Fisker enfrenta objeções legais pela cobrança de custos de mão de obra em sua proposta de liquidação

No contexto de uma frágil situação financeira e jurídicas turbulentas, a Fisker Inc., uma startup americana de veículos elétricos, se depara com um novo obstáculo significativo em seu processo de falência. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, por meio de um novo arquivo legal, declarou que o plano da Fisker de obrigar os proprietários a arcar com os custos de mão de obra relacionados a múltiplas chamadas de recalls é ilegal. Em um documento apresentado à lista de falência da Fisker na segunda-feira, o DOJ, em nome da Administração Nacional de Segurança no Trânsito em Estradas (NHTSA), afirmou que o esquema viola a Lei de Segurança no Trânsito e Veículos Motorizados em várias maneiras. A objeção do DOJ pode ter implicações sérias para a aprovação do plano de liquidação proposto pela Fisker, que poderia ser ratificado por um juiz já na quarta-feira durante uma audiência previamente agendada. No entanto, a Fisker não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as novas alegações.

A objeção do Departamento de Justiça acontece em meio a uma série de eventos recentes que complicam ainda mais a situação já precária da Fisker. Na última sexta-feira, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) revelou que está investigando a Fisker e enviou várias intimações à empresa. A SEC também expressou preocupações sobre o plano de liquidação, apontando que a Fisker pode não ter tomado as devidas providências para preservar os registros da empresa. Além disso, o locatário da sede final da Fisker apresentou um arquivo alegando que a empresa deixou o prédio em “completa desordem” ao encerrar suas operações. Diante desses eventos, a análise do caso da Fisker no tribunal se torna mais complexa e com um aumento na atenção do público e das autoridades regulatórias.

A Fisker, que havia inicialmente anunciado que os proprietários teriam que cobrir os custos de mão de obra relacionados a dois recalls em meados de setembro, rapidamente reverteu essa decisão. Contudo, ao final do último mês, a empresa mudou novamente sua posição, afirmando que exigiria que os proprietários pagassem por essas reparações legalmente exigidas. Os recalls envolvem problemas com as maçanetas das portas do SUV Ocean e um bomba de água defeituosa que pode causar perda de potência. A NHTSA contatou os advogados da Fisker, bem como representantes de seus credores e do escritório do Administrador dos EUA, propondo revisões ao plano da Fisker que poderiam “resolver” sua objeção, conforme declarado no documento do DOJ.

Em sua proposta de acordo com os credores, a Fisker declarou que reservaria não mais do que 750 mil dólares para cobrir os custos das peças físicas necessárias para solucionar os dois recalls mencionados. Entretanto, a empresa também reconheceu que o custo total dessas peças poderia ser quase duas vezes esse valor, sugerindo que não teria recursos disponíveis para cobrir os custos de mão de obra. A NHTSA, em sua apresentação legal, ressaltou que a distinção entre custos de “peças versus mão de obra” não possui “significado legal” em relação ao cumprimento da Lei de Segurança no Trânsito e Veículos Motorizados. O DOJ enfatizou que a Lei de Segurança é clara ao afirmar que todos os custos associados à correção de veículos defeituosos e não conformes devem ser cobertos pelo fabricante.

De acordo com a legislação, mesmo se um fabricante entrar com um pedido de falência sob o Capítulo 7 ou Capítulo 11, isso não anula a obrigação do fabricante de cumprir a lei. Além de suas objeções à proposta de Fisker, o DOJ também observou que uma seção do plano propõe um caminho para reembolso potencial desses custos de mão de obra, mas apenas se e quando a associação de proprietários da Fisker for compensada em relação à reclamação apresentada no processo de falência. Contudo, essa abordagem também é vista como uma violação da Lei de Segurança. Como notificado, a legislação exige que os fabricantes — e não os proprietários de veículos — cubram todas as despesas de remediação. Dessa forma, o DOJ conclui que o esboço do plano revisado da Fisker não deve ser homologado.

Adicionalmente, é importante destacar que alguns proprietários já arcaram com os custos de mão de obra para essas reparações de recalls, segundo o documento do DOJ. O Departamento de Justiça, de forma a proteger os consumidores, reconheceu que não se opõe à restituição a esses clientes, pois eles não deveriam ter arcado com esses custos desde o início. A situação da Fisker representa um exemplo claro dos desafios enfrentados por empresas de veículos elétricos em um mercado competitivo e em rápida mudança, onde a conformidade com as regulamentações de segurança é não apenas uma obrigação legal, mas também uma componente essencial para a reputação e a viabilidade de negócios no longo prazo.

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