A perspectiva de uma nova guerra comercial entre os Estados Unidos e seus vizinhos, México e Canadá, levanta preocupações sobre o impacto econômico que poderá ter sobre os consumidores americanos. Se executado, o plano do ex-presidente Donald Trump de impor tarifas de 25% sobre a maioria dos produtos importados desses países pode alterar significativamente o cenário econômico, aumentando os custos para os cidadãos. No momento em que o ex-presidente assuma novamente em 20 de janeiro, as consequências financeiras de sua estratégia de tarifas se tornarão evidentes e afetam diretamente o dia a dia dos americanos.
Durante o primeiro mandato de Trump, os EUA já se envolveram em uma intensa guerra comercial com a China, com o objetivo de proteger empregos, impulsionar a fabricação interna e equilibrar a balança comercial. Essa abordagem envolveu a imposição de tarifas altas sobre produtos chineses, resultando em preços mais altos para os consumidores americanos, que acabaram arcando com o custo adicional. Embora a administração Biden tenha mantido muitas dessas tarifas, a tensão entre os dois países continua a afetar o mercado.
Agora, com a proposta de Trump de aumentar as tarifas sobre produtos vindos do México e do Canadá, os consumidores estão na linha de frente das consequências. Em 20 de janeiro, com sua possível reintegração, Trump promete um novo fardo financeiro para os consumidores: tarifas de 25% sobre quase todos os bens importados de seus vizinhos imediatos. Isso ocorre em contraste direto com o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que, sob sua administração anterior, havia estabelecido um comércio quase livre com essas nações.
O potencial impacto desses novos impostos pode ser sentido em uma variedade de produtos que os consumidores americanos compram regularmente. Por exemplo, o setor de combustíveis pode ser severamente afetado. O petróleo bruto, um dos principais produtos importados do Canadá, alcançou um recorde de 4,3 milhões de barris por dia em julho, impulsionado pela expansão do oleoduto Trans Mountain. A expectativa é que as tarifas possam aumentar os preços dos combustíveis entre 25 a 75 centavos por galão, o que afetará diretamente motoristas, especialmente nas regiões ao redor dos Grandes Lagos e do Meio-Oeste.
Outro exemplo significativo é a dependência crescente dos EUA por produtos agrícolas mexicanos. Em 2022, os EUA importaram cerca de 44,1 bilhões de dólares em produtos agrícolas do México. Isso equivale a cerca de um quinto de todos os produtos agrícolas norte-americanos. Se Trump implementar tarifas de 25%, a popular guacamole ou o simples abacate que adorna o brunch dos americanos podem rapidamente se tornar produtos de luxo, já que 90% dos abacates consumidos nos EUA vêm do México.
As montadoras americanas também sentem o peso desta política comercial. Em 2023, os EUA importaram cerca de 44,76 bilhões de dólares em veículos do México. Com várias montadoras transferindo parte da produção para evitar tarifas sobre produtos chineses, a imposição de tarifas agora poderia aumentar os custos de produção dos veículos nos Estados Unidos, resultando em carros e caminhões mais caros nas concessionárias. A interdependência entre as montadoras americanas e os fornecedores mexicanos é tão intensa que uma mudança abrupta nesta dinâmica poderia resultar em um verdadeiro terremoto no setor automotivo.
Por último, o setor de bebidas alcoólicas também poderá sentir os efeitos devastadores das novas tarifas. O México é responsável por mais de 80% das importações de cervejas dos EUA e, em 2023, foram importados 4,6 bilhões de dólares em tequila, além de outras bebidas. Impor tarifas a esses produtos não só aumentaria os preços, mas também poderia levar a perdas de empregos no setor de hospitalidade dos EUA, que ainda se recupera dos impactos da pandemia.
Resumindo, a potência econômica da nova rodada de tarifas de Trump se faz necessária ser observada, especialmente no contexto de um país que já está cada vez mais dependente das importações dos vizinhos do norte e do sul. O México, segundo dados do Departamento de Comércio, ultrapassou a China como o maior exportador de bens para os EUA no ano passado. Essa mudança significativa enfatiza a força crescente da economia mexicana e a ampla gama de produtos que os consumidores americanos importam desses países.
Seja qual for o ângulo de análise, a previsão é clara: seja no abastecimento do carro, na mesa de jantar ou no copo, os tarifários impostos por Trump, se efetivados, podem ser um golpe significativo no bolso dos cidadãos americanos. As empresas, pressionadas por custos crescentes, inevitavelmente transferirão esses aumentos para os consumidores, levando a um cenário econômico cada vez mais desafiador.