alerta, levantando questões sobre a competência da auditoria realizada pela empresa, conforme mencionado por Neil Saunders, analista de varejo e diretor administrativo da GlobalData Retail. Ele alertou que tais incidentes aumentam a apreensão entre os investidores, que já estavam preocupados com o desempenho da Macy’s.
Em meio a essa turbulência, Tony Spring, CEO da Macy’s, expressou sua preocupação e comprometimento em manter um ambiente ético dentro da empresa. Em comunicado, ele afirmou que “na Macy’s, promovemos uma cultura de conduta ética” e que a empresa está se dedicando a concluir a investigação o mais rápido possível, enquanto a equipe continua focada no atendimento ao cliente e na execução de estratégias para uma temporada de férias bem-sucedida.
No entanto, a marca enfrenta um cenário desalentador, com suas ações perdendo quase 20% de seu valor ao longo do ano, reflexo da crescente insatisfação dos investidores. A pressão do mercado se intensifica à medida que a Macy’s revelou um relatório preliminar de lucros que indicou uma queda de 2,4% nas vendas, totalizando 4,7 bilhões de dólares. Esta redução foi atribuída à fraqueza nos canais digitais e nas categorias de roupas adequadas para o frio, em um ano em que o país experimentou a temperatura média mais alta em outono.
A queda nas vendas da Macy’s não é surpresa para analistas, dado que o setor de varejo de médio porte não apresenta grande vitalidade, e a empresa ainda se encontra longe de se estabelecer como uma referência em seus segmentos. Saunders mencionou que, apesar de alguns resultados razoáveis nas lojas da Bloomingdale’s, onde as vendas cresceram 1,4%, a realidade da Macy’s como um todo indica um declínio generalizado que preocupa os stakeholders.
Em resposta a essa situação, a Macy’s identificou centenas de lojas que planeja fechar como parte de seu plano de reestruturação, admitindo que, mesmo as lojas que permanecerão abertas, enfrentaram uma queda nas vendas. A rejeição de propostas de aquisição por investidores privados em julho e a decisão de reestruturar a empresa por conta própria sublinham a urgência e a gravidade da situação atual que a Macy’s atravessa.
Ao abrir o mercado, as ações da Macy’s registraram uma queda de quase 3%, refletindo a desconfiança do investidor e a necessidade imperiosa de reforçar a transparência e a confiança da marca para restabelecer sua posição no competitivo ambiente do varejo.