A situação militar na Ucrânia, que já vinha sendo acompanhada com preocupação, passa por um novo capítulo em meio a incertezas sobre o financiamento militar providenciado pelos Estados Unidos. De acordo com informações de três oficiais de defesa e dois oficiais dos EUA, o Pentágono provavelmente não conseguirá utilizar todos os bilhões de dólares autorizados pelo Congresso para armamento da Ucrânia antes do término do mandato do presidente Joe Biden, previsto para ocorrer em menos de dois meses. Essa informação, publicada em primeira mão pelo Wall Street Journal, vem à tona em um momento delicado da guerra entre a Ucrânia e a Rússia.
Atualmente, a administração Biden enfrenta um desafio significativo: restam cerca de 7 bilhões de dólares, parte de um pacote maior aprovado pelo Congresso no início deste ano, destinado ao apoio militar de Kyiv na luta contra a agressão russa. No entanto, a capacidade do Departamento de Defesa de enviar armamentos para a Ucrânia tem sido limitada por uma escassez de recursos e uma deficiência na reposição de seus próprios estoques de armamento, o que trouxe um freio à entrega de armamentos. Em vez de enviar o que foi prometido, a prioridade parece agora ser a reposição, um desafio que não pode ser ignorado.
Nesse cenário, o Pentágono havia se comprometido a utilizar toda a autoridade remanescente para fornecer apoio militar, especialmente diante do aumento das hostilidades russas, que recentemente introduziram um novo tipo de míssil balístico de médio alcance com múltiplas ogivas. No entanto, o tempo se esgota rapidamente. Com apenas 55 dias até a posse prevista do presidente eleito Donald Trump, e a iminente transição de governo, o futuro do apoio militar dos EUA a Ucrânia permanece em dúvida.
A atual administração já teve que ajustar suas próprias estratégias. Sabrina Singh, secretária de imprensa adjunta do Pentágono, disse que a administração está “comprometida em usar toda a autoridade que o Congresso nos concedeu”. No entanto, os oficiais também asseguraram ao Congresso que estão trabalhando arduamente para alocar os fundos restantes. O capricho dos tempos sob uma nova administração, que poderá não compartilhar do mesmo nível de suporte a Kyiv, levanta incertezas que não podem ser ignoradas.
Além disso, um alto funcionário da administração Biden sugeriu, recentemente, que a Ucrânia deveria reduzir a idade de recrutamento para as forças armadas de 25 para 18 anos, ressaltando que a necessidade mais crítica não é apenas armamento, mas sim a presença de novas tropas para treinar e substituir os militares que foram perdidos em combate. O argumento trouxe à tona a dura realidade do campo de batalha, onde a “matemática” exige mais soldados à medida que o conflito se intensifica.
O contexto atual mostra que os EUA têm conseguido autorizar pacotes de ajuda militar com valores em média de 750 milhões de dólares por mês. Contudo, a administração Biden busca agora aumentar esse montante para cerca de 1 bilhão de dólares mensais, embora isso ainda signifique que bilhões de dólares permanecerão não utilizados antes da transição para o novo governo. Valorizações de armamentos e equipamentos já haviam sido discutidas, com promessas do envio de centenas de mísseis de defesa aérea até o término do governo Biden, conforme sinalizado por oficiais de defesa.
importante frisar que em setembro, Biden havia comprometido bilhões em ajuda militar à Ucrânia durante a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky à Casa Branca. No entanto, esses recursos não foram capazes de ser despachados de uma só vez, sendo quebrados em pacotes menores apresentados aproximadamente a cada duas semanas, enquanto o tempo avança lentamente e a transição se aproxima.
A partir de agora, a administração Biden segue comprometida em fornecer assistência militar até o fim de seu mandato. Porém, com a última proposta de ajuda de 275 milhões de dólares anunciada em 20 de novembro, a velocidade e o montante dos pacotes de ajuda permanecem muito abaixo do necessário para utilizar os remanescentes fundos antes da posse do novo presidente. O que se sabe é que a administração Biden terá que intensificar o fluxo de recursos significativamente e a dúvida persiste sobre se a nova administração manterá o mesmo padrão.
Enquanto isso, as tensões e incertezas no cenário geopolítico continuam a crescer, com evidências que demonstram que a necessidade de assistência à Ucrânia persiste como uma questão de segurança não apenas para o país em si, mas para a configuração do equilíbrio geopolítico na Europa. Neste contexto, é fundamental que a comunidade internacional monitore de perto os desdobramentos, pois cada decisão tomada pode ter consequências profundas.
Finalmente, dada a complexidade da situação, o futuro imediato da colaboração militar entre os EUA e a Ucrânia parece incerto, apresentando um campo fértil para especulações sobre o que pode acontecer após a troca de administradores. Se o novo governo decidir reavaliar as prioridades de auxílio, o impacto poderá ser sentido não apenas em Kyiv, mas no tabuleiro global de segurança.