A Fisker, conhecida startup de veículos elétricos que enfrentou dificuldades financeiras, teve seu plano de liquidação de ativos acolhido pelo tribunal de falências de Delaware. Esta decisão marca um momento decisivo para a empresa, uma vez que resolve questões pendentes em relação aos custos de mão-de-obra associados a dois recalls em seus SUVs. Além disso, a Fisker estabeleceu um acordo com a American Lease, responsável pela compra da frota remanescente de veículos elétricos da sociedade, o que também encerra complicações relacionadas aos dados necessários para a operação desses automóveis. A aceitação do plano de liquidação pelo tribunal sinaliza a quase conclusão de um processo que já se arrastava por quatro meses e paveja o caminho para um novo administrador que supervisionará a venda de aproximadamente um bilhão de dólares em ativos, incluindo o maquinário utilizado na produção de seus SUVs elétricos.

Processo de falência e implicações financeiras para credores e proprietários

O plano em questão delineia detalhes cruciais sobre a quantia que os diversos credores da Fisker deverão receber através da venda dos ativos. Porém, um ponto crítico que o plano aborda é a resolução de quem arcará com os custos de mão-de-obra referentes a dois recalls que a companhia já havia identificado em seus SUVs Ocean. A situação é mais complexa do que parece, visto que a Fisker atualmente lida com cinco recalls em seus veículos. Três destes recalls podem ser solucionados via atualizações de software, enquanto outros dois exigem peças de reposição. No início, a Fisker declarou que arcaria com os custos das peças, mas não com a mão-de-obra necessária para a realização dos reparos, conforme uma FAQ divulgada em meados de setembro. No entanto, a empresa mudou de posição rapidamente, anunciando que também cobriria os custos de mão-de-obra. Uma nova reversão em setembro trouxe de volta a responsabilidade financeira para os consumidores, o que acendeu um alerta no Departamento de Justiça, que considerou essa abordagem ilegal, afirmando que violava a Lei Nacional de Segurança de Tráfego e Veículos Automotores.

Com a necessidade de ajustar sua estratégia, a Fisker e seus advogados de falência se viram forçados a criar um novo procedimento para liquidar as pendências. De acordo com a nova diretriz, qualquer proprietário que buscar resolver os dois recalls antes da efetivação do plano de liquidação — que deve ocorrer nesta semana — terá que arcar inicialmente com os custos de mão-de-obra. Estes proprietários poderão posteriormente solicitar reembolso ao administrador responsável pela liquidação da Fisker. Assim, aqueles que já pagaram pelos reparos realizados para corrigir os recalls também se enquadram nesse novo processo. Para os veículos que forem consertados após a data de efetivação do plano, os proprietários poderão se dirigir a um centro de serviços autorizado para a realização dos reparos sem cobrir os custos de mão-de-obra, sendo que esses centros, subsequentemente, terão que fazer suas próprias solicitações de reembolso: um processo que, sem dúvida, trará alívio para muitos clientes que se encontram na situação.

Resolução de pendências com American Lease e apoio contínuo aos proprietários

A Fisker conseguiu também resolver uma questão importante de última hora com a American Lease, uma empresa de leasing com sede em Nova York que adquiriu cerca de 3.000 SUVs Ocean da Fisker por 46,25 milhões de dólares. A American Lease apresentou uma objeção de emergência ao plano de liquidação, alegando que a Fisker havia descoberto que não conseguiria transferir os dados essenciais para a operação de seus veículos elétricos para um novo servidor. Para contornar essa complicação, a American Lease concordou em pagar um adicional de 2,5 milhões de dólares ao longo de cinco anos para assumir o controle dos serviços em nuvem que mantêm os SUVs Ocean funcionando. Como resultado deste acordo, a Fisker Owners Association terá acesso a esses dados, assim como outros serviços de suporte que beneficiarão os proprietários existentes ao longo dos próximos anos.

Essa trama de eventos sublinha não apenas as dificuldades enfrentadas pela Fisker, mas também a resiliência da empresa em buscar soluções para manter os interesses de seus proprietários e credores alinhados. A expectativa agora é de que, com a aceitação do plano pelo tribunal, a Fisker consiga finalmente superar este capítulo desafiador de sua história e gerar condições mais saudáveis para um eventual renascimento ou, ao menos, uma saída digna da falência.

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