O cenário cinematográfico de Hollywood se prepara para uma nova controvérsia com a estreia do filme “The Apprentice”, que chega aos cinemas dos Estados Unidos no dia 11 de outubro. Esta produção, que traça a trajetória de Donald Trump em sua juventude, foi adquirida por Tom Ortenberg, um veterano das distribuições independentes e fundador da Briarcliff Entertainment. O filme, que traz Sebastian Stan no papel de Trump e Jeremy Strong como Roy Cohn, tem sido alvo de intensas discussões devido ao conteúdo provocativo que inclui cenas de liposuction e o retrato de comportamentos controversos do ex-presidente. Com uma trajetória sinuosa até sua chegada aos cinemas, “The Apprentice” exemplifica os desafios enfrentados no setor, onde temas delicados frequentemente afastam investidores e distribuidores.
Ortenberg, que se destacou no setor por selecionar filmes considerados “quentes demais para lidar”, trouxe sua experiência ao adquirir os direitos domésticos de “The Apprentice” em 30 de agosto, em um momento delicado, próximo às eleições. O executivo expressou sua frustração sobre a recusa de outros estúdios em abraçar o filme. Ele acredita que muitos têm medo das consequências políticas geradas pela controvérsia em torno do ex-presidente Trump, uma situação que ele considera de “covardia”. A determinação de Ortenberg reforça a ideia de que filmes que provocam discussão são vitais para a indústria, embora nem todos os distribuidores estejam dispostos a arriscar sua reputação, preferindo evitar potencial desgastes e repercussões negativas que a exibição de uma produção tão polêmica poderia trazer.
Além de “The Apprentice”, Ortenberg também conseguiu os direitos de distribuição de “Magazine Dreams”, outro projeto que enfrentou adversidades significativas. Este drama, estrelado por Jonathan Majors, retrata a luta de um aspirante a fisiculturista, e foi deixado de lado após o envolvimento de Majors em uma condenação por assalto. A decisão de Ortenberg de integrar essas produções consideradas “ativos problemáticos” aos seus lançamentos evidencia sua abordagem ousada frente às dificuldades que podem surgir no setor. Ele aponta que “Magazine Dreams” foi uma aquisição acessível, apesar de suas implicações, e que ele vê um grande potencial no desempenho do ator, que poderá rendê-lo prêmios significativos no futuro.
O planejamento estratégico de Ortenberg para “The Apprentice” inclui uma ampla distribuição em cerca de 1.500 a 2.000 cinemas, ressaltando a importância de estabelecer um legado duradouro durante a temporada de premiações. Ele destaca que sua abordagem não é de uma corrida pela bilheteira, mas sim um maratona na qual a qualidade e a recepção do filme poderão estabelecer seu impacto a longo prazo. A estratégia de marketing da Briarcliff encontra-se alinhada nesse sentido, com Ortenberg esperando não apenas gerar receita, mas também contribuir para um diálogo mais abrangente sobre os temas abordados no filme.
Um ponto destacado por Ortenberg é o apoio recebido dos exibidores, que tradicionalmente divergem em suas posturas políticas comparados aos estúdios de Hollywood. Em suas palavras, “os exibidores apenas querem mostrar filmes”, o que ilustra uma dinâmica onde os proprietários de cinemas buscam proporcionar ao público a liberdade de escolha em suas opções de entretenimento, sem considerar os riscos de censura que muitos estúdios enfrentam. Essa situação é reflexiva de uma crítica mais ampla à indústria, onde a liberdade de expressão e a implementação de temas controversos encontra obstáculos que afetam tanto os criadores quanto os consumidores.
Em resumo, ao assumir a tarefa de distribuir “The Apprentice” e “Magazine Dreams”, Tom Ortenberg está disposto a percorrer um caminho que muitos outros temem trilhar, optando por filmes que características provocativas. Apesar das dificuldades, ele acredita que a indústria cinematográfica deve ter coragem para enfrentar temas que germinam debates críticos. Com uma base sólida de experiência e um comprometimento forte com a liberdade criativa, Ortenberg está determinado em expandir sua empresa e garantir que vozes que se alçam contra as convenções prevaleçam em um mercado frequentemente repleto de incertezas e receios. A liberdade artística e a disposição para arriscar por histórias que precisam ser contadas podem muito bem definir o futuro do cinema contemporâneo.