Desde 1998, a fotógrafa Elizabeth Kahane encontrou um ângulo perfeito para capturar um dos eventos mais emblemáticos da cultura americana: o desfile de Ação de Graças da Macy’s. Esta tradição não é apenas uma festa visual, mas um forte elo emocional para Elizabeth, que se recorda com carinho e entusiasmo sobre o que este desfile representa não só para ela, mas para toda a sua família. Ao longo de mais de 25 anos, a fotógrafa fez da sua janela de um prédio na esquina da Central Park West com a 64ª Rua, o palco de uma narrativa visual que encanta milhões, não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo todo.
Durante uma conversa virtual, Kahane compartilhou que, quando seu marido lhe perguntou onde deveriam viver após o noivado, ela fez uma exigência específica: ter uma vista do desfile anual. “É engraçado olhar para trás e pensar porque isso era tão importante para mim, mas acredite, era”, revelou. A união entre a paixão de Kahane pela fotografia e sua admiração pelo desfile facilitou a criação de um acervo impressionante, com 160 imagens reunidas em seu novo livro “Come Join the Parade”.
A primeira vez que Kahane assistiu ao desfile de sua janela, enquanto vivia em um apartamento de terceiro andar, ficou maravilhada. Desde então, sua câmera se tornou uma extensão de sua própria história familiar. Mesmo quando perdeu alguma edição, ela só deixou de registrar o evento em duas ocasiões. Este ano, como não poderia deixar de ser, a fotógrafa estará lá novamente, entre balões gigantes e celebridades do mundo infantil.
Em seu livro, a fotógrafa retrata não apenas os tradicionais balões, mas também as interações humanas que se desenrolam nas ruas de Manhattan, longe dos holofotes. A miniaturização da experiência é capturada de forma magistral, destacando a grandeza dos balões que flutuam majestosos acima da multidão. Kahane utiliza uma técnica que descreve como “um pé dentro, um pé fora”, que permite capturas únicas. Ela explica que a melhor posição para fotografar Kermit, por exemplo, é realmente ficar pendurada para fora da janela, onde os detalhes ganham vida.
Ela não é apenas uma fotógrafa, mas também uma mãe dedicada. Acompanhar a evolução do desfile se tornou um ritual de família, com preparação que inclui a contratação de um serviço de limpeza de janelas e a encomenda de lox e bagels de sua delicatessen favorita. Quando seu filho era mais novo, ela organizava encontros com amigos e familiares, mas sempre se certificava de estar escondida em um quarto — uma tentativa bem-humorada de não incutir nela mesma qualquer comportamento perigoso.
A tradição do desfile da Macy’s e seus desdobramentos
O desfile da Macy’s, criado em 1924 por funcionários da loja e crescido ao longo do século, é uma celebração que transcende gerações e simboliza a rica tapeçaria cultural dos Estados Unidos. Em um mundo onde a experiência do desfile evoluiu e se modernizou, o evento mantém sua essência, atraindo uma audiência na casa dos 28,5 milhões de espectadores em 2022.
Entretanto, muitos falam da importância do desfile em uma tônica mais íntima, como a que Kahane compartilhou. Em suas fotografias, ela captura a conexão entre os espectadores e os balões coloridos que flutuam pela cidade, refletindo uma nostalgia e um senso de comunidade. “A fotografia pode capturar um momento. É uma forma bela de apreciar algo que não se repetirá. Cada foto é um momento único”, pondera, ao mesmo tempo que se sente entusiasmada com suas novas descobertas e os balões que fazem parte de cada edição.
Após um desfile reduzido durante a pandemia de COVID-19 em 2020, as festividades estão de volta em grande estilo, e Kahane está mais preparada do que nunca. Este ano, novos personagens se unirão aos clássicos. Entre eles estão Gabby, de “Gabby’s Dollhouse”, e Marshall, um dálmata do “Paw Patrol”. Com contornos novos, estas figuras garantem que a tradição continue viva e relevante. “Oscilei muito sobre o que poderia ter acontecido com os novos balões, mas a expectativa é sempre emocionante”, revela.
A janela de Kahane não é apenas uma abertura para o desfile; é uma perspectiva direta para um modo de vida que celebra a criatividade, a união e a celebração. E assim, a cada ano, ao assistir ao desfile, ela reafirma seu próprio lugar dentro desta narrativa, não apenas como espectadora, mas como uma parte vital da história que continua a ser contada.