Marshall Brickman, o talentoso escritor e diretor que conquistou uma estatueta do Oscar ao lado de seu colaborador frequente, Woody Allen, pelo roteiro de Annie Hall, faleceu aos 85 anos. A confirmação da sua morte foi feita por sua filha, Sophie Brickman, ao jornal The New York Times, informando que ele faleceu na última sexta-feira em Manhattan.
A trajetória de Brickman no cinema é marcada por sua habilidade inigualável em combinar humor e narrativa. Ele também foi responsável por dirigir e escrever Simon (1980), que apresenta a história de um professor de psicologia, interpretado por Alan Arkin, que é manipulado a acreditar que é de outro planeta. Seu entusiasmo por histórias peculiares continuou com Lovesick (1983), que traz a participação de Alec Guinness como o fantasma de Sigmund Freud, oferecendo conselhos amorosos a um psiquiatra.
Além disso, ele dirigiu The Manhattan Project (1986), no qual um estudante do ensino médio, interpretado por Christopher Collet, cria uma arma nuclear para um projeto escolar. Em 2001, Brickman adaptou a peça de Christopher Durang, Sister Mary Explains It All, para um espetáculo no Showtime, com Diane Keaton, intérprete principal de Annie Hall.
Brickman, em parceria com Rick Elice, coescreveu o livro indicado ao Tony para o musical da Broadway Jersey Boys, além de ter contribuído para o roteiro da adaptação cinematográfica de 2014. Eles novamente se uniram para o musical da Broadway de 2010, The Addams Family.
No início dos anos 60, Brickman estava envolvido no cenário musical como banjoísta do grupo folk The Tarriers, conhecido pelo sucesso “Day-O (The Banana Boat Song)”, que teve Alan Arkin como membro. Durante um entrevista, Brickman relembrou como ele e Woody Allen colaboraram em piadas enquanto Allen se apresentava como comediante stand-up: “O plano era dar a ele a máxima exposição na televisão, então o produtor Charlie Joffe nos fez colaborar”.
Brickman iniciou sua carreira na televisão, trabalhando como redator chefe de The Tonight Show Starring Johnny Carson, onde ganhou prestígio ao lado de figuras icônicas. Além disso, participou do desenvolvimento de Sleeper (1973), uma comédia futurista, que se revelou um sucesso e solidificou o seu caminho no cinema.
“Eu não acreditava que Woody queria ver o que eu tinha a oferecer, mas ele foi uma colaboração incrível— trabalha para si mesmo, e isso é uma boa maneira de fazer as coisas”, Brickman expressou, refletindo sobre a dinâmica criativa entre ele e Allen. O relacionamento deles foi profundamente primoroso, e Brickman aceitou o Oscar por Melhor Roteiro Original em nome de Allen durante a cerimônia de 1978, já que este não compareceu ao evento.
Brickman nasceu em 25 de agosto de 1939, no Rio de Janeiro, Brasil. Seu pai, Abram Brickman, era um especialista em importação e exportação judeu que fugiu da Polônia devido ao regime nazista. Sua mãe, Pauline, foi uma nova-iorquina que teve grande importância em sua formação musical. A mudança da família para Brooklyn, em 1943, foi o ponto de partida para seu envolvimento com a música e a comédia, que moldou seu futuro.
Durante sua vida, Marshall Brickman se destacou não apenas pela sua contribuição ao cinema com roteiros que se tornaram clássicos, mas também pela amizade que cultivou com Woody Allen, um laço que proporcionou diversas horas de conversas e desabafos sobre os desafios da indústria cinematográfica. Ele deixa um legado marcante, não apenas por seu trabalho, mas pelas relações que estabeleceu ao longo de sua carreira.
Brickman é lembrado por sua habilidade inata em contar histórias que resonaram com o público, e sua contribuição para a arte da sétima arte será sentida por muito tempo. Ele deixa para trás suas filhas, Sophie e Jessica; sua esposa, Nina Feinberg; e cinco netos. A partir de seus escritos e colaborações, seu espírito criativo continuará a viver através das muitas histórias que ainda ressoam nas telas de cinema ao redor do mundo.