No dia 2024, a Victoria’s Secret reintegrou ao calendário da moda uma de suas marcas mais icônicas: o desfile de moda da marca. Após uma pausa de cinco anos, o evento foi reformulado para se adaptar aos novos tempos, especialmente considerando críticas sobre sua relevância e o impacto do movimento #MeToo, além da queda nas taxas de audiência televisiva. Realizado no Duggal Greenhouse, localizado no Brooklyn Navy Yard, em Nova York, o desfile desta edição não apenas celebrou o feminismo, mas também se destacou pela pseudo-exclusão masculina, um movimento que visava restabelecer o foco totalmente em as mulheres. O evento atraiu um seleto grupo de convidados que incluiu grandes nomes da indústria, como Cardi B, Jodie Turner-Smith e Queen Latifah, reforçando seu caráter celebratório e atual.

Pela primeira vez desde 2019, o desfile de moda da Victoria’s Secret foi apresentado com uma nova abordagem, desfazendo estereótipos e adicionando um toque contemporâneo. A show contou com diversas performances musicais femininas, com destaque para a presença de artistas como Tyla, Lisa do Blackpink e a lendária Cher. Janie Schaffer, a Chief Design e Creative Officer da marca, expressou seu entusiasmo pela apresentação de Cher, descrevendo-a como uma das suas principais emoções: “Assistimos a seu ensaio ontem e foi um momento que não conseguimos acreditar que estava acontecendo”. O desfile também marcou a reaproximação da marca a um tema central de empoderamento feminino, o que foi enfatizado pela seleção de um time de supermodelos predominantemente feminino.

Foi um desfile marcado por um elenco estelar de modelos, com Gigi Hadid abrindo o show e a sua irmã, Bella Hadid, também desfilando. A lista incluiu um verdadeiro “quem é quem” da indústria de moda, com presença de Carla Bruni, Kate Moss, Irina Shayk, Doutzen Kroes, Joan Smalls, Isabeli Fontana, Ashley Graham, Candice Swanepoel e Paloma Elsesser. Para intensificar essa mensagem de inclusão, Tyra Banks, um dos primeiros “anjos” do desfile desde 1997, voltou a caminhar pela passarela aos 50 anos, acompanhada de Eva Herzigová, de 51 anos, ambas recebendo uma acolhida entusiástica do público. Em um momento de reflexão, Herzigová disse: “É maravilhoso ver que a marca está comprometida em crescer, se tornar mais inclusiva e celebrar as mulheres como elas são”. Para completar a diversidade, um destaque especial foi a apresentação das modelos trans, Alex Consani e Valentina Sampaio, que participaram do desfile pela primeira vez.

A transformação do desfile de moda da Victoria’s Secret se estendeu além da passarela. Em um marco significativo, a marca estabeleceu uma parceria com a Amazon para a sua transmissão ao vivo na plataforma Prime Video, permitindo ao público adquirir os looks em tempo real através da loja Amazon Fashion. Essa mudança representa uma evolução no modelo de vendas da marca, que anteriormente dependia de exibições televisivas apenas em dezembro, tradicionalmente um período crucial para as vendas de fim de ano. Este evento não só promoveu a marca, mas propôs um novo modelo de engajamento com o público e os consumidores.

Embora as roupas apresentadas tenham sido elegantes e atraentes, o verdadeiro destaque da noite foram as mulheres que desfilaram na passarela. As performances musicais, as dançarinas de apoio e o coral feminino que acompanhou Cher proporcionaram um cenário emocionante, enquanto os homens presentes tomaram um papel de coadjuvantes. Dylan Sprouse, que assistiu ao desfile, exemplificou isso ao segurar cartazes personalizados em apoio à sua esposa, a modelo Barbara Palvin. Ele expressou seu orgulho e admiração pelo trabalho duro dela: “Estou sempre impressionado e orgulhoso dela. Ela trabalhou muito para isso”, declarou antes do show. Durante a pré-exibição do desfile, os convidados também refletiram sobre o que significa empoderamento feminino, com Cher resumindo bem o sentimento da noite: “Tudo”.

O retorno do desfile da Victoria’s Secret sinaliza não apenas uma nova era para a marca, mas também uma evolução para a indústria da moda, que se torna cada vez mais inclusiva e consciente das questões de gênero e representação. O evento de 2024 não somente celebrou a beleza e a diversidade, mas também fez uma afirmação clara sobre o que significa ser uma mulher no mundo contemporâneo, trazendo à tona as vozes e histórias que muitas vezes não são ouvidas. Assim, a sua realização se torna um marco para a marca, para a moda e para todas as mulheres que buscam ser valorizadas e representadas em todos os seus aspectos.

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