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Nova Iorque
CNN
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A busca por alternativas alimentares resistentes às mudanças climáticas está ganhando destaque na agricultura moderna. No cenário urbano do Green-Wood Cemetery, em Brooklyn, tornou-se possível encontrar frutas nativas, como o pawpaw, a maior fruta comestível nativa da América do Norte, crescendo ao lado de lápides. Mas o que parece um contraste entre vida e morte, na verdade, revela uma atitude proativa em face de um futuro incerto.

De acordo com Joseph Charap, vice-presidente de horticultura do Green-Wood Cemetery e autodenominado “museu de árvores”, a plantação de árvores nativas, como o pawpaw e a ameixa americana, está alinhada com a missão de criá-lo e promover um ecossistema equilibrado. “Mostrar às pessoas que existem árvores frutíferas nativas que podem crescer em nosso ambiente é um passo importante”, declarou Charap em entrevista.

Enquanto isso, nas lavouras ao redor de Nova Iorque, agricultores e jardineiros se voltam para essas frutas raras em resposta ao clima extremo. Nos últimos anos, as estações de cultivo têm se tornado imprevisíveis, com invernos mais quentes seguidos de ondas de frio súbitas que têm arrasado as colheitas tradicionais que muitos conhecem e amam, como maçãs, peras e pêssegos. As frutas nativas, como o pawpaw e as ameixas americanas, têm se mostrado mais resistentes a essas variações climáticas, requerendo menos água e pesticidas em comparação com suas contrapartes não nativas.

Ben Flanner, cofundador e CEO da Brooklyn Grange Rooftop Farm, explicou que essa capacidade de resistir a condições extremas se torna cada vez mais crucial em um futuro marcado pelo aquecimento global. Estudos emergentes indicam que o cultivo de frutas nativas poderá oferecer uma solução viável para os agricultores enfrentarem a crise climática que se intensifica a cada dia.

Ameixas americanas crescendo no Green-Wood Cemetery, Brooklyn.
Ameixas americanas crescendo no Green-Wood Cemetery, Brooklyn.

A diversidade de frutas nativas como cerejas de areia e aronia, conhecidas por serem frutas do tipo chokeberry, revelam uma adição promissora às rotações de cultivo de fazendeiros em busca de alternativas viáveis. Entre as variedades menos conhecidas, a serviceberry, que se assemelha a uma mistura de morango e mirtilo, está começando a pisar no palco novamente, já que suas possibilidades culinárias agradam a muitos, desde sobremesas até misturas energéticas utilizadas por nativos americanos ao longo da história.

Em uma busca mais profunda por resiliência, Reza Farzan, um apaixonado cultivador de 71 anos, compartilha sua jornada de cultivo da fruta nativa pawpaw, que se espalha por diferentes climas do leste dos EUA. Sua dedicação começou há 30 anos, quando iniciou a plantação de árvores em seu quintal em Brooklyn, após ter lido sobre elas em livros e jornais. Farzan destaca que a fruta, amplamente desconhecida, está fazendo um retorno notável devido ao seu sabor singular, descrito como uma combinação de banana e manga, com uma textura aveludada, que tem atraído a atenção de agricultores e especialistas em alimentos.

Reza Farzan abre a estufa em seu quintal no Brooklyn.
Reza Farzan abre a estufa em seu quintal no Brooklyn.

Embora o cultivo do pawpaw exija paciência — as árvores levam de dois a três anos para produzir frutas, e às vezes até uma década — Farzan continua a transmitir seu conhecimento a outros jardineiros, ressaltando que muitos ainda precisam descobrir essa frutífera e nutritiva conexão com seus ancestrais. Os desafios também continuam: a vida útil do fruto é curta, variando de três a cinco dias, o que dificulta o seu transporte e venda em mercados convencionais. Contudo, seu apelo fresco ainda reacende o interesse por essa fruta nativa em todo o país.

Frutas nativas poentes: Uma nova era na agricultura americana

O número crescente de agricultores e entusiastas das frutas nativas, como Farzan e seu quintal vibrante, indica uma mudança crescente de mentalidade em relação ao cultivo de frutas ajustadas ao clima contemporâneo. Apesar das dificuldades e da incerteza em torno das colheitas tradicionais, agricultores estão sendo incentivados a diversificar suas culturas para não apenas enfrentarem a crise climática, mas também para reconectar a população com as tradições culinárias locais.

Jessica Fanzo, professora de clima e diretora da Iniciativa Food for Humanity da Universidade de Columbia, ressalta que, embora seja vital para os agricultores considerarem essas alternativas, a transição não será simples. “Cada centímetro de terra é crucial para eles, e há uma necessidade de encontrar um equilíbrio”, afirmou. O apoio ao cultivo de frutas nativas pode se tornar um pilar na construção de uma agricultura mais durável e adaptada às novas condições climáticas.

Flor de ameixa de praia em bloom em North Truro, Massachusetts, em 2023.
Flor de ameixa de praia em bloom em North Truro, Massachusetts, em 2023.

A verdadeira conexão entre as frutas nativas e o futuro da agricultura está se formando, à medida que um número crescente de pessoas se volta para suas raízes agrícolas, aprendendo a cultivar frutas que cultivaram seus antepassados e que também são mais resilientes às mudanças climáticas. Este é um passo vital não apenas para a preservação cultural, mas também para a nossa própria sobrevivência no mundo moderno.

“Isso é apenas o começo”, disse Farzan. “Levará tempo para mudar ideias e mentalidades. Cada dia, acordo e vou ao jardim, olho para minhas árvores, mesmo quando não têm folhas. Essa é minha alegria, essa é a conexão que eu tenho.”

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