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Na quarta-feira, os Estados Unidos anunciaram novas sanções individuais que afetam mais de 20 funcionários alinhados ao autoritário presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Essa medida visa pressionar Maduro a aceitar os resultados das eleições presidenciais de julho na Venezuela, conforme relataram altos funcionários do governo em um briefing com jornalistas. A notícia, portanto, adiciona um novo capítulo à longa saga de tensões políticas no país sul-americano, onde a democracia parece estar em um estado profundamente comprometido.
Esta nova rodada de sanções coincide com a marca de quatro meses exatos desde a eleição de julho e, segundo autoridades sêniores, acredita-se que essas sanções aumentem a pressão sobre os oficiais venezuelanos para que se afastem do governo Maduro, contribuindo assim para uma possível transição democrática no país. A expectativa é que a fragilidade do governo atual encoraje dissidentes a reconsiderar sua lealdade, criando espaço para um diálogo mais amplo sobre o futuro político da Venezuela.
As novas sanções visam principalmente oficiais militares da Guarda Nacional Bolivariana, da Polícia Nacional Bolivariana e de outros setores do aparato de segurança, de acordo com os relatos dos oficiais dos EUA. Essa estratégia reflete um reconhecimento crescente da importância de desmantelar a base de apoio militar do presidente Maduro, que tem sido crucial para sua permanência no poder.
Entre os sancionados estão o recém-nomeado chefe de gabinete de Maduro, Aníbal Coronado, o ministro de Comunicação, Freddy Ñañez, e o diretor dos serviços de inteligência, Alexis Rodríguez. Estes nomes, por sinal, fazem parte de um círculo central que, sob a liderança de Maduro, tem sido acusado de reprimir a dissidência e minar os direitos humanos na Venezuela. A inclusão de figuras proeminentes nestas sanções sugere que os Estados Unidos estão determinados a cortar as alegadas raízes da corrupção e do autoritarismo no governo venezuelano.
Embora as sanções em larga escala relacionadas ao petróleo e licenças gerais que permitem a certas empresas, como a Chevron, fazer negócios na Venezuela permaneçam em vigor, os funcionários dos EUA indicaram que essas condições estão “constantemente sendo revisadas”. Isso deixa em aberto a possibilidade de ajustes políticos e econômicos com relação às políticas de sanctions, dependendo da evolução da situação no país. As incertezas sobre o consumo de petróleo, assim como sobre o clima político, permanecem flutuantes, criando uma atmosfera de ansiedade entre os investidores e cidadãos venezuelanos.
O anúncio das sanções ocorre apenas uma semana após os Estados Unidos terem formalmente reconhecido o líder da oposição venezuelana, Edmundo Gonzalez, como o presidente eleito do país, após a controversa eleição presidencial de 28 de julho. O secretário de Estado, Antony Blinken, fez esse reconhecimento durante uma participação na cúpula do G20 no Rio de Janeiro. Ele afirmou que “o povo venezuelano se expressou de forma retumbante em 28 de julho e fez de Edmundo Gonzalez o presidente eleito”. Portanto, a declaração de Blinken reforça a posição dos Estados Unidos em relação ao processo democrático na Venezuela, destacando a necessidade de respeito pela vontade popular.
Quando questionados sobre qualquer comunicação com a equipe de segurança nacional do presidente eleito Donald Trump a respeito da Venezuela, um dos oficiais evitou a resposta direta. “Estamos tomando essas ações com respeito à Venezuela como parte do engajamento da administração Biden em promover a democracia e também responsabilizar o regime e seus agentes por práticas que incluem repressão política e a subversão da vontade democrática do povo”, afirmou um oficial. É interessante notar a transição política que pode ocorrer em janeiro e como isso pode influenciar a abordagem dos Estados Unidos em relação a Maduro e seu governo.
A maioria dos membros do gabinete venezuelano já foi alvo de sanções do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos desde o início da crise na Venezuela, em 2017. A extensão dos sancionados demonstra a adesão dos Estados Unidos à pressão contínua sobre os atores do regime Maduro, refletindo uma preocupação persistente com a estabilidade política e econômica na Venezuela. A história tem mostrado que essas sanções têm um impacto significativo e muitas vezes devastador na economia local, mas também geram desafios e reações por parte do governo venezuelano.
Maduro em si foi sancionado desde 31 de julho de 2017; três anos depois, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos formalmente acusou Maduro por crimes relacionados ao tráfico de drogas e ao terrorismo. A consequência disso é que até hoje, procuradores dos EUA oferecem uma recompensa de até 15 milhões de dólares por informações que levem à captura ou condenação do forte venezuelano. A gravidade das acusações reafirma o papel dos Estados Unidos como um ator relevante nas questões latino-americanas e a disposição de agir em defesa da democracia e dos direitos humanos.
Contribuição de Jennifer Hansler da CNN para este relatório.