Pesquisadores estão fascinados com recentes descobertas que revelam o comportamento astuto de uma pod de orcas no Oceano Pacífico, próximo à costa do México, que aprendem a caçar tubarões-baleia, os maiores peixes do mundo, que podem atingir até 18 metros de comprimento. Este fenômeno, documentado pela primeira vez, não apenas enriquece nosso entendimento sobre a dinâmica alimentar marinha, mas também ilustra a complexidade e o comportamento social das orcas, que são conhecidas por suas habilidades de caça altamente desenvolvidas.
Aos poucos, a comunidade científica começou a perceber que as orcas, frequentemente vistas como predadoras de grandes mamíferos marinhos, também podem direcionar suas habilidades para capturar tubarões-baleia. Antes, havia relatos anedóticos sobre essas interações, mas agora, com a documentação meticulosa de quatro eventos de caça, é possível analisar essa relação predador-presa com um novo nível de precisão. O estudo, que foi publicado na revista “Frontiers in Marine Science”, não apenas divulga observações em vídeo, mas também explora a estratégia de caça das orcas, detalhando como elas conseguem submeter esses gigantes marinhos.
Os tubarões-baleia, que se reúnem em áreas de alimentação no Golfo da Califórnia, são geralmente jovens, medindo de 3 a 7 metros, o que os torna mais suscetíveis a predadores. A especialista Francesca Pancaldi, pesquisadora do Centro Interdisciplinário de Ciências Marinhas no México, afirmou que os tubarões-baleia são peixes grandes e lentos, e possuem um cérebro pequeno em comparação com suas grandes dimensões corporais. Embora possam mergulhar a mais de 2.000 metros, seus métodos de defesa, como debater-se ou mergulhar, não parecem ser suficientes para escapar das astutas orcas.
O estudo revelou que a técnica utilizada pelas orcas é sofisticada e organizada, com membros do grupo trabalhando em conjunto. Durante a caça, uma orca atinge o tubarão-baleia com seu corpo a alta velocidade, enquanto outras tentam virar o tubarão de barriga para cima, impedindo-o de mergulhar para escapar. Com o tubarão-baleia incapacitado, as orcas atacam a região abdominal para que o sangue flua, facilitando o consumo de órgãos internos. A presença de um macho orca de 8 metros, apelidado Moctezuma, durante três das quatro caçadas analisadas, sugere que este pode ser um indivíduo central na dinâmica de caça da pod.
Além disso, a análise do comportamento de caça das orcas trouxe à tona a importância do fígado do tubarão-baleia, que é muito rico em nutrientes e representa uma significativa proporção da massa corporal do tubarão. Os pesquisadores notaram que, embora as orcas não tenham sido vistas consumindo o fígado, há conhecimento prévio sobre a predileção das orcas por órgãos gordurosos de seus presas, característica que é um indicativo de seu status como predadores de topo no ecossistema marinho.
Estudos anteriores também mostraram que as orcas desenvolveram métodos de caça exclusivos para outras espécies de tubarões, como os grandes tubarões-brancos na África do Sul. Embora existam diferentes ecótipos de orcas, as observações no Golfo da Califórnia indicam que essa pod em particular pode estar formando novas táticas específicas para caçar tubarões e raias. Pancaldi e Higuera Rivas apontam que mais pesquisas são necessárias para confirmar o papel dessa pod no entendimento global sobre os ecótipos de orcas e suas adaptações.
Por fim, as pesquisas têm uma perspectiva otimista, pois as interações entre orcas e tubarões-baleia não parecem estar afetando negativamente as populações de tubarões-baleia nas áreas do Golfo da Califórnia. Essa descoberta não apenas fornece novos insights sobre predadores marinhos, mas também revela a complexidade das redes alimentares oceânicas e a adaptabilidade das orcas como espécie. À medida que continuamos a estudar esses magníficos animais, teremos uma visão mais abrangente sobre sua biologia, comportamento e seu papel vital nos ecossistemas marinhos.
Para mais informações sobre descobertas científicas fascinantes, você pode se inscrever no boletim “Wonder Theory” da CNN, onde são abordadas inovações e avanços em ciências e pesquisas.