Roma, Itália
CNN —

Mais de três meses após a superyacht Bayesian, avaliada em 40 milhões de dólares, afundar na costa da Sicília, resultando na morte de sete pessoas, incluindo o renomado magnata da tecnologia britânico Mike Lynch e sua filha de 18 anos, planos para a recuperação da luxuosa embarcação estão finalmente tomando forma. Este incidente trágico teve um impacto profundo não apenas na família Lynch, mas também nas esferas financeira e da segurança marítima.

De acordo com as informações das autoridades, a recuperação da superyacht custará cerca de 30 milhões de dólares devido à complexidade das operações de salvamento. O que gera um questionamento imediato sobre a viabilidade financeira de tal operação e a responsabilidade das partes envolvidas.

Esta semana, um consórcio de seguradoras liderado pela British Marine, que garante a embarcação pertencente à família Lynch, apresentou oito planos de salvamento possíveis ao Ministério Público de Termini Imerese. Essa localidade está situada próxima ao porto de pesca de Porticello, onde a superyacht afundou devido a intempéries no início da manhã do dia 19 de agosto, conforme informações do consórcio e do Ministério Público. A busca por soluções adequadas para recuperar a embarcação mostra a enorme responsabilidade que recai sobre os ombros desse consórcio para garantir tanto a integridade ambiental quanto a justiça para os envolvidos.

O nome das empresas que apresentaram propostas para a operação de salvamento não foram divulgados publicamente e estão sujeitas a rigorosas ordens de não divulgação estabelecidas pelo procurador Raffaele Cammarano, que lidera a investigação criminal preliminar. Este nível de sigilo traz à tona questões sobre transparência e a confiança pública, especialmente em uma situação que envolve vidas humanas e significativas perdas financeiras.

Um dos planos que envolvia a remoção dos 18.000 litros de combustível ainda a bordo foi imediatamente descartado devido a preocupações ambientais. É um lembrete claro dos compromissos que precisam ser feitos entre a recuperação de ativos e a proteção do ambiente marinho em uma área muitas vezes vista como vulnerável.

Os planos restantes envolvem rotacionar a superyacht de 55,9 metros (184 pés) e 534 toneladas, quase 90 graus sobre o leito marinho, sem remover o combustível ou desmantelar o mastro de 72 metros (236 pés). A complexidade dessa operação ressalta ainda mais a despesa e os desafios que os times enfrentam em uma tentativa de garantir a preservação dos detalhes técnicos da embarcação original, principalmente à luz da controvérsia em torno de sua construção e projeto.

O destroços da embarcação repousam em seu lado direito, a aproximadamente 50 metros (164 pés) abaixo do nível do mar, o que significa que a ponta do mastro deve sobressair mais de 22 metros (72 pés) acima da superfície uma vez que a superyacht esteja ereta no fundo do mar e antes de ser retirada da água. Essa situação pinta uma imagem vívida da necessidade de soluções engenhosas para o que está além das limitações comuns de recuperação de embarcações.

Os planos variam sobre a melhor maneira de erguer a embarcação após estabilizada. Algumas propostas incluem o uso de sistemas de arnês e guindastes gigantes em barcaças de salvamento ou píeres construídos especificamente para levantar a embarcação. Outros sugerem um sistema de flutuação semelhante ao utilizado para endireitar o navio de cruzeiro Costa Concordia, que afundou na ilha toscana de Giglio em 2012. Para muitos, esse é um exemplo de como experiências passadas podem iluminar como processos complicados podem ser realizados com mais eficiência e segurança.

O Procurador Raffaele Cammarano fala durante uma coletiva de imprensa para compartilhar detalhes sobre a investigação do afundamento da Bayesian no tribunal de Termini Imerese, perto de Palermo, Itália, em 24 de agosto de 2024.

Uma vez que a superyacht Bayesian seja endireitada no fundo do mar e içada para a superfície, ela será rebocada, transportada ou navegada para um porto seguro, dependendo das condições do casco. É provável que a embarcação seja levada para o porto de Palermo, a aproximadamente 8,4 milhas náuticas de distância, onde será sequestrada por autoridades que investigarão as causas da tragédia e recuperarão quaisquer dados sensíveis a bordo. O que significa que, além do salvamento físico, uma riqueza de informações pode ser revelada ou perdida na recuperação dessa embarcação.

Quinze pessoas sobreviveram ao acidente, incluindo a esposa de Lynch, Angela Bacares, e nove membros da tripulação. O capitão do navio, o neozelandês James Cutfield, o engenheiro e um marinheiro estão todos sob investigação por homicídio culposo, mas foram autorizados a deixar o país. Essa dimensão do caso está chamando a atenção das autoridades para as responsabilidades dos operadores de navios de luxo e suas implicações legais.

Os outros membros da tripulação e os passageiros foram questionados extensivamente nos dias posteriores ao acidente. Até o momento, ainda não foram apresentadas acusações criminais formais. A ausência de ações legais mais severas também levanta questões sobre a eficácia das investigações em casos com múltiplas fatalidades.

O procurador Cammarano afirmou que a investigação criminal sobre a responsabilidade por esse incidente dependerá das descobertas dos investigadores quando o navio for levado para a costa. Isso inclui a verificação se portas foram deixadas abertas ou mal fixadas, ou se um defeito de design levou ao naufrágio. As investigações em desastres náuticos frequentemente se complicam pela combinação de fatores humanos e técnicos.

Os planos de salvamento incluem garantir que o casco, as portas e o mastro permaneçam intactos para ajudar na investigação. O fabricante da Bayesian, Perini Navi, declarou que a superyacht era “inafundável” e culpa o capitão e sua tripulação pela negligência que causou a perda da embarcação. Aliás, essa autodefesa não elimina a necessidade de uma auditoria completa de segurança e construção que possa mudar a percepção pública sobre a marca.

A superyacht, que originalmente se chamava Salute e foi renomeada após a teoria da computação bayesiana quando a família Lynch a adquiriu, foi equipada com acabamentos luxuosos e tecnologia de navegação de ponta, além de cofres à prova d’água contendo informações que se acredita serem extremamente sensíveis e que Lynch sempre transportava com ele. Esses detalhes aumentam a intriga e o mistério que cercam a embarcação e a razão pela qual este acidente atrai não apenas a atenção da mídia, mas também de analistas de segurança de dados.

A embarcação está segurada por aproximadamente 2,1 bilhões de dólares, segundo registros apresentados na Itália, que listam várias seguradoras diferentes que cobriram o navio para responsabilidade civil, bem como seu motor e casco. Este fato ressalta a magnitude da tragédia e a responsabilidade quando lidamos com ativos tão valiosos no contexto limitado de regulamentações de segurança do setor marítimo.

Assim que o plano de recuperação for escolhido, o gabinete do procurador terá que aprovar a decisão para garantir que o plano de salvamento não comprometa a investigação criminal. Esse procedimento evidencia a complexidade envolvida em cada etapa da recuperação, garantindo que as evidências não sejam comprometidas enquanto se busca pela responsabilidade.

A Guarda Costeira Italiana e as agências de Proteção Civil, que irão segurar o porto, também terão que aprovar o plano de salvamento, que deve começar entre meados e final de janeiro e ser concluído até fevereiro. Após a investigação física da embarcação, o procurador determinará se são apresentadas acusações de homicídio culposo ou outras acusações formais. Este é um processo altamente esperado, não apenas para a justiça dos envolvidos, mas também pela segurança de futuros empreendimentos marítimos.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *