O presidente Joe Biden está prestes a cumprir uma promessa feita há dois anos, partindo na noite de domingo para Angola. Esta viagem tem como objetivo destacar os investimentos dos Estados Unidos no continente africano sob sua administração, especialmente em um momento em que a influência da China na região se torna cada vez mais profunda.

A visita de três dias de Biden a Angola, um país rico em petróleo, ocorre em um momento significativo de sua presidência, pois ele entregará o cargo ao presidente eleito Donald Trump em janeiro. Essa viagem proporciona uma nova oportunidade para Biden consolidar relações com um importante parceiro dos EUA na África, especialmente em meio à expectativa do retorno de Trump, que teve atitudes controversas durante seu primeiro mandato, como comentários depreciativos sobre países africanos.

Quando Biden pousar na capital Luanda na segunda-feira, isso marcará a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos visita a África Subsaariana desde 2015, quando o então presidente Barack Obama esteve no Quênia e na Etiópia. Além disso, será a primeira visita de um presidente dos EUA a Angola, país com o qual Biden tem procurado fortalecer laços nos últimos anos.

A visita de Biden reflete o compromisso da administração americana em reforçar laços na África. Em 2022, durante uma cúpula na Casa Branca, Biden prometeu visitar o continente em 2023. No entanto, ele perdeu esse prazo após adiar a viagem para Angola devido a duas devastadoras tempestades que atingiram os Estados Unidos. Essa nova agenda de viagem busca enfatizar a importância das relações entre os EUA e a África, buscando um novo começo nesta dinâmica.

Um dos pontos centrais da visita será o destaque em investimentos no Corredor Lobito, um projeto ferroviário de 800 milhas apoiado pelos Estados Unidos e a Europa, que visa facilitar o transporte de minerais essenciais do interior da África para o porto ocidental de Angola. O desenvolvimento desse corredor é fundamental para o esforço da administração Biden em impulsionar investimentos na África, como uma forma de minar a crescente influência da China na região.

Diante da crescente presença chinesa, que investiu bilhões de dólares em projetos de infraestrutura em todo o continente por meio de sua Iniciativa do Cinturão e Rota, a administração Biden busca apresentar uma alternativa mais alinhada com padrões internacionais e ética nos investimentos. Recentemente, o presidente chinês Xi Jinping prometeu $50 bilhões em apoio financeiro ao continente africano, incluindo ajuda militar. Essa competição direta entre as duas superpotências se intensifica, à medida que a Rússia também tenta expandir sua influência no continente, conforme relatórios de líderes do Comando da África dos EUA.

Em uma análise do impacto da viagem, um alto funcionário da administração destacou que Biden está “colocando os EUA de volta no campo” e oferecendo uma alternativa à China através de investimentos que respeitam padrões mais elevados em relação ao trabalho e à integridade. “Essa é a escolha que agora está disponível para os países da região, não se perguntando se precisam aceitar investimentos chineses com baixos padrões e corrupção, mas se têm outra opção para comparar”, afirmou um funcionário. A ideia é que os investimentos americanos não apenas sejam mais éticos, mas também mais sustentáveis para o longo prazo.

Além do Corredor Lobito, a visita de Biden abrange a cooperação em áreas como saúde, segurança e preservação do patrimônio cultural, emitindo anúncios sobre parcerias em saúde global e o apoio dos EUA à nomeação do Corredor Kwanza como Patrimônio Mundial da UNESCO.

Embora não esteja claro se esta será a última viagem de Biden ao exterior como presidente, ela ocorre logo após a participação em importantes cúpulas em locais como Brasil e Peru, onde a influência de Trump já foi sentida entre os líderes mundiais. O clima político entre os EUA e a África reflete uma preocupação em manter a estabilidade das relações, independentemente de quem ocupa a Casa Branca.

À medida que a viagem de Biden se aproxima, o presidente angolano João Manuel Gonçalves Lourenço expressou sua disposição para trabalhar com Trump, reafirmando a importância das relações entre Angola e os EUA. “Não estamos preocupados com a mudança que ocorreu na administração dos EUA. Isso não é algo dramático; é algo normal em uma democracia. Poderes vão e vêm”, afirmou Lourenço, enfatizando que os países têm que encontrar formas de cooperar independentemente do partido que está no poder nos Estados Unidos.

Com essa abordagem, Biden espera não apenas fortalecer os laços bilaterais com Angola, mas também criar uma estratégia a longo prazo que beneficie os investimentos e cooperação internacional na África. “A parceria entre Angola e América é mais importante e impactante”, disse Biden, explorando novas formas de colaboração e entendimento mútuo entre os povos. Assim, a visita de Biden a Angola não é apenas um gesto simbólico, mas sim uma tentativa sólida de reposicionar os EUA como um parceiro crucial para o crescimento e desenvolvimento da África em um cenário global em mudança.

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