A dinâmica política e militar na Síria tem se revelado mais complexa do que se pensava. Recentemente, uma ofensiva da oposição, liderada pelo grupo anteriormente afiliado à Al-Qaeda, Hay’at Tahrir al-Sham, mostrou que a dominância de Bashar al-Assad, há muito tempo considerada sólida, pode estar em perigo. Após anos de suporte intenso de aliados como Rússia, Irã e Hezbollah, a vulnerabilidade do regime sírio se tornou evidente. O que levou a essa imersão? Vamos explorar cada um desses aspectos em maior profundidade.
Durante a ditadura de Hafez al-Assad, pai do atual presidente, a noção de que ele seria o “líder para sempre” se tornou motivo de risada entre seus opositores, quando este já era visto como uma figura opressiva. Apesar de sua morte em 2000, seu legado continuou a moldar a política síria, com o filho Bashar assumindo o poder sob um regime que, apesar de seus métodos brutais e corruptos, parecia ter encontrado uma forma de resiliência através de seus aliados. Após o sofrimento causado pela Primavera Árabe em 2011, muitos previram a queda de Assad. No entanto, o regime se manteve de pé, em grande parte devido ao apoio militar da Rússia, Hezbollah e Irã, que ajudaram a repelir a oposição — um fracasso que, até agora, tinha sido considerado um estado estável.
Recentemente, no entanto, esta suposição de vitória começou a desmoronar, quando milícias de oposição lançaram uma ofensiva rápida e eficaz com um avanço significativo até o centro de Aleppo. Enquanto isso, as comunicações nas redes sociais indicavam um colapso das forças leais a Assad no norte do país, e um progresso crescente de rebeldes até a histórica cidade de Hama, onde as memórias de repressão brutal por parte do regime ainda ecoam.
O surgimento repentino da oposição deixa claro que as condições na Siria mudaram e que o poder de Assad, com sua repressão militar, foi deixado em acelerada crise. O que explica essa nova onda de combatividade? Analistas apontam para a pressão que os aliados de Assad, especialmente Rússia, Irã e Hezbollah, estão enfrentando. A força de Hezbollah, tradicionalmente um pilar do regime, foi significativamente reduzida, com suas tropas sendo redirecionadas para combater Israel após a escalada das hostilidades em 7 de outubro de 2023, resultando na perda de muitos de seus líderes militares. A Rússia, que também desempenhou um papel crucial ao enviar suas tropas para a Síria, agora prioriza a sua envolvimento na guerra na Ucrânia, enquanto o Irã se vê sob constantes ataques em suas bases em território sírio, cortesias de ações aéreas israelenses.
Não podemos ignorar a realidade do tempo vivido sob o comando da dinastia Assad, que já soma mais de meio século de autoritarismo. Essa longevidade, contudo, não necessariamente garante prosperidade. A corrupção inextricável e a má gestão dominaram a economia síria, com o cenário se deteriorando alarmantemente desde o início do conflito civil. Essa guerra devastadora resultou em centenas de milhares de mortos, enquanto milhões foram forçados a deixarem suas casas, quer para se tornarem deslocados internos, quer para buscarem abrigo noutras nações.
A situação em que o regime se encontra agora levanta questionamentos sobre quanto tempo mais ele poderá suportar essa pressão renovada. Ao longo dos anos, o regime Assad conseguiu sobreviver a várias crises, mas o tempo é um adversário inclemente e não há regime que resista para sempre. O que poderia ser a próxima etapa neste cenário volátil? A luta pela hegemonia dentro da Síria finalmente pode estar chegando a um ponto crítico, onde a continuidade do regime possa não ser mais garantida.
O futuro próximo reserva muitas incertezas, mas a narrativa da resistência da oposição começando a se reerguer é um indicativo claro de que, independentemente da força coercitiva do regime, a luta pela liberdade e pela autodeterminação permanece viva. O desenrolar dessa nova contenda poderá, portanto, nos revelar se a dinastia Assad encontrará o seu fim ou se a opressão irá continuar a dominar um povo ávido por mudança.
Referências externas relevantes: Para saber mais sobre as complexidades do atual cenário na Síria, você pode acessar os links fornecidos pela CNN sobre o Irã, Rússia e a situação em Aleppo, bem como entender o impacto do conflito na Ucrânia.