Ao longo de sua vida, Priscilla Montgomery Clark, aos 95 anos, tornou-se uma referência imortal ao associado ao clássico de 1939 ‘O Mágico de Oz’, ao lado de Judy Garland. A mensagem que ela transmite aos fãs é repleta de nostalgia e vivacidade, uma mistura encantadora que remete às cenas inesquecíveis do filme. Ao dançar ao lado de ícones do cinema como Jimmy Stewart e Cary Grant, Clark se viu, no entanto, sempre sendo mais lembrada por sua atuação como uma das Munchkins na tão amada obra da MGM. Em um tempo em que os detalhes mais sutis de passagens de filmes clássicos eram admirados, a popularidade de sua interpretação parece ter atravessado as gerações, trazendo à tona um profundo fascínio popular e correspondências que não pararam de inundar sua caixa de correio ao longo dos anos.
Uma infância encantada nos sets de filmagem
Em um período em que o filme ‘O Mágico de Oz’ necessitava de um elenco de Munchkins de estatura diminuta, Clark, junto a um grupo de garotas de estatura média, foi selecionada com o objetivo de compor a notável cena de Munchkinland. Feita na famosa Bud Murray Dance Studio em Los Angeles, essas jovens têm uma média de idade entre 8 a 10 anos. A rotina delas era intensa, trabalhando durante parte do dia nos sets e, no restante, se dedicando aos estudos. Quando as câmeras estavam ligadas, algumas eram relegadas para o segundo plano, mas o diretor Victor Fleming percebeu o talento e o sorriso contagiante de Priscilla, garantindo que ela aparecesse em momentos-chave do filme.
“Nunca quis ser atriz; sempre amei dançar, o que foi uma grande parte da minha infância,” compartilha Clark, revelando sua relação especial com a dança. “Eu não tinha agente, mas fui sortuda ao ser escalada para vários filmes que milagrosamente sobreviveram ao teste do tempo.” Ao detalhar seus momentos no set de ‘O Mágico de Oz’, Clark reflete sobre a grandiosidade dos figurinos deslumbrantes e as imensas casas do cenário que capturavam a imaginação de uma garota de nove anos, fazendo o filme parecer um conto de fadas.
Memórias vívidas e emocionantes
Uma das memórias mais marcantes de Clark foi o dia em que Margaret Hamilton, a icônica bruxa má do Oeste, sofreu um acidente durante a gravação de sua cena. “De repente, uma sirene alta soou no estúdio, e homens correram em pânico para aquele local. Vou me lembrar disso para sempre,” relata Clark, lembrando-se de como Hamilton, gentilmente, se preocupou com as crianças no set, assegurando-lhes que o que estavam prestes a ver era apenas uma encenação. Trata-se de um momento que exemplifica não apenas o espírito do cinema, mas também a humanidade que permeava a produção do filme.
Clark cresceu em Alhambra, Califórnia, durante a Grande Depressão. Sua mãe sempre a apoiou, mas nunca a forçou a entrar no mundo do entretenimento. As experiências nos sets enriqueceram sua vida e, segundo ela, o dinheiro que ela ganhou ajudou a financiar sua educação em um período em que poucas meninas tinham essa oportunidade. Casou-se com seu amor de adolescência em 1949 e dedicou sua vida à família, criando duas filhas. Ao longo dos anos, o legado de ‘O Mágico de Oz’ nunca deixou de acompanhá-la, lembrando-a de que ela fez parte de algo verdadeiramente mágico.
Momentos especiais e o impacto do filme na vida de Clark
Com o tempo, Clark e seu marido adquiriram um barco a motor chamado “Munchkkin”, homenageando o filme que se tornou um marco em sua vida. O nostalgia continua viva nas celebrações familiares: “No casamento da minha neta Katie, quando Bud e eu estávamos sendo levados para nossos lugares, de repente, começou a tocar ‘Over the Rainbow’. Eu simplesmente não conseguia segurar as lágrimas,” compartilha. Anos depois, durante a cerimônia de casamento de sua outra neta, outra surpresa a emocionou profundamente quando a noiva revelou um par de sapatos de cristal como os da Judy Garland.
A celebração do legado e a gratidão de Clark
Em 2007, um marco importante na vida de Clark foi sua participação na cerimônia de reconhecimento dos Munchkins com uma estrela na Calçada da Fama. Neste evento, ela reencontrou uma amiga de longa data do set, Margaret Williams Pellegrini, com quem havia perdido contato por várias décadas. “Ver Margaret depois de mais de sessenta anos foi muito especial. Tive a oportunidade de apresentá-la à minha família, o que significou o mundo para nós duas,” reflete Clark, enfatizando os vínculos que o filme ajudou a formar.
Atualmente, Clark vive rodeada pelo amor de sua família, apesar de enfrentar alguns desafios de saúde. Com uma fé inabalável, ela se mantém positiva e percebe a bênção que foi participar de um filme tão emblemático. “Recebo cartas de fãs de todo o mundo, e faço o meu melhor para acompanhar isso. As pessoas escrevem sobre como o filme afetou suas vidas de maneira profunda, e é algo que me toca muito,” finaliza, revelando que, mesmo depois de tantos anos, o encanto de ‘O Mágico de Oz’ continua a tocar vidas e a unir pessoas através do amor pelo cinema.