Minneapolis se torna cenário de preocupações após ataques virtuais durante a competição
A realização de eventos esportivos nem sempre ocorre sem desafios ou incidentes inesperados. O recente episódio envolvendo a jogadora Breanna Stewart, estrela do New York Liberty, e sua esposa Marta Xargay Casademont, ilustra os riscos e a hostilidade que algumas figuras esportivas enfrentam fora das quadras. Após a emocionante partida um da final da WNBA, onde Stewart teve uma atuação marcada por um momento decisivo que não saiu como esperado, as duas mulheres se tornaram alvo de uma série de e-mails anônimos ameaçadores e homofóbicos, que foram diretamente enviados à conta de e-mail de Xargay Casademont. Este incidente levanta preocupações sérias sobre a segurança e bem-estar de atletas e suas famílias, especialmente em tempos em que a visibilidade e a pressão social aumentam em eventos esportivos de grande destaque.
Em declarações feitas durante um treinamento na terça-feira, Stewart expressou a inquietação que este episódio trouxe para o casal, ressaltando que o fato de os e-mails terem sido enviados para a conta de sua esposa intensificou a gravidade da situação. “A proximidade do que aconteceu é um pouco diferente. É importante garantir que tanto eu quanto Marta estejamos bem, mas também que nossos filhos estejam seguros”, afirmou. O casal, que já conta com duas crianças pequenas, Ruby de três anos e Theo de apenas 11 meses, enfrenta agora um cenário onde a segurança familiar é uma preocupação constante. A natureza dos e-mails, repletos de hostilidade e discriminação, tem um impacto psicológico considerável, e o receio manifestado por Marta foi claramente destacado por Stewart, que a descreveu como “perturbador”.
O ato de intolerância ocorreu em um momento em que a jogadora estava lidando com a pressão da final da WNBA. Durante o jogo decisivo, Stewart teve a chance de virar a partida, mas não conseguiu converter um lance livre crucial a poucos segundos do final, o que resultou na derrota pelo Minnesota e deixou a série empatada em um a um. Este tipo de desempenho sob pressão, aliado à realidade das ameaças recebidas, tem repercutido amplamente nas redes sociais e na mídia, levantando discussões sobre a necessidade de medidas mais robustas de proteção para atletas, especialmente aqueles da comunidade LGBTQIA+.
Após receber essas ameaças intimidatórias, Stewart optou por notificar a equipe do New York Liberty, que prontamente escalou a situação para a segurança da liga. “Estamos tomando as precauções adequadas. Infelizmente, as ameaças parecem aumentar após o primeiro jogo”, afirmou Stewart. A jogadora enfatizou a importância do apoio dos fãs, mas condenou comportamentos de assédio e comentários homofóbicos que não têm lugar no esporte. Diante da gravidade da situação, a esposa de Stewart também segue os conselhos da equipe e registou uma queixa formal junto à polícia. O Departamento de Polícia de Nova York confirmou o recebimento do relatório de assédio agravado e está investigando, através da equipe de crimes de ódio, os e-mails enviados a uma “vítima de 33 anos”.
As questões de segurança e do bem-estar dos atletas têm se tornado cada vez mais relevantes, e não apenas em relação aos comportamentos de torcedores, mas também no que se refere às interações negativas em plataformas de mídia social. Stewart observou que geralmente não presta atenção aos e-mails que recebe, pois muitos vão para sua agência, mas diante do que aconteceu ela se sentiu na obrigação de usar sua plataforma para sensibilizar o público sobre a inaceitabilidade de tais atitudes. “É fundamental que as pessoas saibam que comportamentos desse tipo não têm espaço no nosso esporte”, declarou. A liga WNBA, por sua vez, emitiu um comunicado tratando do assunto, reiterando que não há espaço para comentários odiosos ou ameaçadores dirigidos a jogadores, equipes ou qualquer pessoa associada à liga.
Em um esforço para combater o aumento das assédios virtuais, a comissária da WNBA, Cathy Engelbert, comentou, durante seu discurso sobre o estado da liga antes do jogo um, sobre a crescente onda de ataques enfrentados por jogadores nas redes sociais. Ela ressaltou que a liga colaborará com o sindicato dos jogadores para abordar a situação e traçar um plano de ação, que inclua apoio em tecnologia e saúde mental. Engelbert enfatizou a necessidade de uma voz unificada na condenação desses atos e na promoção de ambientes mais seguros para atletas, que têm enfrentado essas situações por um período considerável. Ela propôs que deve haver um protocolo a ser seguido antes do início da temporada, considerando o aumento dos incidentes negativos, especialmente neste ano. O apelo de Stewart e Engelbert representa uma visão necessária para garantir não apenas a segurança das atletas, mas também a integridade do esporte como um todo.