Nos últimos dois meses, uma polêmica significativa tomou conta das escolas do Tennessee, à medida que distritos escolares começaram a retirar uma variedade de livros, incluindo várias séries de mangás, de suas bibliotecas. Essa questão não é apenas uma simples discussão sobre o que ler, mas um indicativo das amplas mudanças regulatórias que estão afetando a educação em todo o país. Com a nova legislação em vigor, os distritos têm enfrentado uma pressão crescente para revisar e, em muitos casos, restringir o acesso a conteúdos considerados impróprios, o que gerou um debate fervoroso sobre censura e liberdade de expressão nas instituições de ensino.

Remoções em Massa: O Que Está Acontecendo?

O distrito escolar de Rutherford County foi o primeiro a chamar a atenção ao anunciar em 11 de novembro a remoção de mais de 150 títulos de suas bibliotecas, uma decisão que veio após a intervenção da conselheira Frances Rosales, que sinalizou preocupações um dia antes. Entre os títulos destacados no processo de revisão estavam os primeiros oito volumes de Assassination Classroom, de Yūsei Matsui, e o primeiro volume de Fire Force, de Atsushi Ōkubo. O membro do conselho, Caleb Tidwell, mencionou que esses títulos continham conteúdo que ele considerou sexualmente explícito, de acordo com as diretrizes do conselho escolar e leis de obscenidade do estado.

Esse movimento segue uma lista anterior, proposta por Tidwell em fevereiro, que continha 35 livros que, embora não fizessem parte do currículo escolar, estavam disponíveis nas bibliotecas. Agora, após a remoção, o distrito tem 60 dias para revisar os livros e decidir se eles retornarão às estantes ou se serão banidos de forma permanente.

Outro distrito, o Wilson County Schools, não ficou atrás. Em 24 de outubro, a instituição divulgou uma lista impressionante de cerca de 400 títulos que foram removidos. Entre eles estavam obras famosas, como Jujutsu Kaisen, de Gege Akutami, JoJo’s Bizarre Adventure, de Hirohiko Araki e Attack on Titan, de Hajime Isayama. Esses títulos, reconhecidos mundialmente, estão entre os favoritos entre os jovens, mas agora enfrentam a dura realidade das estantes vazias.

Legislação e Censura: O Que Está por Trás das Remoções?

A mudança nas bibliotecas do Tennessee não pode ser vista isoladamente. As alterações na **Age-Appropriate Materials Act** de 2022, que entraram em vigor em 1 de julho, ampliaram a definição de obscenidade, permitindo que materiais que abordem nudez ou descrevam atividades sexuais, violência excessiva ou abuso sadomasoquista sejam considerados impróprios. A legislação, que também considera o apelo de “interesses libidinosos”, coloca em risco a disponibilidade de uma ampla gama de literatura juvenil nas bibliotecas públicas.

A conselheira Rosales, em declaração ao Chalkbeat, afirmou que utilizou a lista de livros removidos de Wilson County, além do site **Book Looks** — uma plataforma que avalia literatura — para compilar a lista de títulos a serem removidos em Rutherford County. A avaliação da literatura juvenil agora parece depender fortemente de opiniões que podem ter um viés significativo, levantando questões sobre a transparência e imparcialidade desses processos decisórios. E o que começou como uma tentativa de proteger os jovens pode facilmente se transformar em uma forma de censura, levando à privatização da liberdade literária.

Impactos em Outros Estados e o Movimento Nacional

Vale destacar que a situação no Tennessee não é única. Em várias partes dos Estados Unidos, muitos distritos escolares estão seguindo um caminho similar, com escolas de Richmond County, na Carolina do Norte, removendo cópias do mangá Unico: Awakening devido a uma reclamação de uma mãe sobre representações de violência e abuso de animais. Outros distritos na Flórida e em Utah já baniram diversas obras, como Sasaki e Miyano, também gerando controvérsias entre pais e educadores.

Essas mudanças refletem uma tendência crescente que não apenas se limita ao Tennessee, mas se espalha por diversos estados. Com leis semelhantes em andamento em Tennessee, Idaho e Carolina do Sul, fica claro que o movimento contra livros considerados pornográficos ou indecorosos está se alastrando e tornando-se uma preocupação nacional que recorta diretamente o acesso à educação e à diversidade literária.

Considerações Finais: O Futuro da Literatura nas Escolas

Como podemos ver, o que está em jogo não é apenas o futuro de certos títulos nas bibliotecas, mas também o futuro da literatura e a capacidade dos jovens de se conectarem com narrativas que representam uma variedade de experiências e visões de mundo. Cada remoção de título não é apenas uma perda de um livro; é uma perda de acesso a diálogos importantes que ajudam a moldar o pensamento crítico e a empatia nas gerações mais novas.

Enquanto a polêmica continua e os distritos escolares revisam suas bibliotecas sob a sombra da nova legislação, é essencial que a comunidade educacional e os pais se unam para discutir como equilibrar as preocupações de idade e conteúdo, sem desmantelar o acesso à rica tapeçaria que a literatura pode oferecer aos jovens leitores. O que você pensa sobre essa situação em evolução? É hora de repensar o que significa proteger as nossas crianças dentro do mundo literário.

Chalkbeat | Clarksville Now | Viz Media

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