A plataforma de redes sociais em rápido crescimento, Bluesky, que se apresenta como uma alternativa ao Twitter/X e é fundamentada em princípios da web aberta, compartilhou em uma transmissão ao vivo na última segunda-feira detalhes sobre sua proposta diferenciada para a verificação de contas de usuários. Enquanto que os modelos de verificação tradicionais de redes sociais, como os utilizados pela Meta e pelo X, adotaram uma abordagem de pagamento para obter o selo azul que confirma a identidade do usuário, Bluesky propõe um sistema mais plural e inclusivo, com vários provedores de verificação operando em conjunto para atender a uma comunidade mais ampla.

No momento, o único método disponível para que um usuário valide sua conta na Bluesky é por meio da adoção de um nome de domínio personalizado, uma opção que a empresa começou a oferecer no ano passado. Esse mecanismo já permite que os usuários reconheçam, por exemplo, que a conta @nytimes.com na Bluesky realmente pertence à renomada publicação The New York Times. Adicionalmente, a Bluesky se compromete a lidar diretamente com questões de impersonificação assim que estas surgem, enfatizando sua proatividade em proteger a integridade da plataforma.

Entretanto, de acordo com a visão da Bluesky, os domínios personalizados representam apenas uma parte da solução em relação à verificação no futuro. A empresa está considerando um modelo onde múltiplos provedores de verificação coexistam de maneira harmônica. A CEO da Bluesky, Jay Graber, comentou que “podemos nos tornar um provedor de verificação — e isso pode acontecer em algum momento (e também, não estou certa de quando). Mas seria algo onde você acessaria através de um aplicativo, e poderia haver outro aplicativo e outros serviços.” Sua declaração destaca a proposta de que a Bluesky, ao contrário de outras plataformas, não terá controle exclusivo sobre quem é rotulado de “verificado”. Esta abordagem sinaliza uma reconfiguração significativa em comparação com os sistemas tradicionais de verificação que dominam o setor.

A verificação no Twitter, agora conhecido como X, tem enfrentado complicações e preocupações ao longo dos anos. Inicialmente, o Twitter validava alguns usuários de alto perfil, mas ignorava outros que também acreditavam merecer a verificação, criando assim uma espécie de sistema de classes. Sob a nova administração de Elon Musk, a empresa buscou reformular esse modelo para torná-lo mais democrático, permitindo que qualquer pessoa pagasse para se verificar. Entretanto, essa mudança drástica resultou em um grande caos, pois usuários começaram a comprar os selos de verificação para se passar por outros na plataforma. Até hoje, o X ainda lida com um problema de contas verificadas que não são genuínas, o que desvalorizou o significado de um selo verificado.

Enquanto isso, a Meta seguiu uma linha semelhante, adotando um sistema de verificação paga que tem como principal objetivo auxiliar criadores e empresas em sua plataforma. Em contraste, a Bluesky busca construir uma infraestrutura que permita que qualquer um verifique outros de acordo com suas próprias regras e políticas, refletindo a mesma filosofia que atualmente permite aos usuários construir seus próprios feeds, sistemas de moderação e algoritmos. Embora a Bluesky pudesse optar por se concentrar na verificação de usuários de alto perfil, outros poderiam desenvolver sistemas de verificação que avaliassem as pessoas segundo outros critérios.

Por exemplo, Graber sugeriu que uma universidade poderia validar usuários como ex-alunos, ou um grupo de fãs, como os Swifties, poderia validar indivíduos como membros da comunidade. Esses provedores de verificação teriam a liberdade de serem seletivos em relação a quem seria verificado, ou poderiam oferecer serviços mais abrangentes, onde a validação de uma variedade de afiliações diferentes faria parte de suas ofertas. Um dos desafios, conforme observado pela CEO, será determinar como apresentar múltiplas validações ao usuário final de modo a não causar confusão. A empresa precisará descobrir como essas verificações apareceriam — talvez como distintivos? — e se outros aplicativos de terceiros da Bluesky precisariam exibi-los da mesma maneira que o cliente oficial da empresa.

A questão do tempo também é relevante. A equipe de 20 pessoas da Bluesky tem trabalhado incansavelmente para acompanhar o aumento repentino de usuários que começaram a deixar o X desde as eleições presidenciais nos EUA e as alterações de políticas que permitem ao X treinar inteligência artificial com os dados dos usuários, bem como outras novas normas. Desde a eleição, a Bluesky recebeu 8.7 milhões de novos usuários, totalizando hoje 22.7 milhões. Como resultado, a concorrente Threads, também da Meta, está correndo para viabilizar um contrapeso a essa ameaça, introduzindo um conjunto de recursos semelhantes aos da Bluesky, como a possibilidade de alternar o feed padrão e uma atualização em seu algoritmo.

Durante a transmissão ao vivo, a equipe da Bluesky discutiu outras intenções de longo prazo, como a possibilidade de perfis na Bluesky serem projetados para conectar usuários a sua presença digital mais ampla, incluindo seus próprios sites e outras contas sociais, semelhante ao que plataformas como Linktree oferecem atualmente. Contudo, a empresa ressalta que ainda não pode se comprometer com a implementação de recursos específicos ou um cronograma, dadas as crescentes demandas que surgem com o rápido crescimento na base de usuários.

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