O presidente eleito Donald Trump está tomando medidas significativas em sua nova administração, especialmente no que diz respeito à segurança nacional e à crise na Ucrânia. Recentemente, seu futuro conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz, tem explorado várias propostas para acabar com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Esse movimento inclui sugestões do General Keith Kellogg, escolhido como enviado especial para a região, que têm o potencial de moldar drasticamente a política exterior dos EUA e as relações com aliados europeus.

Ainda em fase de formulação, os detalhes da estratégia indicam que a administração Trump buscará um cessar-fogo inicial para congelar temporariamente o conflito e permitir que ambas as partes conduzam negociações. Além disso, os oficiais da administração esperam pressionar os aliados europeus e a OTAN a assumirem mais custos pela ajuda à Ucrânia. Waltz expressou a urgência de alcançar um “fim responsável” à guerra, enfatizando a necessidade de restaurar a dissuasão e a paz antes que uma escalada adicional ocorra.

Durante uma entrevista, Waltz destacou que “precisamos trazer isso a um fim responsável, restaurar a dissuasão e a paz, e nos antecipar ao caso de escalada, ao invés de apenas responder a ela.” Essa postura reflete um desejo mais amplo da administração de restabelecer a ordem no cenário internacional, onde os Estados Unidos desempenham um papel integral.

Mike Waltz participa da Cúpula Anual Concordia de 2024 na cidade de Nova Iorque.

Fonte: Riccardo Savi/Getty Images North

Antes de sua eleição, Trump frequentemente afirmou que a guerra na Ucrânia não teria começado se ele estivesse no cargo, prometendo resolver o conflito rapidamente. Durante o debate presidencial em setembro, ele não se comprometeu a apoiar a vitória da Ucrânia sobre a Rússia, sugerindo que a Ucrânia deveria ter “concedido um pouco” à Rússia, uma declaração que causou preocupação entre analistas e aliados.

As propostas que Waltz está avaliando incluem, como mencionado, a proposta de Kellogg, que sugeriu que a assistência militar dos EUA à Ucrânia deveria ser condicionada à participação de Kiev em negociações de paz com Moscou. Além disso, a política formal dos EUA buscaria um cessar-fogo e um acordo negociado para o conflito. Para atrair a Rússia para a mesa de negociações, o desejo da Ucrânia de se juntar à OTAN seria “adiado” por um período prolongado.

Waltz também está analisando uma proposta de Ric Grenell, ex-embaixador dos EUA na Alemanha, que apoia a criação de “regiões autônomas” dentro da Ucrânia. Grenell não forneceu muitos detalhes sobre como isso funcionaria, mas essa ideia levanta questões sobre a soberania ucraniana e a possibilidade de concessões territoriais. A aplicação destas ideias, no entanto, seria repleta de desafios, já que muitos ucranianos e aliados ocidentais ressentiriam a ideia de dividi-la em regiões autônomas, especialmente após os resultados desastrosos de tentativas passadas de cessar-fogo que acabaram em perda territorial para a Ucrânia.

Além disso, uma proposta alternativa sugere que, em troca de uma Ucrânia se juntar à OTAN, a Rússia poderia manter os territórios que ocupa atualmente. Essa ideia é complexa e controversa, tanto dentro do círculo de Trump quanto entre líderes do Ocidente. A administração Biden, por exemplo, já indicou que a adesão da Ucrânia à OTAN só ocorrerá quando a guerra terminar, uma posição que não descartaria a possibilidade de negociação com a Rússia em questões territoriais.

Recentemente, Waltz teve discussões sobre a crise com Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente Biden, destacando o nível de comunicação e a seriedade com que a nova administração pretende abordar a questão. Embora ainda seja cedo para definir claramente qual será a estratégia final da administração Trump, a constante mudança de posições por parte do ex-presidente sugere que o planejamento sobre a Ucrânia será dinâmico e em evolução.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestou a necessidade de encontrar uma solução diplomática para terminar a guerra, mas com clareza, ele se opõe a qualquer cessar-fogo que não venha acompanhado de garantias de segurança. Zelensky lembrou que negociações anteriores, como as tentativas de 2014, resultaram na perda da Crimeia e na expansão do conflito em 2022. Isso destaca a delicadeza de qualquer proposta que possa ser considerada pela nova administração americana.

Trump e Zelensky em reunião.

Fonte: Shannon Stapleton/Reuters

Enquanto isso, aliados de Trump em posições de segurança nacional já sinalizaram publicamente que o presidente eleito está considerando uma gama de opções para trazer a Rússia e a Ucrânia à mesa de negociações. Isso inclui uma potencial intensificação do apoio militar aos ucranianos, uma mudança de posição em relação à qual muitos poderiam inicialmente não ter esperado por parte de Trump.

Sebastian Gorka, um dos novos oficiais da segurança nacional, expressou que a administração pode não hesitar em usar a pressão da ajuda militar para forçar a Rússia a negociar, sinalizando uma mudança significativa na abordagem dos EUA. Este novo direcionamento implica que a administração Trump poderá não apenas desafiar a Rússia, mas também esperar uma colaboração ativa da Ucrânia nas questões de negociação, colocando mais pressão sobre ambos os lados para chegar a um entendimento.

Em meio a tudo isso, a administração Biden recentemente autorizou a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance fabricados nos EUA em ataques em profundidade dentro da Rússia. Essa flexibilidade no apoio militar pode complicar a dinâmica das negociações, dependendo de como a nova administração de Trump decidir proceder.

Portanto, à medida que Trump se prepara para sua nova posição, a tensão em torno da guerra na Ucrânia e as propostas emergentes para resolução são indicativas de uma era complexa de política externa que poderá moldar não só o futuro da Ucrânia, mas também o equilíbrio de poder global.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *