A história do cinema é repleta de obras-primas que, infelizmente, se perderam ao longo do tempo, deixando apenas fragmentos e recordações. Recentemente, um dos filmes de faroeste mais significativos da era do cinema mudo, do renomado diretor John Ford, foi redescoberto após um século de esquecimento. O filme, intitulado The Scarlet Drop, lançado em 1918, traz Harry Carey em um de seus papéis principais e agora ressurge como um celebrado testemunho do início da carreira de Ford, um dos maiores cineastas da história dos EUA. Este achado não apenas reanima a memória de um projeto cinematográfico, mas também ilumina a importância da preservação de filmes que moldaram o que conhecemos como faroeste, um gênero que valoriza paisagens amplas, personagens robustos e dramas emocionais.
O The National relatou a emocionante notícia de que uma cópia completa de The Scarlet Drop foi descoberta em um armazém em Santiago, no Chile, a apenas um dia de sua demolição programada. O proprietário do armazém encontrou um verdadeiro tesouro de filmes que pertenciam a um colecionador local, os quais haviam permanecido intocados por 40 anos após sua morte. Este encontrou essencialmente o que poderia ter sido um destino trágico para uma parte significativa da história do cinema e, reconhecendo a importância dessa descoberta, entrou em contato com Jaime Cordova, diretor do Festival de Cinema Recuperado de Valparaíso e acadêmico da Universidade de Viña del Mar. Cordova, com grande dedicação, salvou os filmes de serem descartados.
Em um depoimento à Cinentransit, Cordova descreveu o estado do filme como “muito danificado”, insinuando que The Scarlet Drop fez muito sucesso em sua época. Isto se torna um indicativo de que o filme foi amplamente exibido e apreciado, mesmo nas condições desconhecidas em que foi guardado. Ele expressou sua reverência pela resiliência do filme, descrevendo-o como um “milagre” por ter sobrevivido a tantos desafios ao longo de suas mais de 100 primaveras. Após a descoberta, Cordova digitalizou o material com cuidado, visando apresentá-lo no festival. Embora a versão digitalizada tenha sido exibida em setembro, a promessa de um lançamento mais amplo do filme ainda não foi anunciada, criando assim uma ansiedade e expectativa entre os aficionados por cinema.
a importância da preservação cinematográfica e suas implicações
Além da empolgação gerada pela redescoberta de The Scarlet Drop, a recuperação desse filme esfumaça barreiras sobre a preservação de obras cinematográficas da era silenciosa. Este período, frequentemente negligenciado, viu muitos filmes serem descartados ou destruídos após suas exibições iniciais, resultando na perda de inestimáveis contribuições culturais. A descoberta no Chile é particularmente notável porque, até então, acreditava-se que The Scarlet Drop estivesse irremediavelmente perdido, com nenhuma cópia conhecida que existisse fora de 30 minutos de gravação que estão no Getty Archive.
O evento realça a necessidade de esforços contínuos de preservação, não apenas para honrar o legado de cineastas como John Ford, mas também para educar futuras gerações sobre as raízes da narrativa cinematográfica e as influências que moldaram o gênero faroeste. Para estudiosos do cinema, a redescoberta oferece uma rica oportunidade de compreender o desenvolvimento de Ford como cineasta e suas contribuições iniciais para este gênero americano tão icônico. Além disso, essa recuperação serve como um alerta sobre a fragilidade da história cinematográfica, evidenciando como filmes silenciosos da primórdios do século XX correm riscos constantes de deterioração ou perda definitiva.
um milagre cinematográfico para as futuras gerações
A revelação de The Scarlet Drop não deve ser vista apenas como um evento isolado, mas como um testemunho da magia que o cinema pode oferecer e da necessidade urgente de preservar esses artefatos culturais. A visão que Ford trouxe através de suas lentes é rara e inestimável, planejando-se que um dia o filme possa ser liberado amplamente para o público, oferecendo a chance de reviver um pedaço de história cinematográfica que foi considerado perdido para sempre. Esta redescoberta poderia também inspirar uma nova apreciação pela era silenciosa, revelando como os fundamentos que construíram a rica tapeçaria do cinema contemporâneo, ainda valorizado de tantas maneiras nos dias atuais.
Assim, The Scarlet Drop nos lembra que a arte, por mais vulnerável que seja, tem uma capacidade notável de resistir, emergir e encantar. Para entusiastas de cinema, amantes da história e todos os que acreditam no poder da narrativa, esta é uma oportunidade de olhar para o passado e refletir sobre o que significa preservar não apenas filmes, mas também as histórias que eles contam e os mundos que eles evocam.