Análise do Veredito e Implicações para a Plataforma
Na última quarta-feira, a Comissão Europeia tomou uma decisão que isenta a plataforma de mídias sociais Elon Musk’s X das regulamentações estabelecidas pela Lei de Mercados Digitais (DMA). Essa opção foi surpreendente, especialmente considerando que a plataforma já havia atingido os limites de uso exigidos anteriormente neste ano. Em termos práticos, esta decisão implica que a X não precisará se submeter às regras que definem o que é aceitável ou não em sua operação tradicional, particularmente em questões relacionadas ao uso de dados de terceiros e ao consentimento dos usuários no rastreamento de anúncios. O DMA é uma iniciativa da União Europeia que visa regular as grandes empresas de tecnologia, estabelecendo diretrizes que visam garantir uma relação mais justa com os usuários individuais e empresas. Atualmente, já existem sete empresas designadas como “gatekeepers” do DMA, englobando cerca de duas dúzias de “serviços de plataforma essenciais”, incluindo outros gigantes das redes sociais como Meta e TikTok.
Embora a não inclusão da X no rol de “gatekeepers” do DMA pareça ser uma boa notícia para Musk, evitando riscos regulatórios associados a possíveis penalidades que podem chegar a 10% do faturamento global anual (ou ainda mais em caso de reincidência), a razão pela qual a X não foi designada pode não ser bem vista pelo CEO. A Comissão Europeia argumentou que a X não é um gateway importante para que empresas atinjam consumidores. Essa avaliação pode ser interpretada como uma crítica à qualidade e relevância do atual modelo de negócios de anúncios da X, que em sua maioria tem promovido produtos de baixa qualidade, como empresas de drop-shipping comercializando produtos duvidosos, o que denota uma potencial degradação da experiência publicitária na plataforma.
Expectativas Futuras e Desafios de Conformidade
Em meio a esses desafios, a X, que havia argumentado contra a designação de “gatekeeper” ao notificar a União Europeia em maio sobre a sua meta de atingir 45 milhões de usuários ativos mensais e 10.000 usuários empresariais, deve se sentir aliviada em evitar os riscos associados ao DMA. Um comunicado da Comissão afirmou que “Após uma avaliação minuciosa de todos os argumentos, incluindo contribuições de partes interessadas relevantes e depois de consultar o Comitê Consultivo de Mercados Digitais, a Comissão concluiu que a X, de fato, não se qualifica como um gatekeeper em relação ao seu serviço de redes sociais on-line, dado que a investigação revelou que a X não é um gateway importante para os usuários empresariais alcançarem os usuários finais.”
Entretanto, a União Europeia se comprometeu a continuar monitorando os desenvolvimentos na posição de mercado da X, o que significa que, caso ocorra uma mudança substancial em seu poder de mercado, a Comissão poderá reavaliar a questão da designação. Contudo, dada a liderança de Musk e sua capacidade de alienar usuários tradicionais, anunciantes e empresas, essa perspectiva parece distante. Embora a DMA não represente uma ameaça imediata para a X, a empresa ainda enfrenta uma série de problemas de conformidade em nível regional, especialmente sob a Lei de Serviços Digitais (DSA), uma regulamentação irmã ao DMA. Com a DSA, a X deve aderir a regras de governança gerais e a um conjunto adicional de requisitos relacionados à transparência e responsabilidade algorítmica, que são reservados para plataformas maiores.
A Comissão, responsável pela aplicação dessas regras adicionais da DSA, já suspeita que a X tenha cometido várias infrações relacionadas à DSA e possui diversas investigações em andamento que, se confirmadas, podem resultar em penalidades de até 6% do faturamento global anual. Portanto, o comportamento de Musk, que inclui ofensas direcionadas a funcionários públicos, pode ainda voltar a assombrá-lo nas cortes da União Europeia.