A administração Biden revelou uma proposta ambiciosa que pode mudar a vida de milhões de cidadãos norte-americanos, especialmente aqueles que enfrentam as dificuldades da obesidade. De acordo com a nova medida, cerca de 7,4 milhões de indivíduos, incluindo beneficiários do Medicare e Medicaid, poderão ter acesso a medicamentos anti-obesidade caros, que muitas vezes são inacessíveis para a população mais vulnerável. Essa iniciativa busca não apenas melhorar a saúde desses americanos, mas também aliviar a pressão financeira sobre o sistema de saúde do país, tornando uma questão de igualdade e acesso a tratamentos de saúde essenciais.
Para ser mais específico, essa proposta tem o potencial de beneficiar cerca de 3,4 milhões de beneficiários do Medicare e aproximadamente 4 milhões de receptores do Medicaid. Atualmente, os medicamentos anti-obesidade podem custar até US$ 1.000 por mês para aqueles sem cobertura de saúde, o que representa um fardo financeiro insuportável. A iniciativa do governo sugere que alguns beneficiários do Medicare podem ver suas despesas do próprio bolso reduzidas em até 95%, o que, sem dúvida, poderia ser um alívio significativo para muitos.
A administração, em um comunicado, enfatizou que “essa proposta permitiria que os americanos e seus médicos determinassem o melhor caminho a seguir para levar vidas mais saudáveis, sem se preocupar com a capacidade de custear esses medicamentos”. Contudo, embora a proposta pareça promissora, uma série de detalhes ainda carecem de esclarecimento. O governo não especificou quais medicamentos seriam incluídos, quais indivíduos seriam elegíveis e quais seriam os custos da implementação dessa medida. Além disso, há incertezas se esse projeto de regra pode ser finalizado antes da saída do presidente Joe Biden do cargo, prevista para janeiro do próximo ano.
obstáculos no acesso a medicamentos anti-obesidade
Os altos preços dos medicamentos anti-obesidade, como os GLP-1, incluindo Wegovy e Zepbound, têm limitado significativamente o acesso dos cidadãos americanos a essas medicações. O preço de lista do Wegovy, por exemplo, gira em torno de US$ 1.350 para um suprimento de quatro semanas. Essa realidade tem imposto barreiras intransponíveis para muitos que precisam desses tratamentos, o que levanta questões sobre equidade no acesso à saúde.
Vale ressaltar que, por lei, o Medicare não pode cobrir medicamentos destinados ao tratamento da obesidade. No entanto, a administração foi um passo à frente ao permitir a cobertura do Wegovy para beneficiários do Medicare após a aprovação do FDA para indivíduos com doenças cardiovasculares que sejam obesos ou estejam com sobrepeso. Após essa decisão, vários seguradoras que oferecem planos de medicamentos sob o Medicare Parte D começaram a incluir essa medicação nas suas coberturas.
Uma análise da KFF revelou que cerca de 3,6 milhões de beneficiários do Medicare com doenças cardiovasculares podem se tornar elegíveis para o Wegovy, o que representa aproximadamente um quarto dos beneficiários que lutam contra a obesidade ou sobrepeso. É interessante notar que cerca de 1,9 milhão desses indivíduos já lidam com diabetes e podem já ter acesso a outros medicamentos GLP-1 para o diabetes, como o Ozempic.
Contudo, a expansão da cobertura pode ser um desafio financeiro considerável para o Medicare, com estimativas apontando que essa proposta pode custar quase US$ 3 bilhões por ano, o que poderia resultar em aumentos nos prêmios da Parte D para todos os beneficiários. Como revelado em um relatório do Escritório de Orçamento do Congresso, uma expansão total da cobertura GLP-1 para beneficiários do Medicare com obesidade ou sobrepeso pode custar cerca de US$ 35 bilhões ao longo de nove anos, enquanto os economias decorrentes de melhorias na saúde seriam relativamente modestas.
Adicionalmente, apenas 13 estados atualmente cobrem medicamentos GLP-1 para o tratamento da obesidade. Metade dos estados que não oferecem essa cobertura ainda está considerando a possibilidade, mas muitos expressam preocupações com os custos envolvidos. O panorama se complica ainda mais, pois apenas 18% das empresas com 200 ou mais funcionários, segundo a pesquisa anual de Benefícios de Saúde da KFF, cobrem medicamentos GLP-1, principalmente para perda de peso, e cerca de um quarto dessas empresas indicou que está considerando oferecer esse benefício no próximo ano.
Assim, embora a proposta da administração Biden pareça um passo importante em direção à melhoria do acesso ao tratamento para obesidade nos Estados Unidos, as incertezas em torno de sua implementação e os desafios financeiros associados levantam questões sobre sua viabilidade. À medida que a discussão avança, fica claro que a luta contra a obesidade nos EUA não se resume apenas a tratamento médico, mas envolve um debate mais amplo sobre saúde pública e equidade nas políticas de saúde.