Em meio à pandemia em 2020, Megan Park se viu em um cenário digno de uma trama de cinema. Isolada em seu quarto de infância e lidando com as dificuldades que muitos enfrentaram, envolvendo a maternidade recém-descoberta e uma transição adiada de atriz para cineasta, ela atravessava um período de crise existencial.
Essa turbulência emocional foi a faísca que deu início a My Old Ass, uma narrativa que se desvia radicalmente da sua estreia como diretora em The Fallout (2021), um relato sobre os efeitos devastadores de um tiroteio escolar.

Agora disponível para streaming no Prime Video, a trama de My Old Ass não é apenas um conto de amadurecimento, mas entrelaça elementos de fantasia ao acompanhar Elliott (Maisy Stella), uma jovem de 18 anos, em um verão de despedida à beira de um lago, antes do início da faculdade na Universidade de Toronto. Ao buscar formas de lidar com a inevitável passagem do tempo, ela decide experimentar cogumelos mágicos, o que a leva a um encontro inusitado com sua versão futura, uma mulher de 39 anos, interpretada pela talentosa Aubrey Plaza. A versão mais velha de Elliott tenta orientar sua jovem eu a evitar os erros que cometeu ao longo do caminho.

A trama intrigante foi apenas uma das surpresas agradáveis desse filme, cujo título provocativo ainda gera sorrisos. Para Park, o título surgiu inicialmente como uma piada, mas se transformou em um símbolo do filme, sendo até incorporado em um diálogo memorável. Durante a competição de 2024 no Festival de Sundance, o filme atraiu tanta atenção que a estrutura de produção independente, que inclui a cohorte convidativa da Margot Robbie através da LuckyChap Entertainment e Indian Paintbrush, impulsionou uma guerra de lances pelo filme, resultando na aquisição dos direitos de distribuição mundial pela Amazon MGM Studios por impressionantes 15 milhões de dólares.

O fato de o título se originar de uma ideia aparentemente boba reflete o humor e a inventividade que permeiam a realização do filme: “No início, eu pensei sobre o quanto seria engraçado ver meu advogado escrevendo contratos e e-mails com ‘My Old Ass’ nos títulos”, relata Park, rindo ao relembrar. “Era uma ideia estúpida, mas, surpreendentemente, acabou funcionado.”

Mais do que apenas um entretenimento leve, o filme explora a relação complexa que temos com o tempo e as escolhas que fazemos ao longo da vida. Na busca por um relato único que evite explicações excessivas, Park decide não elucidar os detalhes do funcionamento dos poderes de viagem no tempo de sua protagonista. Para ela, a verdadeira essência do filme estava na escolha do elenco capaz de transmitir a dor e a desilusão que residem na versão mais velha de Elliott, logrando uma conexão emocional profunda com o público.

Quando foi questionada sobre a escolha de Aubrey Plaza para o papel, Park enfatizou que a decisão não se tratava de restrições financeiras, mas da liberdade criativa proporcionada pela produção independente: “O que realmente importava era a conexão emocional com a personagem e a capacidade de venda do papel, e nós decidimos juntos que Aubrey era a escolha perfeita.” Assim, um filme que começou como uma ideia cômica se transformou em um tópico de discussão relevante, abordando temas como o arrependimento, a autoconsciência e a inevitável passagem do tempo.

Em uma reflexão final, Park destaca a importância das interações entre eu mais jovem e mais velho: “Acredito que a lição mais crucial do filme é entender que a vida é uma jornada cheia de experiências, sejam boas ou ruins, e que o que vivemos molda quem somos.” A obra é uma prova de que, mesmo nas dúvidas e incertezas, há espaço para luz e esperança. My Old Ass está disponível no Prime Video, proporcionando aos espectadores uma oportunidade de reflexão, riso e, acima de tudo, um convite para abraçar cada momento da vida.

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