Pristina, Kosovo (Reuters) – Na noite de sexta-feira, uma explosão devastadora causou danos significativos a um canal no norte do Kosovo, que é responsável por abastecer duas usinas de carvão que geram quase toda a eletricidade do país. O Primeiro-ministro Albin Kurti não hesitou em qualificar o incidente como um “ato terrorista”, acusando a Sérvia, seu vizinho histórico, de ser responsável por essa ação que, segundo ele, compromete a infraestrutura crítica do Kosovo.

O estrondo não resultou em relatos imediatos de feridos, e a causa da explosão, que também afetou o fornecimento de água potável, permanece obscura. As autoridades sérvias não forneceram comentários sobre as alegações de Kurti e, até o momento, não há evidências concretas que vinculem a Belgrado ao incidente.

Durante um pronunciamento televisionado, Kurti afirmou enfaticamente: “Isso é um ataque criminoso e terrorista com o intuito de destruir nossa infraestrutura crítica.” Ele expressou preocupação de que, caso a situação não seja resolvida rapidamente, algumas partes do Kosovo possam sofrer cortes de energia até a manhã seguinte. Noções de vulnerabilidade e emergência preencheram a atmosfera, enquanto cidadãos começavam a se perguntar sobre as possíveis repercussões sociais e econômicas deste ataque.

O incidente ilustra as tensões étnicas persistentes entre o Kosovo e a Sérvia, antigas rivais nos Balcãs. Kurti, alinhando-se com a Presidenta do Kosovo, Vjosa Osmani, insinuou que gangues criminosas sérvias podem estar por trás do atentado, embora ele não tenha apresentado provas substanciais. Tal retórica reflete o clima tenso no qual as relações entre os dois países se desenvolvem, marcadas por desconfiança e um histórico de conflitos.

Antes da explosão, a polícia de Kosovo havia intensificado as medidas de segurança em resposta a dois recentes ataques com granadas, que miraram uma estação policial e um edifício municipal em uma área habitada por sérvios étnicos no norte do Kosovo, embora não esteja claro se esses incidentes estão relacionados ao ataque ao canal.

Pessoas se reúnem perto do canal danificado no norte do Kosovo, que fornece água para duas usinas de carvão que geram quase toda a eletricidade do país, em Varage, Kosovo, 30 de novembro de 2024.

Imagens da mídia local mostraram a parte do canal destruída e água vazando, com uma considerável presença policial no local. Faruk Mujka, o chefe da empresa de água Ibar-Lepenci, comunicou a um portal de notícias local que um dispositivo explosivo foi lançado no canal, danificando a parede de uma ponte fundamental para a infraestrutura hídrica da região. Esse incidente alça um sinal de alerta sobre a necessidade urgente de manutenção e conserto das linhas de água, que não apenas abastecem a rede energética, mas também são essenciais para o consumo humano na capital, Pristina.

A declaração de independência de Kosovo, em 2008, seguida de uma década de luta guerrilheira contra o domínio sérvio, não foi suficiente para eliminar as tensões étnicas entre a maioria albanesa e a minoria sérvia. A maioria da população sérvia em Kosovo continua a se recusar a reconhecer a soberania da região, considerando Belgrado como sua capital legítima, o que perpetua um ciclo de desconfiança e violência.

O embaixador da União Europeia no Kosovo, Aivo Orav, já se pronunciou condenando o ataque, ressaltando que o incidente já está “privando consideráveis partes do Kosovo de suprimento de água”, acentuando a fragilidade da situação atual. A urgência de um diálogo implementável entre as partes continua a ser uma necessidade premente, caso se deseje uma estabilidade duradoura na região dos Bálcãs.

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