O famoso lutador de artes marciais mistas, Conor McGregor, perdeu um caso civil de estupro decidido na última sexta-feira, e já anunciou que irá instruir sua equipe jurídica a apelar da decisão judicial. A revelação ocorre em meio a grandes manifestações que aconteceram em Dublin, onde multidões se reuniram para demonstrar apoio à mulher envolvida no caso, Nikita Hand, que teve a coragem de denunciar a agressão que sofreu.
McGregor foi acusado de estuprar Hand em um hotel de Dublin no ano de 2018. Após um tribunal civil ter encontrado evidence suficiente para responsabilizar o lutador por agressão, a jurí foi estabelecida em cerca de 250 mil euros, equivalente a aproximadamente 263 mil dólares, montante que deverá ser pago à vítima conforme decidido pelo serviço judiciário irlandês.
Em pronunciamento feito na segunda-feira, McGregor se dirigiu ao público pela rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, afirmando a intenção de recorrer à decisão. “Eu instruí minha equipe legal a apelar a decisão”, comunicou. Desde o início do processo, McGregor sempre sustentou que não houve qualquer tipo de coerção e que os dois mantiveram relações consentidas. A defesa argumentou que Hand inventou as alegações após uma noite de festas.
Durante o julgamento, Hand relatou que o ataque deixou-a não apenas fisicamente machucada, mas também com estresse pós-traumático, algo que afetou profundamente sua vida. Após o veredicto, ela qualificou o processo judicial como um “pesadelo”, sendo uma circunstância que, segundo suas palavras, “nunca esquecerei pelo resto da minha vida”. Ela ainda fez questão de ressaltar a importância de sua experiência, tanto para sua filha Freya quanto para outras vítimas de agressões, afirmando que todos têm o direito de buscar justiça quando se enfrentam a situações semelhantes.
“A todos os que passaram por agressão sexual, espero que minha história sirva como um lembrete de que, não importa o quão amedrontador possa parecer, você deve falar. Você tem uma voz e continue lutando por justiça”, completou Hand. Suas palavras reverberaram entre os presentes durante a manifestação, onde o apoio à sobrevivente foi palpável.
As recentes manifestações em Dublin foram, em parte, provocadas pela decisão da direção de processos públicos irlandesa (DPP) de não levar o caso de McGregor à frente no âmbito criminal.444 De acordo com informações da Associated Press, os promotores alegaram que não havia evidências suficientes para garantir uma condenação, o que gerou descontentamento e protestos na capital irlandesa.
Multidões se mobilizam em protesto
Na segunda-feira, diversas pessoas se reuniram em Dublin em um sinal de solidariedade a Hand e para expressar sua indignação em relação à decisão da DPP. As vozes dos manifestantes se uniram para clamar por justiça, questionando por que o sistema judicial não respondeu adequadamente aos sobreviventes de violência de gênero. A conselheira do município de Fingal, Ruth Coppinger, criticou publicamente a postura da DPP através de postagens nas redes sociais, ressaltando a gravidade da situação em que Hand se encontrava, afirmando que ela estava tão alcoolizada que não podia dar consentimento.
A representante da DPP, ao ser contatada pela CNN, disse que, em casos deste tipo, as razões para não prosseguir com um processo penal geralmente não são divulgadas ao público. Essa falta de transparência gerou ainda mais dúvidas sobre a capacidade do sistema judicial irlandês de apoiar as vítimas de agressões, levantando questões legítimas sobre o tratamento das denúncias de violência de gênero.
Este episódio não apenas destaca a situação de McGregor e Hand, mas também amplia o debate sobre justiça para vítimas de crimes sexuais. Muita atenção será focada nos desdobramentos do apelo que McGregor pretende fazer, assim como nas futuras respostas do sistema judiciário às vozes que clamam por justiça em casos de violência sexual. Cada novo desenvolvimento nesta história trará à tona o papel da responsabilidade e a necessidade de um sistema que pode oferecer proteção e apoio a vítimas em situações semelhantes.
Num cenário em que a pressão social em torno de direitos das vítimas é crescente, as vozes de coragem como a de Nikita Hand serão fundamentais para que mudanças significativas possam ocorrer e que as injustiças não sejam mais silenciadas.