Na icônica noite do Oscar em 1986, Cher se destacou não apenas por seu talento musical, mas também por sua ousadia na escolha do vestuário, que se tornaria um marco na história da premiação. Em um momento íntimo e divertido, a lendária cantora e atriz, agora com 78 anos, compartilha suas lembranças sobre aquele vestido singular no documentário Bob Mackie: Naked Illusion, onde revela que o traje foi mais do que uma escolha de moda; foi uma declaração carregada de emoção.

O renomado designer Bob Mackie, responsável pelo traje, relatou que a criação da peça foi impulsionada pelo descontentamento que Cher sentia após não receber uma indicação ao Oscar por sua atuação no filme Máscara. “Ela estava irritada”, afirmou Mackie, ressaltando que a sensação de não ser reconhecida em seu trabalho foi uma motivação chave para Cher. “Porque eu não fui indicada para um filme que todos pensavam que eu iria ganhar, mas não fui. E eles achavam que eu não era séria,” comentou Cher, oferecendo sua perspectiva sobre a situação.

A reação de Cher sobre o desprezo da Academia pela sua imagem e estilo de vida a levou a uma decisão ousada. Ela queria se apresentar de uma maneira que demonstrasse sua verdadeira essência, algo que havia sido ofuscado por suas interpretações em papéis mais “oportunos” e menos glamourosos, como em Silkwood. Mackie destacou que Cher queria resgatar sua imagem icônica no tapete vermelho, e isso não significava apenas usar um vestido bonito, mas sim um traje que simbolizasse seu poder e individualidade.

Cher no Oscar de 1986

Com um entusiasmo contagiante, Cher expressou seu desejo por “grandes penas” e, entre risadas, Mackie lembrou que ela pediu um “loin cloth” (tanga): “Ela disse: ‘Oh, sim, eu quero uma tanga’. Era uma ideia audaciosa que refletia sua própria bravura.” Ao ver a criação finalizada, Cher ficou impressionada com a reação das pessoas ao longo da noite, o que fez com que o improviso se transformasse em um espetáculo.

O traje que Cher escolheu era de fato uma obra-prima: um bralette encrustado de joias, uma saia fenda lateral e botas de cano alto, tudo complementado por uma xale bordado e um volumoso chapéu de penas. O impacto visual não poderia ser subestimado. “Eu estava passando e Jane Fonda estava chegando e me pediu: ‘Cher, por favor, espere eu voltar para o meu lugar antes de você sair. Eu não posso esperar. Quero ver a reação de todo mundo’,” Cher recorda entre risos.

Com o piscar de olhos e uma postura impetuosa, Cher fez sua grande entrada e logo disparou uma frase marcante: “Como se pode ver, eu recebi meu manual da Academia sobre como se vestir como uma atriz séria”. A confiança com que ela se apresentou foi sua forma de expressar um descontentamento vigoroso à Academia, afirmando que sua arte deveria ser avaliada apenas pelo seu trabalho e não pela imagem que projetava.

Cher no Oscar de 1986

No entanto, nem todos os espectadores estavam prontos para a ousadia que Cher trouxe à cerimônia. Mackie recorda que muitas pessoas ficaram horrorizadas com a aparência dela naquele primeiro momento no Oscar, onde Cher se apresentou a Don Ameche em plena exibição de suas superfícies sem temor. “Na época, as pessoas pensaram que aquilo não era moda,” ele afirmou.

Ainda assim, a trajetória impressionante de Cher continuou e, apenas dois anos depois, ela se consagraria vencedora do Oscar de Melhor Atriz por sua brilhante atuação em Moonstruck. O documentário Bob Mackie: Naked Illusion já está em exibição em cinemas selecionados, trazendo à tona a história que une moda, resistência e a luta de artistas por reconhecimento em um cenário cheio de estigmas.

Cher, com seu humor característico e ousadia, continua a inspirar gerações, provando, uma vez mais, que a verdadeira elegância vai além do que é visto na superfície.

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