Desenvolvimento Sustentável e a Necessidade de Ação Climática Urgente
Com o crescente clamor por ações climáticas urgentes em todo o mundo, surgem também tecnologias inovadoras projetadas para mitigar os efeitos das emissões de gases de efeito estufa. Nesse contexto, a Octavia Carbon, uma startup de Captura Direta de Ar (DAC), destaca-se como uma das líderes em soluções para remoção de carbono na atmosfera, com sede em Quênia. Fundada há apenas dois anos, em 2021, a empresa está à frente de um movimento crescente que busca não apenas reduzir a concentração de carbono no ar, mas também contribuir para a sustentabilidade ambiental, oferecendo um modelo de negócios baseado na exploração das características geológicas locais para armazenamento de carbono.
Avançando com tecnologias de captura de carbono em Quênia
A Octavia Carbon começou suas operações de captura de carbono em fevereiro, após um período dedicado ao desenvolvimento de sua tecnologia. Atualmente, a empresa opera com duas máquinas já instaladas, que possuem capacidade de captura de 50 toneladas de carbono por ano. Recentemente, a startup anunciou planos ambiciosos de expandir suas operações e construir mais equipamentos, com um objetivo claro: aumentar a capacidade de captura para 1.500 toneladas por ano a partir de 2025. Essa estratégia foi viabilizada graças à recente captação de recursos, que totalizou 3,9 milhões de dólares em uma rodada inicial, além de 1,1 milhão de dólares provenientes da venda antecipada de créditos de carbono, evidenciando o apetite do mercado por este tipo de solução.
A rodada de investimentos foi co-liderada pelas firmas Lateral Frontiers e E4E Africa, com a participação adicional de importantes investidores, como Catalyst Fund, Launch Africa, Fondation Botnar e Renew Capital. O CEO da Octavia, Martin Freimüller, destacou a relevância da tecnologia em evolução da empresa e a parceria com a Cella Mineral Storage, uma startup especializada em sequestro de carbono, para injetar o carbono capturado em forma líquida no subsolo para armazenamento seguro e eficaz. Esse processo pioneiro promete colocar a Octavia na vanguarda da indústria, sendo uma das primeiras iniciativas no mundo a transformar carbono capturado em rocha subterrânea.
Uma abordagem sustentável impulsionada pela geologia única do Quênia
A escolha do Quênia como sede foi, em grande parte, influenciada pela geologia favorável da região do Vale do Rift, que possui formações rochosas adequadas para o armazenamento de CO2. Segundo Freimüller, a geologia é ideal, pois inclui rochas porosas e vulcânicas, particularmente basalto, que oferece enorme capacidade de armazenamento de carbono. “Poderíamos armazenar todo o CO2 gerado pela humanidade até hoje apenas no Quênia” afirmou Freimüller. Ele especifica que existe um espaço poroso de cerca de 8.600 quilômetros cúbicos na região que possibilita essa ambição, sendo uma solução viável para a crescente preocupação global com as emissões de carbono.
A captura de carbono é um processo que exige grande quantidade de energia, e a Octavia Carbon beneficia-se da abundância de recursos de energia renovável, especialmente energia geotérmica, disponível no Quênia. Essa característica confere à empresa uma vantagem competitiva em relação a outras no mundo desenvolvido, onde, em muitos casos, as operações de DAC ainda dependem de combustíveis fósseis. Essa transição para energia renovável também é consistente com as metas de sustentabilidade e redução de emissões, fundamentais para um futuro mais verde.
O futuro do trabalho de captura de carbono e suas perspectivas
Embora as perspectivas sejam otimistas, Freimüller não subestima as dificuldades do caminho que se apresenta. Ele destaca que o crescimento e a implementação de tecnologias de captura de carbono são desafiadores, mas possíveis, utilizando como exemplo a evolução dos veículos elétricos, que mudaram radicalmente a percepção acerca da mobilidade elétrica. O CEO e co-fundador também enfatiza o potencial do setor de clima, que oferece oportunidades imensas para inovações e soluções sustentáveis, ressaltando o crescimento da equipe da Octavia, que já conta com 60 colaboradores, dos quais 40 são engenheiros dedicados à pesquisa e desenvolvimento.
À medida que a Octavia Carbon avança, a empresa se posiciona para oferecer mais créditos de carbono de captura direta e armazenamento, ampliando suas receitas. Um dos principais clientes da empresa é o mercado dinamarquês de remoção de carbono, Klimate, que representa uma das doze parcerias estabelecidas até o momento. Freimüller observa que, para uma empresa emergente de tecnologia profunda, é inusitado ter um número tão grande de clientes na fase inicial, o que sublinha a demanda significativa que existe no mercado para as soluções inovadoras que a Octavia Carbon está trazendo ao setor.
Em suma, a Octavia Carbon representa não apenas um avanço positivo em tecnologia de captura de carbono, mas também uma iniciativa promissora que destaca a importância de inovações sustentáveis e do aproveitamento de recursos locais para o enfrentamento das mudanças climáticas globais. Com iniciativas como essa, o mundo pode vislumbrar um futuro onde tecnologias limpas são integradas de maneira eficaz na luta contra a degradação ambiental.