Recentemente, a adaptação cinematográfica do aclamado musical Wicked tem quebrado recordes de bilheteira e se tornou a atração mais esperada da temporada de Ação de Graças. Contudo, esse sucesso também provocou uma discussão inflamativa sobre a etiqueta nas salas de exibição, um assunto que vem reverberando há alguns anos e que parece se intensificar à medida que cada vez mais pessoas se sentem à vontade para sacar seus celulares durante as sessões de cinema. A prática de tirar fotos, filmar ou até mesmo cantarolar as canções do filme, tornou-se um motivo de incômodo para muitos cinéfilos e sou aqui para pedir que isso cesse. É hora de refletir sobre como estamos nos comportando em um espaço que deveria ser sagrado para a experiência cinematográfica.

Ao navegar nas redes sociais, deparei-me com um post lamentável: uma pessoa compartilhava uma foto do cartaz de Wicked enquanto assistia ao filme no cinema, convidando outras pessoas a fazerem o mesmo. O que deveria ser um momento de apreciação foi transformado em uma espécie de concurso de likes, onde centenas de indivíduos começaram a compartilhar suas próprias fotos. O resultado? Uma atmosfera deprimente e frustrante, surgindo um debate acalorado nos comentários que logo se desdobrou em discussões online sobre o devido comportamento nas salas de cinema.

Os defensores do uso de celulares durante os filmes costumam justificar seu comportamento com frases como “Eu mantive a tela bem baixa e tirei só uma ou duas fotos!” ou “Eu paguei pela entrada, então posso usar meu celular!” ou até mesmo “Quero conversar com meus amigos enquanto assisto ao filme.” No entanto, argumentações como essas falham em reconhecer um ponto crucial: a experiência de outras pessoas no mesmo ambiente. A verdade é que, mesmo que a tela do seu celular esteja minimamente iluminada, a interrupção causada é irritante. Ademais, quem se sente à vontade para levantar a câmera em uma sala cheia provavelmente não hesitará em cantar ou falar em voz alta, comprometendo a vivência de quem realmente deseja aproveitar o filme.

É vital que revisitemos a lógica de “paguei pelo ingresso, tenho direitos”. Certamente você pagou por um bilhete, mas isso não lhe dá direitos especiais que eximem de normas de convivência que todos compartilham nos cinemas. Quantos anúncios e vídeos, exibidos antes do início do filme, pedindo para desligar o celular e manter o silêncio, vocês precisam ver antes de compreender que as regras são para todos? Se você realmente precisa responder a uma mensagem ou atender a uma ligação, a solução é simples: saia da sala e cuide disso fora. Não há justificativa para que a experiência de dezenas de outras pessoas seja prejudicada por um único comportamento desconsiderado.

Em uma experiência pessoal, certa vez meu pai me ligou enquanto assistia a um filme. Meu celular estava no modo vibratório e ao ver sua chamada, levantei-me discretamente, enviei uma mensagem rápida e retornei ao meu lugar. Não era uma emergência, então informei que retornaria a ligação mais tarde. É realmente simples. O que parece ser uma dificuldade para muitos é, na verdade, uma questão de respeito pelo espaço coletivo e pela experiência cinematográfica.

As redes sociais também são um lugar em que conseguimos ver a vida através das lentes de um celular, mas ao assistir a um filme no cinema, a desconexão é um ingrediente especial. Para muitos, pagar um ingresso é uma forma de escapar das tensões diárias e mergulhar em uma narrativa que exige a atenção plena de todos os presentes. Por isso, a cultura do “demonstre seu momento” por meio de fotos e vídeos não combina com a atmosfera sagrada que muitos apreciam ao assistir a um filme na tela grande. É um momento quase mágico, repleto de potencial para ser transformador, e tudo isso pode ser arruinado por um flash de celular.

A experiência de ir ao cinema é um convite ao desligamento do mundo externo. Eu entendo que vivemos em um mundo hiperconectado, onde é tentador querer compartilhar cada momento. Mas a maravilha de uma sala escura e silenciosa é que ela nos proporciona um escape, um local onde as pessoas se reúnem em torno de uma experiência comum, em que se observa e se sente ao mesmo tempo. Todos nós devemos valorizar essa raridade e fazer um esforço para respeitar as normas que tornam essa experiência possível. Se você encontra dificuldade em manter seu celular fora de uso por algumas horas, talvez seja melhor optar por assistir a um filme em casa, onde as regras são diferentes, e você pode fazer o que quiser sem prejudicar os outros. A recomendação é clara: preserve os cinemas como espaços destinados àqueles que conseguem manter seus dispositivos móveis guardados, em silêncio e afastados por algumas horas valiosas.

A experiência no cinema deve ser um momento de união e respeito, assim como o respeito à etiqueta é o que nos permite desfrutar plenamente desse espetáculo que nos transporta a outros mundos. Portanto, na sua próxima visita ao cinema para assistir ao filme Wicked ou a qualquer outro, lembre-se do valor desse momento e faça sua parte para assegurar que ele permaneça mágico, silencioso e cheio de encanto.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *