A música e suas histórias frequentemente revelam conexões inesperadas entre artistas icônicos. Recentemente, uma carta manuscrita escrita por John Lennon para Eric Clapton, na qual o ex-integrante dos Beatles convida Clapton a formar um novo supergrupo, está prestes a ser leiloada. O leilão ocorrerá no próximo mês e promete despertar o interesse tanto de colecionadores quanto de fãs da música. Esta correspondência não é apenas uma oferta de colaboração, mas um testemunho da conexão intelectual e emocional entre dois gigantes da música, repleta de ideias inovadoras que poderiam ter mudado o curso do rock.
Datada de 29 de setembro de 1971, a carta, que contém oito páginas de reflexões sinceras, revela a admiração profunda de Lennon pelo trabalho de Clapton, além de delinear sua visão para um projeto musical que prometia ter um impacto “revolucionário” nas performances ao vivo. O documento, que possui várias correções e edições, sugere que Lennon não só enxergava Clapton como um aliado criativo, mas também como parte de um núcleo que contaria com outros músicos talentosos, incluindo Klaus Voormann, Jim Keltner, Nicky Hopkins e Phil Spector, todos eles já haviam trabalhado anteriormente com os Beatles.
Durante a correspondência, Lennon compartilha seu desejo de revitalizar o rock, afirmando que sua intenção era “trazer de volta a ousadia do rock ‘n’ roll”. Ele também menciona a inclusão de sua esposa, Yoko Ono, no projeto, destacando um desejo de não apenas fazer música, mas de criar experiências que poderiam ressoar com a audiência de uma forma única. O leilão da carta terá uma estimativa inicial de venda entre 150.000 euros (cerca de 158.000 dólares), o que o torna uma das formas mais raras de comunicação pessoal de Lennon disponíveis no mercado. A casa de leilões International Autograph Auctions Europe SL enfatiza a importância histórica da carta em um comunicado à imprensa.
Lennon, em seus escritos, menciona a valorização que ele e Yoko tinham pela música de Clapton. Ele ressalta que ambos estavam buscando um novo caminho profissional, pois haviam se afastado da intensa rotina de shows que marcaram sua trajetória com os Beatles, dizendo: “Após perdermos o concerto Bangla-desh, começamos a sentir cada vez mais a necessidade de seguir em frente, mas não da maneira antiga, com noites e mais noites de tortura.” O concerto Bangla-desh, realizado em 1971, foi um marco de solidariedade, onde grandes nomes da música, incluindo Clapton, se apresentaram.
Lennon não apenas demonstrou seu respeito pelo talento de Clapton, mas também expressou um entendimento das dificuldades pessoais que seu colega enfrentava na época. Na carta, ele menciona os desafios que ambos passaram, revelando um lado mais humano e sensível, ao declarar que “ambos já passamos por dores semelhantes” e que juntos poderiam se ajudar mutuamente. Ele acreditava que essa colaboração poderia trazer à tona uma nova grandeza em Clapton e também nos outros músicos envolvidos. “Eu sei que posso fazer surgir algo grandioso — de fato, maior do que já foi evidente em sua música”, ele escreveu, com esperança de que essa nova formação musical pudesse alcançar algo verdadeiramente extraordinário.
Por fim, Lennon finalizou a carta de maneira gentil, enfatizando que não queria pressionar Clapton, mas sim que ele considerasse seriamente a proposta. “Não estou tentando te pressionar de jeito nenhum e entenderia completamente se você decidir não se juntar a nós, ainda assim, sempre o respeitaremos”. O documento é uma cápsula do tempo que captura a essência criativa de Lennon e o faz refletir sobre o que poderia ter sido esse projeto musical conjunto.
O leilão está programado para o dia 5 de dezembro e certamente será um evento que atrairá a atenção de fãs e colecionadores. Além disso, ao longo deste ano, outros itens relacionados ao mundo da música foram a leilão, como pertencentes a Pattie Boyd, que incluem uma carta amadora de Clapton, vendida por números elevados, refletindo a crescente demanda por memorabilia de música. A carta de Lennon para Clapton é uma lembrança tocante da amizade e colaboração que poderia ter mudado a história do rock, assim como um memorial à genialidade de dois ícones que, apesar de suas divergências, influenciaram e moldaram a música moderna.