A confirmação de um investimento substancial por parte do governo dos Estados Unidos para fortalecer a fabricação doméstica de semicondutores chegou através do Departamento de Comércio. Em um anúncio recente, foi revelado que a Intel, gigante no setor de tecnologia de chips, receberá um montante de $7,865 bilhões sob a legislação conhecida como CHIPS and Science Act, um estatuto federal assinado pelo presidente Joe Biden em 2022, com a intenção de fomentar a produção interna de semicondutores. Este financiamento é considerado um passo estratégico em um momento em que a independência tecnológica dos Estados Unidos é uma prioridade nacional.
Os recursos disponibilizados serão direcionados para projetos de fabricação e embalagem avançada em várias instalações da Intel localizadas nos estados do Arizona, Novo México, Ohio e Oregon. O investimento não apenas busca aumentar a capacidade de produção da Intel, mas também pretende estabelecer uma infraestrutura sólida que permita a fabricação de chips de forma mais eficiente e integrada. Este movimento é parte de uma estratégia mais ampla que envolve a transformação da Intel para um modelo de “foundry”, que permite a produção de chips sob contrato para outras organizações. Assim, a empresa poderá diversificar suas operações e atender a demandas crescentes.
É importante destacar que o valor aprovisionado é inferior à cifra máxima de $8,5 bilhões que havia sido inicialmente anunciada em março, quando a Casa Branca revelou o acordo com o Departamento de Comércio. Essa diferença ressalta a complexidade da situação do mercado e os desafios enfrentados pela Intel em seus projetos globais de construção. Recentemente, a companhia revelou que adiou dois importantes projetos na Alemanha e na Polônia, decidindo concentrar seus esforços e recursos em seus empreendimentos nos Estados Unidos. Por outro lado, em território americano, a Intel mantém a construção de duas novas fábricas em Ohio, com um investimento estimado de até $28 bilhões.
Com um total aproximado de $100 bilhões destinados a investimentos na fabricação interna, incluindo novas construções e reformas em diversas localizações, a Intel enfrenta, no entanto, desafios significativos. Relatórios financeiros recentes indicam uma ampliação nas perdas de sua unidade de foundry, evidenciando a necessidade premente de ajustes estratégicos na operação. Além disso, obstáculos regulatórios forçaram a empresa a cancelar uma fusão planejada de $5,4 bilhões com a fabricante de chips Tower Semiconductor, levando à criação de uma parceria que exigirá que a Intel ofereça capacidade de produção à Tower em um investimento de $300 milhões.
A relevância deste investimento não se resume ao montante na ordem de $8 bilhões, que será liberado em parcelas com base em marcos estabelecidos ao longo do tempo. A Intel também poderá se beneficiar de um crédito tributário de 25% sobre investimentos que será disponibilizado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, o que acrescenta um incentivo financeiro significativo ao projeto. Além disso, a Intel recentemente garantiu um contrato no valor de $3 bilhões para fabricar semicondutores de “ponta” para o governo dos Estados Unidos, no contexto de um programa de segurança nacional, estreitando ainda mais os laços entre a empresa e as necessidades do governo em relação à segurança cibernética e à autonomia em fabricação de tecnologia crítica.
Em um cenário de transformação global, onde a pandemia evidenciou as vulnerabilidades na cadeia de suprimentos, a importância do investimento em fabricação de semicondutores torna-se cada vez mais crítica. A Intel, como líder no setor, está posicionada para desempenhar um papel essencial neste novo contexto de produção, alinhando-se às estratégias do governo para reduzir a dependência de manufatura estrangeira e garantir a segurança e inovação tecnológica que o país necessita. Portanto, esse acordo representa não apenas um impulso financeiro, mas também uma visão estratégica para um futuro mais independente e resiliente no campo da tecnologia.