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CNN
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Com a perspectiva de uma possível reeleição à presidência, Donald Trump anunciou sua intenção de transferir dezenas de milhares de empregos federais para fora do que chamou de “pantano de Washington” e para “locais habitados por patriotas que amam a América”. A partir dessa premissa, Trump prometeu em sua campanha criar uma nova realidade em relação ao emprego público federal, prometendo diminuir a influência do que ele chamou de “deep state”.

Como um exemplo prático desse movimento, no fim de seu primeiro mandato, Trump já havia iniciado a transferência da sede do Bureau of Land Management (BLM) de Washington, DC, para Grand Junction, Colorado, uma mudança que que envolveu aproximadamente 2.000 milhas de distância. Ao fazer isso, buscou criar uma nova configuração que ele esperava que fosse mais eficiente, mais próxima das comunidades locais e mais patriótica, se alinhando com a base de seu apoio político. Contudo, essa mudança trouxe uma série de desdobramentos que muitos consideram como uma cautela para futuros movimentos semelhantes.

O traslado do BLM acabou tornando-se uma verdadeira saga marcada pela perda de funcionários experientes e por um aumento nas vagas de emprego não preenchidas, o que, segundo muitos observadores, prejudicou gravemente a administração na época, fazendo com que o projeto do governo de recuperar e organizar os recursos naturais do país ficasse comprometido. De acordo com uma análise da CNN e testemunhos de antigos e atuais colaboradores do BLM, essa mudança é vista como um “debacle improdutivo” que serve de alerta aos planejadores de políticas governamentais.

Tracy Stone-Manning, atual diretora do BLM sob a administração Biden, descreveu a mudança como “wildly disruptive”, ressaltando as repercussões negativas que tiveram que ser enfrentadas na tentativa de reconstruir a estrutura organizacional da agência. “Foram anos de custo de oportunidade que podíamos e deveríamos estar focados no trabalho do bureau para as terras públicas e o povo americano. Em vez disso, tivemos que nos concentrar em reconstruir o bureau”, afirmou Stone-Manning, que ressaltou a importância de manter a estabilidade em uma agência governamental e o impacto da perda de conhecimento acumulado ao longo dos anos.

O que poderia ser considerado uma resposta natural ao aumento de custos de vida em Washington, DC, e ao desejo de aproximar os funcionários das terras e da comunidade que representam, também é ressaltado por funcionários que estiveram a cargo da iniciativa na época, que defendem que a mudança incentivou uma nova dinâmica entre o BLM e os oficiais locais. Apesar disso, Stone-Manning enfatizou que uma mudança bem-sucedida exigiria planejamento cuidadoso, e o que eles enfrentaram foi muito diferente da imagem inicialmente projetada.

O problema se intensificou ao analisar a situação sob uma perspectiva de eficiência em termos de custo. O Relatório do Escritório de Responsabilidade do Governo (GAO) de 2021 indicou que a transferência do BLM resultou em um aumento quase triplo nas vagas de emprego na sede em um período inferior a um ano. Entre 176 funcionários que precisavam se deslocar, apenas 41 aceitaram suas reatribuições e a maioria, compreensivelmente, abandonou suas posições. A mudança também afetou as relações da agência com o Congresso e com outros escritórios federais, resultando em um custo extra de cerca de 20 milhões de dólares ao longo de dois anos.

No contexto de preparação para um novo governo sob Trump, Stone-Manning declarou que os funcionários do BLM estão esperando com um certo nível de preocupação por ordens que possam reverter suas vidas novamente. Essa incerteza foi exacerbada pelas promessas do ex-presidente de relocar mais agências federais, testando a resiliência dos trabalhadores no serviço público, que já enfrentavam ansiosamente a possibilidade de mudanças semelhantes nas suas décadas passadas de estabilidade no emprego.

As mudanças programáticas e a possibilidade de nova relocação dos funcionários despertaram um aumento nas vozes dos que se opõem às políticas de Trump, que ressaltam que a perda de funcionários experientes e qualificados vem em detrimento da eficácia do governo e, assim, prejudica o atendimento ao povo americano. “Quando você perde todo esse conhecimento, perde o conhecimento dos processos e de como operá-los eficazmente”, disse Joe Tague, um ex-chefe de divisão do BLM, refletindo sobre as dificuldades que a organização enfrentou durante a transferência.

Algumas fontes do BLM observaram que a mudança da sede pode não ser o exemplo perfeito do que pode acontecer em futuras relocações devido ao impacto da pandemia em 2020, que resultou em muitos funcionários trabalhando remotamente. Observações sobre o impacto da mudança e o retorno da sede à Washington, que alguns esperam, geram previsões de um futuro incerto em relação ao espaço de trabalho e à eficácia da agência.

Assim, o governo Biden anunciou um plano para restaurar oficialmente a sede do BLM em Washington, enquanto o escritório em Grand Junction continuaria a crescer como um “quartel-general ocidental”. Esta medida é vista como uma tentativa de estabilizar a situação já tumultuada e reorganizar a função do BLM de maneira a prevenir que ocorrências passadas se repitam.

O futuro, no entanto, é incerto e, com as promessas da nova administração, há um clamor por uma regulamentação mais rigorosa que tornaria mais difícil para uma administração Trump futura realocar escritórios, em um cenário que à primeira vista parece se repetir. No entanto, até que medidas específicas sejam tomadas, os funcionários federais permanecem em um estado de alerta e incerteza quanto ao que está por vir em suas vidas profissionais.

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