Kate Winslet, a renomada atriz britânica, compartilhou, em uma recente entrevista ao programa 60 Minutes, sua experiência ao interpretar Lee Miller, uma fotógrafa icônica que documentou os horrores da II Guerra Mundial. Apesar de sua impressionante trajetória e de ter conquistado um Oscar, Winslet admitiu que ainda sente nervosismo ao buscar novos papéis, ressaltando que o medo do fracasso nunca desaparece, algo com o que muitos de nós, em diferentes profissões, podemos nos identificar. “Ainda me dá um frio na barriga. É aterrorizante. Ir para uma entrevista de emprego, especialmente quando se trata de algo que você realmente deseja, é duplamente aterrorizante”, refletiu a atriz.

Durante a entrevista, Winslet revelou que, apesar de seu prestígio, ela frequentemente se sente inadequada para os papéis que desempenha. “Quando estava fazendo Lee, pensei: ‘Isto é ridículo… Existe pelo menos cinco grandes atrizes que poderiam interpretar esse papel muito melhor que eu’. Essa insegurança, segundo a atriz, é algo comum, até mesmo entre aqueles que já atingiram o topo da indústria.

A atriz não apenas atuou, mas também foi produtora do filme, se dedicando a uma pesquisa meticulosa. Para trazer Lee Miller à vida, Winslet teve acesso a arquivos históricos e, com a ajuda do filho de Miller, entendeu a profundidade emocional e profissional da sua personagem. O desafio foi tão grande que ela mandou reproduzir uma câmera idêntica àquela que Miller usava e aprendeu a fotografar durante as filmagens. Para ela, a câmera precisaria se tornar uma extensão de seu próprio corpo: “Não poderia ser apenas um adereço. Era necessário que eu me sentisse confiante com aquilo”, afirmou a atriz.

Lee Miller era uma modelo de moda que virou fotógrafa e, durante a II Guerra, serviu como correspondente de guerra para a revista Vogue. Entre suas imagens, estão documentos da primeira utilização do napalm e algumas das primeiras fotos que revelaram as atrocidades dos campos de concentração nazistas, como Buchenwald e Dachau. Uma das imagens mais impactantes de sua carreira foi dela sentada na banheira de Adolf Hitler no dia de sua morte. Apesar da relevância histórica do filme, Winslet enfrentou dificuldades para reunir os financiadores do projeto. Um potencial investidor chegou a questionar: ‘Por que deveríamos gostar desta mulher?’, referindo-se a Miller.

Winslet reconheceu a dificuldade de produzir filmes sobre figuras históricas femininas, observando que frequentemente isso não atrai interesse do grande público. Contudo, ela orgulha-se do impacto que o filme já causou, tendo arrecadado quase 25 milhões de dólares globalmente até agora.

Tratando dos padrões de beleza da indústria cinematográfica, Winslet revelou: “As pessoas me dizem que fui corajosa por atuar neste papel sem maquiagem e mostrando as rugas. Mas nós não dizemos aos homens que foram corajosos por deixarem crescer a barba, por exemplo. É apenas atuar.” Além disso, a atriz destacou as pressões adicionais que enfrenta: “Uma vez, durante uma cena, um membro da equipe me disse para ‘segurar a barriga e sentar-se direita’. Eu me recusei. Acredito que Lee não teria agido assim. É um desafio constante se preocupar com esses padrões sociais e é cansativo”, desabafou.

Outro tópico que sempre surge, mesmo 27 anos após o lançamento de seu filme mais famoso, Titanic, é a famosa pergunta sobre a possibilidade de Jack (Leonardo DiCaprio) ter se salvado ao compartilhar a flutuabilidade de um pedaço de madeira com Rose. Quando questionada sobre isso, Winslet, em seu estilo descontraído, respondeu: “Para ser honesta, não tenho ideia”.

Mesmo que as perguntas sobre Titanic se tornem repetitivas, Winslet não demonstra descontentamento. “O que eu realmente acho curioso é que, independentemente do que eu diga sobre Titanic, isso geralmente é o que as pessoas levam. Eu poderia ter abordado outros temas importantes, mas é isso que acaba sendo notado”, comentou a atriz, refletindo sobre a relação duradoura que ela tem com essa obra-prima cinematográfica.

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