A batalha pela cidade de Aleppo, a segunda maior da Síria, se intensificou nas últimas semanas à medida que as forças rebeldes conquistaram vastas áreas da cidade, desafiando a liderança do presidente Bashar al-Assad. Este surto de atividade militar provocou uma resposta aérea conjunta das forças sírias e russas, que visam retomar o controle perdido para as forças de oposição. Este cenário não somente reacende as tensões que há anos assolam o país, como também apresenta um novo equilíbrio de poder em uma região marcada por conflitos prolongados e interesses geopolíticos diversos.

A ofensiva militar, que conseguiu tomar o controle de partes estratégicas de Aleppo, foi descrita como uma das maiores vitórias dos rebeldes nos últimos oito anos, colocando em alerta o regime de Assad, que, com a ajuda do apoio aéreo russo, havia conseguido conter a expansão rebelde anteriormente. Desde então, as ações das forças de oposição resultaram na captura de uma importante base militar a leste de Aleppo, bem como em ganhos significativos nas províncias de Aleppo e Idlib, com um nível de resistência surpreendentemente baixo das forças leais ao regime.

A nova coalizão rebelde, que se denominou Comando de Operações Militares, tem avançado rapidamente, conquistando pontos estratégicos, incluindo o aeroporto de Aleppo, onde imagens confirmadas mostraram combatentes armados utilizarem as instalações. Este sucesso levou à instabilidade do regime, que agora enfrenta um combate com forças que estão mais organizadas e motivadas do que em anos anteriores, trazendo à tona incertezas quanto ao futuro do governo sírio.

Enquanto a situação em Aleppo se desenrola, a reação da Syriana e das forças russas se torna cada vez mais evidente, com aéronaves realizando bombardeios sobre as posições rebeldes nas províncias de Aleppo e Idlib. Entretanto, a resistência dos rebeldes provocou uma série de baixas em ambos os lados; de acordo com dados do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, pelo menos 242 pessoas foram mortas nas últimas semanas de batalha, a maioria sendo combatentes, mas também incluindo civis inocentes, que frequentemente são as vítimas mais afetadas em conflitos dessa natureza.

Não obstante, o regime sírio, por meio de declarações de Assad, assegura que a guerra contra o terrorismo e seus apoiadores continuará com vigor, prometendo preservar a integridade territorial da Síria. Em seus discursos recentes, Assad enfatizou a capacidade do governo em repelir as forças adversárias, prometendo que, com a ajuda de seus aliados, a segurança seria restabelecida. Contudo, suas palavras soam como um eco distante de estabilidade em um país que já enfrentou anos de conflito civil ininterrupto, e cujo número de mortos ultrapassa 300 mil, enquanto outros milhões foram forçados a se tornarem refugiados.

O cenário atual revela os dilemas complexos que a comunidade internacional enfrenta, especialmente entre as nações ocidentais, sobre como lidar com a complexidade das forças em jogo. Como observa Asli Aydintasbas, uma analista política, o ocidente encontra-se em um dilema: devem comemorar a queda do regime sobre o controle rebelde em Aleppo ou preocupar-se com a possibilidade de a cidade cair sob a influência de grupos islamitas, como o Hayat Tahrir al-Sham, que anteriormente era conhecido como uma afiliada da al-Qaeda? Aydintasbas sugere que os acontecimentos recentes em Aleppo demonstram um novo equilíbrio de poder, onde a Turquia se destaca como um ator proeminente, enquanto a influência da Rússia parece estar em declínio e o Irã se vê numa posição defensiva.

O resultado dessas dinâmicas em constante mudança é uma preocupação crescente sobre a direção futura do conflito e o destino dos civis na Síria, que continuam a pagar um preço alto por anos de hostilidade. A continuidade e a escalada desse conflito não apenas impactam diretamente a vida dos sírios, mas também repercutem em toda a região, já que as tensões persistem e novos aliados e adversários emergem.

Assim, com o desenrolar das hostilidades em Aleppo e a abordagem defensiva do regime de Assad, observadores e cidadãos simultaneamente se perguntam qual será o próximo movimento no tabuleiro geopolítico, assim como o fardo que esses conflitos continuam a impor sobre a população civil. No final das contas, a luta por Aleppo não é apenas uma batalha por território, mas também uma luta pelo futuro de uma nação devastada pela guerra.

Lutadores entram no distrito de Rashidin nos arredores de Aleppo durante os combates a partir de 29 de novembro de 2024, enquanto Hayat Tahrir al-Sham (HTS) jihadistas e facções aliadas continuam sua ofensiva na província de Aleppo contra as forças do governo.

Fonte: Bakr Alkasem/AFP/Getty Images.

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