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O mundo dos figurinos cinematográficos é muitas vezes uma tela em branco onde a arte e a narrativa se encontram, e poucos artistas possuem a habilidade de costurar diversas influências culturais e visuais de maneira tão impactante quanto o renomado designer de figurinos Paul Tazewell. Conhecido por seu trabalho em produções como West Side Story e Harriet, Tazewell se destaca por sua capacidade de transitar entre o realismo histórico e a fantasia. Em sua mais recente empreitada, ele busca trazer uma nova perspectiva e um toma de consciência feminista aos figurinos da adaptação cinematográfica de Wicked, uma história que explora as complexidades da amizade e da rivalidade entre duas bruxas icônicas, Elphaba e Glinda.

Tazewell explica que seu trabalho em Wicked não é apenas uma tarefa de adaptação, mas sim uma busca profunda pelas raízes da narrativa original. “O que me fascinou sobre Wicked foi a possibilidade de criar um universo que respeita silhuetas de épocas passadas, enquanto insere elementos de um mundo fantástico. A história é um coletivo de diferentes expressões artísticas, e isso me permitiu explorar novas narrativas culturais”, diz ele.

Ele acrescenta que ao trazer à tona a essência da peça original, conseguiu também modernizá-la sem perder sua identidade. Ele afirma: “Mantivemos a essência do visual do espetáculo, mas acrescentamos camadas que refletem as jornadas emocionais dos personagens.” Isso é visível em trajes que fazem referência a histórias passadas, mas que também se sentem frescos e relevantes no contexto atual. Tazewell revela que sua familiaridade com a obra de Oz, vista durante sua infância, o ajudou a moldar sua visão criativa, resultando em figurinos que evocam nostalgia ao mesmo tempo em que abraçam a inovação.

Um aspecto marcante do trabalho de Tazewell em Wicked está em sua capacidade de infundir profundidade e nuance nas vestimentas dos personagens, que vão além de simples acessórios visuais. A criação dos icônicos chapéus de bruxa de Elphaba e seus vestidos de Emerald City são um claro reflexo de conceitos de individualidade e empoderamento feminino. “Cada escolha de design que faço está ligada à identidade do personagem e sua trajetória pessoal. No caso de Elphaba, nossa intenção era revelar sua força oculta por meio de escolhas ousadas”, explica ele.

Pré-visualização do design do vestido de Elphaba

Elphaba foi projetada com base em texturas inspiradas em fogos-fátuos, refletindo uma silhueta vitoriana que homenageia a narrativa original do filme de 1939.

Giles Keyte/Universal Pictures; Cortesia de Universal Pictures

Por outro lado, o vestido de Glinda, com seu design em forma de bolha, faz referência a icônicas representações femininas da história do cinema, ao mesmo tempo que inova a estética moderna da personagem. Tazewell menciona que “inspiramos o vestido em bolhas flutuando no céu”. Ele também destaca que a modernização do figurino não apenas resgata a essência do clássico, mas também apresenta uma nova iconografia feminina: “Embora seja vestuário fantástico, sempre busquei criar algo novo para estes personagens.”

Rascunho do vestido de Glinda

A escolha de cores e a estrutura do vestido de Glinda respondem ao design da bruxa boa da história clássica, dando vida a novos significados de feminilidade.

Giles Keyte/Universal Pictures; Cortesia de Universal Pictures

Os elementos de design não se limitam a simplesmente fazer referências a estéticas passadas. Tazewell injeta um senso de leveza nas vestimentas, fazendo o vestido de Glinda sentir-se como se estivesse flutuando. “Tivemos que garantir que ele tivesse um movimento tão fluido quanto o ar,” ele comenta sobre os desafios técnicos envolvidos.

Em contraste, Elphaba exibe uma paleta de cores mais escuras, alinhadas à sua jornada de marginalização e autodeterminação; suas roupas refletem a luta contra a opressão e seu desejo de ser aceita. Tazewell assume riscos com este traje, buscando expressar a individualidade da personagem por meio de escolhas ousadas e inspiradas pelos elementos da natureza: “É um reflexo do mundo interior dela, uma combinação de dureza e beleza que evoca a complexidade de sua jornada.”

O resultado é uma silhueta vitoriana que fala sobre a essência da moda do final do século XIX, com texturas diferenciadas que capturam a diversidade da história que Elphaba e Glinda representam. O designer nota que sempre se importa com um sentido de vida através das vestes que cria: “No fundo, a escolha de cada traje é um diálogo entre a história do personagem e uma narrativa mais ampla de empoderamento feminino, que expande as possibilidades do que significa ser mulher no mundo contemporâneo.”

Esta reportagem foi publicada pela primeira vez em uma edição especial da revista The Hollywood Reporter. Para receber a revista, clique aqui para se inscrever.

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