O cenário das startups na Europa está prestes a passar por transformações significativas sob a liderança renovada da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Às vésperas de seu segundo mandato, que terá início em 1º de dezembro, von der Leyen delineou a necessidade urgente de a Europa aprimorar sua capacidade de escalar startups, um elemento que visa fechar a chamada “lacuna da inovação”. Durante um discurso proferido no Parlamento Europeu, que precedeu a votação de sua nova equipe de comissários, ela enfatizou que a competitividade da União Europeia será diretamente proporcional ao suporte oferecido a inovadores e à redução da burocracia que, muitas vezes, inibe a expansão de novos negócios.

Ao abordar os membros do Parlamento Europeu, von der Leyen salientou a boa notícia de que a participação da Europa nas aplicações globais de patentes está “em pé de igualdade” com a dos Estados Unidos e da China. No entanto, ela fez questão de ressaltar que, do total dessas patentes, apenas um terço está sendo comercialmente explorado. “Estamos praticamente no mesmo nível que os Estados Unidos em criação de startups. Contudo, no que diz respeito a escalá-las, nossa performance está aquém dos concorrentes. Precisamos fechar essa lacuna”, alertou a presidente.

Como parte de sua estratégia para reformar as condições que afetam o crescimento das startups, von der Leyen ressaltou a importância de “investir mais e focar melhor”. Ela indicou que é essencial investir nas startups desde os estágios iniciais, e para isso, nomeou uma nova comissária (Henna Virkkunen) responsável por um portfólio financeiro com foco em ‘tecnologias de fronteira’, tais como inteligência artificial e biotecnologia. Para von der Leyen, a Europa precisa ser o berço da próxima onda de inovações revolucionárias que têm o potencial de alterar mercados e sociedades.

No âmbito do financiamento, a presidente da Comissão Europeia enfatizou a necessidade urgente de mais investimentos privados. “Se quisermos avançar em nossas ambições de fomentar ideias inovadoras e impulsionar a competitividade, precisamos de reformas financeiras”, afirmou. Dando um panorama econômico, ela destacou que a despesa das empresas em pesquisa e desenvolvimento na Europa representa cerca de 1,3% do PIB, em comparação a 1,9% na China e 2,4% nos Estados Unidos. Essa diferença no capital privado investido é vista como uma barreira significativa ao progresso em inovação.

“Por isso, propus uma União Europeia de Poupanças e Investimentos”, continuou von der Leyen. “Confiei essa tarefa à comissária Maria Luís Albuquerque, que auxiliará as empresas europeias a encontrar o capital necessário aqui na Europa.” Além disso, ela reconheceu que a burocracia excessiva pode ser um grande obstáculo para os empreendedores. “Para que a Europa se equipare, também precisaremos facilitar a vida de nossas empresas”, disse aos Parlamentares Europeus, expondo que os empreendedores enfrentam uma carga regulatória pesada e complexa.

Valdis Dombrovskis, escolhido como comissário para Economia e Produtividade, receberá a incumbência de introduzir “nova legislação omnibus”, que analisará as regras existentes em diferentes setores e buscará simplificar o panorama regulatório. Van der Leyen reforçou que a maior força do Mercado Único reside na sua capacidade de substituir os variados padrões e costumes nacionais por um conjunto uniforme de regras, e que é preciso retomar essa essência para facilitar os negócios em toda a Europa.

A ênfase que a presidente deu ao apoio à inovação como fundamental para a competitividade futura da Europa provavelmente será muito bem recebida pelo ecossistema local de startups. No entanto, alguns poderão questionar se a ideia de simplificar a complexa rede de regulações da UE não é uma contradição em si mesma, especialmente considerando que Bruxelas se orgulha historicamente de ser uma líder na criação de normas. Porém, a inclinação mais à direita da nova União Europeia pode sinalizar uma mudança de direção.

Em última análise, um mudança cultural pode ser necessária para entregar a pipeline de inovações que von der Leyen almeja. Essa mudança requer que investidores regionais fiquem mais confortáveis com riscos e investimentos significativos, em vez de se ater a retornos estáveis e previsíveis. A transformação do ecossistema de startups da Europa é complexa, mas a visão e as propostas apresentadas pela nova Comissão européia oferecem um caminho promissor. O cardápio de soluções inclui o fortalecimento e a diversificação do suporte financeiro, bem como uma desburocratização significativa. Esses passos são fundamentais para que a Europa não apenas acompanhe, mas liderem o futuro da inovação tecnológica global.

Para mais informações sobre as diretrizes inovadoras da UE, acesse o plano da Comissão Europeia para 2024-2029 aqui.

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